E se Lula puder concorrer em 2018? O risco ao mercado será grande – mas a questão não é se ele ganhará

Em relatório, a consultoria de risco político Eurasia Group reiterou que a grande questão é se haverá um candidato reformista competitivo e não se o petista ganhará ou não

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Com a data marcada para julgamento do caso triplex em segunda instância em 24 de janeiro de 2018, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve ser impedido de concorrer nas eleições de 2018, segundo aponta a consultoria Eurasia Group, em linha com a avaliação de muitas casas de análise. 

Para os analistas políticos da consultoria, há uma chance entre 30% e 40% de Lula ser candidato à presidência e apontou duas razões para seguirem com esse call em que enxerga um viés mais provável para a não-candidatura do ex-presidente. 

Em primeiro lugar, o  processo judicial deverá se mover relativamente rápido, pois haverá enorme pressão pública por uma decisão final e por não deixar a decisão em suspenso durante a campanha. O segundo ponto é que, na opinião dos analistas da Eurasia, o STF (Supremo Tribunal Federal) vetará a candidatura de Lula. Para eles, o custo político que a manutenção da candidatura teria para a corte não deve ser subestimado.

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Conforme aponta a consultoria, o veredito do STF será visto por muitos como “um veredito sobre a independência do Judiciário e se a operação Lava Jato está realmente ’firme’”. Além disso, embora Lula esteja liderando pesquisas de opinião, ele também possui uma alta taxa de rejeição em um país profundamente desencantado com a política. 

Além disso, os analistas da Eurasia apontam que a “Lei da Ficha Limpa” aprovada em 2010 é bastante clara. “A intenção do projeto de lei era desqualificar candidatos que foram condenados por ações judiciais e perderam o recurso. Se o STJ ou o STF mantiverem a candidatura de Lula, eles estariam ignorando essa intenção e matando a sua eficácia. Isso não será ignorado pelos juízes no tribunal. Todo o histórico significa que a pressão será grande para o STF manter qualquer decisão da segunda instância”, avaliam os analistas. 

Mas se todos estiverem errados?

Contudo, em relatório, eles também apontam que podem estar errados. Dentre as hipóteses, o Tribunal poderia reverter a sentença de Lula em janeiro, deixando-o elegível para concorrer sem a necessidade de recorrer a uma batalha legal prolongada. Ou Lula poderia receber uma decisão favorável do STJ ou, eventualmente, do STF. 

“Seguiremos de perto todos os sinais dos tribunais superiores que mostram as divisões, por exemplo, de uma votação dividida sobre se Lula deve permanecer elegível para concorrer ou não. Mas até agora não vimos sinais tão claros”. afirmam os analistas. 

Eles ainda reiteram que, mesmo se Lula concorrer, a grande questão não será sobre se o petista ganhará ou não (a Eurasia acredita que não), “mas se haverá um candidato reformista competitivo em um ambiente de enorme ira de eleitores contra a classe política”. 

Para a Eurasia, as altas taxas de rejeição de Lula tornam improvável que ele ganhe, mas sua presença na urna deve garantir a ele uma posição em um segundo turno. Isso levanta a barra para que os outros candidatos passem do primeiro turno, dada a sólida base de eleitores de Lula. “Em tal cenário, há uma maior probabilidade dos candidatos dito reformistas não passarem para o segundo turno”, apontam. 

Finalmente, eles apontam acreditar que a decisão do Tribunal não leve a nenhuma mudança sobre a reforma da previdência (que agora ficou para fevereiro). “A razão pela qual tantos deputados ainda estão relutantes em apoiar a reforma da previdência está principalmente relacionada ao fato de que ela continua a ser impopular com os eleitores. A eventual confirmação da condenação de Lula não mudaria isso de forma alguma”, concluem. 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.