Doria teve em SP 1,3 milhão de votos a mais que Alckmin no Brasil todo; o que aconteceu?

Com posturas e estratégias opostas, os dois tucanos tiveram desempenhos muito diferentes

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Um dos grandes derrotados na eleição de 2018 foi o PSDB, que viu seu número de cadeiras cair drasticamente na Câmara dos Deputados, enquanto Geraldo Alckmin teve um resultado muito fraco e ficou apenas na quarta colocação na corrida presidencial. Por outro lado, em São Paulo, João Doria conseguiu um dos melhores resultados tucanos no país.

O ex-prefeito teve 6.431.555 votos no estado, 1.335.278 a mais do que conseguiu Alckmin em todo o Brasil, que registrou 5.096.277 votos. Apesar de serem do mesmo partido, a estratégia de campanha – e até de perfil – de cada um deles é um bom indicativo do motivo para este desempenho tão superior de Doria.

De um lado, o ex-governador de São Paulo trabalhou toda a sua campanha como o candidato de centro, que evitaria os extremos dos líderes das pesquisas Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT). Porém, o que se viu antes do primeiro turno foi o oposto, com os eleitores atraídos exatamente pelos candidatos que mostravam propostas mais extremistas.

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Do outro, Doria, que sempre teve um discurso mais inflamado, principalmente contra o PT, manteve em sua campanha uma postura mais de ataque, evitando seguir o que Alckmin fazia. Na reta final, o ex-prefeito se distanciou ainda mais de seu partido, buscando inclusive votos com eleitores de Bolsonaro, mesmo sem declarar apoio formal ao candidato do PSL.

Esse diferença entre os dois foi reforçada faltando apenas três dias para o primeiro turno, quando Doria cancelou um encontro que teria com Alckmin na capital paulista para fazer campanha no interior, buscando os votos bolsonaristas.

Doria percebeu neste eleitorado a força para conseguir se eleger, tanto que seu primeiro ato após a confirmação da disputa contra Marcio França no segundo turno foi apoiar Bolsonaro. “Sendo bastante claro, não sou presidente do partido, sou João Doria, e, como João Doria, apresento meu apoio a Jair Bolsonaro contra o PT. Posições que possam ser extremadas e inadequadas não terão nosso apoio”, disse em coletiva na noite de domingo.

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Em diversos estados, o apoio a Bolsonaro foi decisivo para a eleição de alguns nomes. Um dos casos que mais chamou atenção foi o de Romeu Zema (Novo), que conseguiu uma arrancada surpreendente na reta final para o governo de Minas Gerais, terminando em primeiro, com 42,73% dos votos, na frente de Antonio Anastasia (PSDB), que teve 29,06%. O candidato do PSL também ajudou na eleição de alguns dos deputados mais bem votados em São Paulo, como Janaína Paschoal e seu filho Eduardo.

Apesar desta tendência positiva para Doria, o cientista político Paulo Moura, especialista em comunicação política, afirma o PSDB deve viver um dilema agora, uma vez que a sobrevivência em São Paulo depende de um nome que não alimenta consensos – e cuja estratégia de aproximação com Bolsonaro deve ser alvo de contestações e contradições no ninho tucano.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.