Economist chama propaganda eleitoral no Brasil de novela e questiona: fará diferença?

Segundo a revista, há controvérsias sobre os benefícios de um maior tempo na TV: as últimas propagandas mostraram apenas manutenção dos votos dos candidatos

Lara Rizério

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SÃO PAULO – O início da propaganda eleitoral no Brasil, em 19 de agosto, já está sendo analisada pelos mercados e pela mídia internacional. Em matéria desta semana, a The Economist fez uma análise de como a propaganda eleitoral – que terá a presidente Dilma Rousseff (PT) com o maior  tempo de TV -, poderá mudar o rumo do pleito que será decidido em outubro. 

A reportagem ressalta que os brasileiros adoram televisão, que as famílias se reúnem para vê-la, com mais de dois terços assistindo programas televisivos todos os dias. “Aos olhos do Estado, a televisão é uma ferramenta muito potente”, afirma a revista, em matéria chamada “A telenovela bem roteirizada”, em referência ao tempo eleitoral. 

“No dia 4 de agosto, o jornal da noite na TV Globo, dominante do Brasil, começou a mostrar relatórios diários acompanhando a trilha da campanha presidencial, mas apenas de acordo com um cronograma elaborado. Em nome da justiça e cumprimento de regras rígidas que datam de 1997, Dilma Rousseff e seus dois principais rivais têm um minuto cada um para a cobertura da campanha diária”, ressalta.

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Além disso, para garantir a igualdade de condições, a lei também impede os candidatos de comprarem espaços na televisão com o próprio dinheiro. Assim, a partir de 19 de agosto até as eleições do dia 5 de outubro, haverá horário eleitoral três vezes por semana em dois blocos de 25 minutos. E esses anúncios, ressalta a revista, em conjunto com outras semelhantes para corridas locais e para o Congresso, vão custar aos contribuintes cerca de R$ 840 milhões.

A The Economist ressalta que o tempo de TV é visto como muito importante para os candidatos, e que suscitou até mudanças dentro do governo Dilma para garantir o espaço, já que o tempo é dividido utilizando uma fórmula complicada que é em grande parte baseado no tamanho das alianças eleitorais. 

Um em cada quatro eleitores se baseia nas propagandas para se informar sobre os candidatos e os studos têm mostrado uma correlação entre a quantidade de tempo de televisão dos candidatos e o sucesso em eleições locais e parlamentares. 

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Porém, há controvérsias sobre os benefícios de um maior tempo na TV, afirma a revista. Isso porque a última propaganda que foi determinante foi a de 1989, “quando o ‘telegênico’ Fernando Collor enganou os eleitores com truques e computação gráfica”, segundo observa David Fleischer, da Universidade de Brasília. Desde então, ele destaca, os comerciais têm no máximo sustentado as trajetórias dos candidatos, em vez de mudá-las.

E para a revista britânica, isso pode ser suficiente para Aécio Neves, dada a tendência de alta dele e de queda de Dilma nas últimas pesquisas. Os levantamentos recentes, aponta, mostrou pela primeira vez Dilma e Aécio num empate técnico no segundo turno. 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.