Eduardo Bolsonaro tenta poupar Gilmar e Barroso de sanção da Lei Magnitsky

Deputado teria cedido a apelos de correligionários para focar a pressão sobre o STF em Alexandre de Moraes, na tentativa de dar fim a processo de investiga tentativa de golpe de Estado

Paulo Barros

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O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) passou a atuar nos bastidores para que eventuais sanções aplicadas pelos Estados Unidos contra ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) se concentrem inicialmente apenas em Alexandre de Moraes e sua esposa, deixando de fora Gilmar Mendes e Luís Roberto Barroso.

A informação foi publicada pela colunista Bela Megale, de O Globo, nesta quinta-feira (29), e confirmada nesta sexta (30) por Paulo Figueiredo, aliado de Eduardo e apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro, em postagem nas redes sociais.

Segundo a coluna no O Globo, a Casa Branca sinalizou que as sanções financeiras previstas na Lei Magnitsky, que podem incluir bloqueio de contas bancárias e de bens nos EUA, mirariam inicialmente Moraes, Gilmar e Barroso. Com a mudança de postura, a estratégia agora seria isolar Moraes para tentar construir uma trégua com outros ministros do Supremo.

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Eduardo vem pedindo abertamente que os EUA apliquem sanções contra o Brasil, tendo admitido que ficou sabendo do tarifaço do Donald Trump antes do anúncio, e que trabalha para dificultar a tarefa de negociadores brasileiros. Investigação sobre a atuação do parlamentar motivou as medidas cautelares aplicadas por Moraes a seu pai, Jair Bolsonaro.

Eduardo Bolsonaro teria recebido apelos de aliados dentro e fora do PL para adotar esse recuo tático, na expectativa de que um gesto de exclusão de Gilmar e Barroso possa abrir espaço para negociações. Apesar disso, o parlamentar mantém três exigências principais: anistia ampla a Bolsonaro e aliados, afastamento de Moraes do STF e eleições de 2026 com voto impresso, pontos que, segundo magistrados ouvidos pela coluna, não contam com apoio da maioria do tribunal.

Em postagem, Paulo Figueiredo confirmou a articulação e detalhou que o “pleito” é para que os EUA iniciem as sanções financeiras apenas contra Moraes e avaliem a reação dos demais ministros. “Se Gilmar e Barroso tomarem a sábia decisão de entender que isso já foi longe demais e soltarem a mão do tirano, ficaremos felizes em tê-los ao nosso lado. Caso contrário, vamos ter que queimar a floresta inteira para pegar o bandido”, escreveu.

Apesar da movimentação, ministros do STF procurados pelo O Globo rechaçaram qualquer possibilidade de acordo e manifestaram indignação com a atuação de Eduardo Bolsonaro e as ameaças do governo Trump.

Paulo Barros

Jornalista, editor de Hard News no InfoMoney. Escreve principalmente sobre economia e investimentos, além de internacional (correspondente baseado em Lisboa)