E-mails anexados aos autos da Lava Jato reforçam ligação entre Lula e Odebrecht

As mensagens tratam de negócios da empreiteira na Argentina, Bolívia e Peru, revela o jornal O Estado de S. Paulo; procurada pelo jornal, a Odebrecht afirmou que as mensagens estão fora de contexto

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Anexados aos autos da Operação Lava Jato, e-mails trocados entre o então presidente da Odebrecht (que se afastou do cargo em dezembro), Marcelo Odebrecht, e executivos do grupo mostram que ele usava a proximidade com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ex-diretores da Petrobras para conseguir contratos no exterior. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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As mensagens tratam de negócios da empreiteira na Argentina, Bolívia e Peru, revela o jornal. A reportagem destaca que em uma das trocas de e-mail, Marcelo Odebrecht conversa com os executivos do grupo Carlos Brenner, Roberto Prisco Ramos, Márcio Faria e Rogério Araújo sobre negócios da Braskem (petroquímica da empresa em sociedade com a Petrobras) no Peru e uma visita de Lula. A PF ressalta que o documento indica a tentativa da empreiteira de usar a influência do ex-presidente para fechar o negócio. 

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“Vi no jornal que o Lula estará em Lima em 5/3 para encontrar-se com Alan García (ex-presidente peruano). O foco é a discussão de relações bilaterais. Já pensou se conseguirmos incluir na agenda a assinatura do MoU???”, escreveu Brenner para Roberto Ramos em 25 de janeiro de 2008. O negócio, o MoU (Memorando de Entendimentos), era um acordo para a instalação de um polo petroquímico no Peru que envolvia a parceria entre Petrobrás e Petroperu. 

Ramos enviou o e-mail para Araújo: “só para sua informação. O ideal era voltar ao assunto depois do carnaval e ver se conseguimos combinar com nosso amigo Nestor (Cerveró) estar em condições de assinar o protocolo durante a visita de Lula!” No mesmo dia, Araújo repassou o e-mail de Ramos chamado “Lula no Peru” a Cerveró – preso pela Lava Jato e delator – com a mensagem: “O que você acha desta estratégia?”

Procurada pelo jornal, a Odebrecht afirmou que as mensagens estão fora de contexto e que mantém “relações institucionais transparentes” com presidentes “de forma condizente com a importância do cargo em benefício de interesses nacionais”. A Odebrecht diz lamentar “que se repita o expediente de vazamento de mensagens descontextualizadas de ex-executivos da empresa” e afirma que elas “expressam fatos absolutamente normais”, como o fornecimento de subsídios para viagens a países onde empresas mantêm operações. 

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A Braskem afirma que um acordo para a instalação de um polo petroquímico no Peru “já estava em gestação desde antes da visita do ex-presidente Lula ao país”. Já o Instituto Lula não respondeu; o ex-presidente já havia negado “tráfico de influência” em favor da Odebrecht e afirmou que “presidentes e ex-presidentes do mundo inteiro defendem as empresas de seus países no exterior”.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.