Economist: impeachment de Dilma é uma má ideia – apesar de ela ter vendido uma mentira

Para revista, impeachment iria se transformar em uma caça às bruxas que enfraqueceria as instituições e afirma: brasileiros também tem uma importante lição a aprender

Lara Rizério

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SÃO PAULO – “Ela está há menos de três meses como presidente reeleita, mas a maioria dos brasileiros já quer ver Dilma Rousseff pelas costas”. É assim que a edição da The Economist desta semana destaca a baixa popularidade da presidente e a última pesquisa CNT/MDA, que aponta que quase 60% da população apoia o impeachment da presidente. 

Porém, segundo a revista, tirar a presidente do poder, em meio aos problemas como o escândalo de corrupção na Petrobras e a economia frágil, pode não ser uma boa ideia, sendo até mesmo um exagero.

A revista ressalta os números da pesquisa que revelam que, para 68,9% dos consultados, Dilma é a responsável pela corrupção na estatal, além da frustação de muitos eleitores da presidente já que, no ano passado, ela ganhou a eleição presidencial, “ainda que por apenas 3% dos votos, assegurando aos brasileiros que seus padrões de vida, empregos e benefícios sociais estavam ameaçados somente por seus adversários”. 

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“De fato, muitos eleitores agora percebem que Dilma vendeu uma mentira”, diz a publicação. “Foram os erros cometidos em seu primeiro mandato que levaram ao corte de gastos e impostos e à alta de taxas de juros que agora está se impondo (e que lhe valeu até a inimizade de seu próprio partido). Adicione a isso a percepção de que sua campanha à reeleição pode ter sido parcialmente financiada pelo dinheiro roubado da Petrobras e os brasileiros têm todos os motivos para sentir que são as vítimas do equivalente político de um truque de confiança”, afirma.

Mas, para concluir que Dilma deva sair do poder é um exagero emocional, diz a Economist, uma vez que a legislação brasileira considera que os presidentes podem ser acusados por atos criminais para valer o impeachment se eles forem cometidos durante o seu atual mandato.

E a procuradoria não encontrou provas para implicar Dilma no escândalo de corrupção. “E, apesar de muitos políticos brasileiros acharem que a presidente é dogmática ou incompetente, ninguém acredita seriamente que ela promoveu enriquecimento próprio”, o que contrastaria com o ex-presidente Fernando Collor.

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A revista ressalta ainda que o impeachment é tanto um cálculo político quando legal e que, no final, Collor caiu por causa de sua arrogância, um esquema anti-inflação que falhou e seu desdém em relação ao Congresso. “Este precedente explica por que Dilma está ameaçada por seu isolamento político. No entanto, a oposição e os aliados descontentes da presidente não devem tentar fazer com que ela saia do poder, a menos que uma clara evidência de prática criminosa contra ela venha à luz”, afirma.

E conclui, destacando que as instituições do Brasil estão trabalhando para detectar e punir os crimes que foram cometidos, enquanto um impeachment iria se transformar em uma caça às bruxas que enfraqueceria as instituições, politizando-as, afirma a revista.

“Dilma e o PT deveriam assumir a responsabilidade pela confusão que ela fez durante seu primeiro mandato, ao invés de se tornarem mártires do impeachment. Os brasileiros estão pagando por seus erros, também. Mas por ter Dilma no comando, eles são mais propensos a entender que suas velhas políticas são as culpadas, e não as novas. Esta é uma lição importante”.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.