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SÃO PAULO – O discurso de Dilma Rousseff no último domingo (8) – que causou polêmica e panelaço em diversas capitais do Brasil – também ganhou destaque no noticiário internacional.
A revista britânica The Economist ressaltou que Dilma usou o seu pronunciamento destinado ao Dia Internacional da Mulher para justificar a necessidade de apertar os cintos, de forma a evitar um rebaixamento de rating da dívida soberana e reavivar uma economia debilitada. E, ressaltou a publicação, em um eco da campanha eleitoral do ano passado, ela culpou os problemas econômicos do país diretamente sobre a crise financeira global (e uma seca recorde em 2014).
“Como na eleição, Dilma esqueceu de mencionar que a maioria dos outros grandes mercados emergentes, e muitos vizinhos latino-americanos, tem desempenho bem melhor do que o Brasil. Mas muitos brasileiros, de qualquer modo, não escutaram. Assim que a presidente apareceu no ar, várias grandes cidades reverberaram o barulho de panelas. Numa demonstração sem precedentes de desafeto com o seu governo, milhares tomaram as janelas e varandas com utensílios de cozinha. Em alguns apartamentos em São Paulo, mal conseguia distinguir o que o presidente estava dizendo por conta do barulho, que se estendeu por todos os 15 minutos de discurso da presidente”.
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Porém, diz a revista, mais preocupante do que os “revoltosos da panela”, é a “bomba-relógio” deflagrada no fim da última semana, ao citar a lista de políticos que serão investigados por conta da Operação Lava Jato, que apura o esquema de corrupção na Petrobras. A revista destaca que será a maior investigação sobre caso de corrupção na história brasileira, com o relator do caso, o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Teori Zavascki abrindo 23 inquéritos para investigar 49 indivíduos, entre eles 22 deputados federais e 12 senadores.
E o “petrolão” pode ser ainda mais prejudicial, uma vez que Dilma não está sendo investigada, mas alguns dos 49 suspeitos de ter laços com a coalizão governista, liderada pelo PT, sim. Mas ressalta que a oposição não escapa ilesa: o senador mineiro Antonio Anastasia, do PSDB, e braço-direito do ex-presidenciável Aécio Neves “também está na mira de Janot”.
E, como esperado, estão os presidentes da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que partiram para o ataque. Conforme ressalta a The Economist, os dois políticos reagiram desta forma também para destacar a animosidade que tem em relação à Dilma, uma vez que o PMDB se sente marginalizado na tomada de decisão presidencial.
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E, enquanto a polícia investigar mais, mais nomes devem aparecer. E o clima de conflito no Congresso deve aumentar também, dificultando aprovação de projetos.
“As reformas, no entanto, estão se tornando mais urgentes a cada dia”, afirma a revista. No quadro econômico nacional, o real se desvalorizou em meio à incerteza política em torno da “lista Janot”, enquanto a inflação atingiu 7,7% em fevereiro, a maior em uma década. Ao mesmo tempo, o banco central elevou as taxas de juros na semana passada, para 12,75%. O desemprego está aumentando, embora a partir de uma baixa recorde de menos de 5%. “É melhor Dilma Rousseff se acostumar com o som do tilintar dos talheres”, conclui a revista.
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