Economist diz que PT coloca Petrobras em perigo e questiona: de quem é mesmo o petróleo?

Política petrolífera do PT - que englobou também política industrial - se mostrou pouco bem sucedida e pressionou a Petrobras, que ainda sofre com as denúncias de corrupção

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Em mais uma edição, a revista britânica The Economist faz críticas ao governo brasileiro e, desta vez, aborda o tema Petrobras (PETR3;PETR4). A publicação ressalta que a companhia estatal que foi fundada em 1953 com o lema “O Petróleo é nosso”, explicando é de que a commodity era algo nacional, e não dos estrangeiros. E este também é o sentimento por trás da política petrolífera dos governos do PT. Mas, hoje, com o grande esquema de corrupção que envolve a Petrobras, a questão passa a ser a que se refere o “nosso” no slogan da estatal. E afirma, o petróleo do Brasil não é dos brasileiros. 

“O PT não gostou da reforma bem-sucedida da Petrobras na década de 1990, que saiu do monopólio de distribuição e de produção e que submeteu-se à disciplina do mercado e de plena concorrência da governança corporativa. Quando a empresa e seus novos parceiros estrangeiros fizeram enormes descobertas de petróleo do fundo do mar em 2007, Luiz Inácio Lula da Silva, então presidente do Brasil, viu a chance de restaurar parcialmente o monopólio da Petrobras. Novas leis de petróleo elaboradas por Dilma Rousseff, que foi ministra chefe da Casa Civil e é sua sucessora, deu à empresa os direitos de exploração a partir de uma participação mínima de 30% nos novos campos”, ressaltou.

Lula e Dilma viram o petróleo como a ponta de lança de uma política industrial que envolveu fomentar setores favorecidos e campeões nacionais. Lula pediu para a Petrobras construir quatro refinarias, sendo três no Nordeste, sob a nova regra de que 85% de equipamentos e suprimentos para a indústria do petróleo seriam produzidos nacionalmente. Uma dúzia de novos estaleiros da costa brasileira foram alimentados com empréstimos do governo baratos. Eles forneceram 74 mil novos postos de trabalho, vangloriou-se Dilma Rousseff durante sua campanha no ano passado para um segundo mandato. “Criamos uma indústria imensa”, afirmou.

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Agora, afirma a publicação, grande parte deste ambiente está em farrapos, com pelo menos R$ 2,1 bilhões em “pagamentos suspeitos” sobre os contratos da Petrobras. Soma-se a isso o impasse com a divulgação do balanço da companhia com baixas contábeis que podem chegar a R$ 88,6 bilhões. O impacto também acontecerá por conta do subsídio aos preços dos combustíveis. E, em meio a esse cenário, os acionistas minoritários da Petrobras viram os seus papéis caírem 80% desde 2008.

“Mas as ramificações do escândalo podem ir muito mais longe. Dezenas de gestores das maiores empresas de construção do Brasil, que eram contratados da Petrobras e dos operadores dos estaleiros, estão na cadeia. Os bancos estão relutantes em emprestar a essas empresas até que o seu futuro seja mais claro. Um aperto de liquidez está sendo sentido ao longo da cadeia de abastecimento. A Sete Brasil, empresa constituída pela Petrobras e banqueiros para construir e alugar 28 sondas de perfuração, ficou sem dinheiro”, ressalta a publicações.

SAIU CARO
“A política industrial do PT foi bastante cara para o Brasil”, afirmou, destacando a proteção à competição; além disso, o maior programa de investimentos de empresas do mundo se provou como um convite aberto para roubar. “A fixação pelo conteúdo nacional era tão alto que gerou atraso e custo extra. O PT tem colocado a Petrobras em sério risco em meio aos prejuízos causados pela corrupção. E, além disso, a queda no preço do petróleo contribui para problemas da empresa”, afirma.

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“O que o Brasil precisa agora é de uma política que irá alinhar Petrobras com o interesse nacional, e não a de seus administradores e do partido no poder. Isso significa diminuir o tamanho da empresa e aumentar a sua exposição à concorrência. E isso significa usar o dinheiro do petróleo para melhorar as competências, além de infraestrutura para que os fornecedores sejam encorajados para investir no País”. 

E a The Economist lembra que, no discurso de posse de seu segundo mandato em 1º de janeiro, Dilma se comprometeu a defender a Petrobras contra “inimigos externos” e insistiu em suas políticas assegurando ao povo o controle sobre a riqueza do petróleo.”Os brasileiros comuns agora saber exatamente quem ‘nossa gente’ são- e não são eles”, afirmou a publicação. 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.