Doria segue mais competitivo do que Alckmin, diz Eurasia – mas revés no Datafolha terá consequências

De acordo com a consultoria de risco político, pesquisa que mostrou queda da aprovação do prefeito aumenta probabilidade do prefeito de São Paulo sair do PSDB para concorrer à presidência

Lara Rizério

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SÃO PAULO – A pesquisa Datafolha do último sábado (7)  mostrou uma queda da aprovação do prefeito de São Paulo, João Doria, de 41% para 32%. Mais do que uma simples pesquisa sobre a avaliação municipal, ela tem implicações em âmbito nacional, já que o prefeito paulistano disputa, mesmo que ainda não abertamente, a indicação do PSDB à presidência com o seu padrinho político, Geraldo Alckmin. Aliás, mais um dado que mostra um obstáculo para Doria é de que 45% veem Alckmin como o melhor nome para a presidência, ante 31% que preferem o prefeito. 

Porém, para a consultoria de risco político Eurasia Group, a queda de Doria na avaliação paulista diz muito pouco sobre a competitividade dele em uma eleição nacional. Como já destacado anteriormente pelos analistas da consultoria, entre os dois tucanos, Doria é mais competitivo do que Alckmin na avaliação da consultoria.

“Estamos constantemente vendo um forte sentimento anti-establishment político – e Alckmin é o candidato establishment por excelência”, apontam os analistas da consultoria. Além disso, o índice de rejeição a Doria é menor do que o de Alckmin e, o fato de ter os mesmos índices de intenção de votação, apesar de ser menos conhecido a nível nacional, também sugere que o prefeito tem maior potencial para crescer. “Mais importante ainda, seu perfil se encaixa mais com o perfil do que o eleitor deseja que estamos vendo atualmente”, diz a Eurasia.

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Porém, claramente as pesquisas não satisfatórias possuem implicações políticas, devendo afetar principalmente a disputa de forças para saber quem é o candidato pelo PSDB. De acordo com a análise, Alckmin claramente tem uma vantagem no processo de nomeação presidencial dentro da legenda. Ele é mais experiente, tem quadros fiéis a ele no partido e, como o presidente do partido, Tasso Jereissati, disse publicamente, é “o primeiro da fila”.

Além disso, a reação no partido às aspirações presidenciais de Doria também ficou clara neste fim de semana com a troca de farpas com o ex-governador de São Paulo, Alberto Goldman. O tucano afirmou na última sexta-feira que se “passaram nove meses e o prefeito ainda não nasceu”, sendo que “a única coisa que nasceu é um candidato presidencial “. Ou seja, Alckmin aparece como nome mais forte para disputar a indicação pela legenda. 

De acordo com a Eurasia, provavelmente, Doria está bem ciente de tal avaliação. Então, se o PSDB escolher Alckmin como candidato, o prefeito paulistano deve deixar o partido e concorrer por outra legenda – provavelmente pelo DEM. “Neste caso, Doria não iniciaria a disputa com o mesmo impulso caso fosse escolhido pelo PSDB. Ele pagaria um preço relativo maior em sua cidade natal e também ‘virar as costas’ a seu padrinho político não é algo fácil de se fazer. Mas ele ainda pode ser muito competitivo na disputa. Assim, a recente pesquisa do Datafolha apenas reforça as chances de Doria sair do PSDB”, afirmam. 

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Com Doria provavelmente concorrendo em 2018 por um partido diferente, as chances de uma eleição fragmentada no próximo ano continuam a crescer, diz a Eurasia.  Em termos gerais, isso provavelmente sugere que os agentes do mercado estão subestimando o risco inerente à corrida de 2018. A consultoria espera que um candidato centrista e reformista se destaque, mas “muito dependerá da oferta de candidatos que defendam reformas e possam surfar nos níveis de rejeição dos eleitores ao  establishment”. 

Mas afinal, por que a queda na aprovação?

A Eurasia ainda aponta os motivos para a queda da aprovação de Doria. Segundo os analistas, é certamente tentador atribuir a maior parte dessa baixa à decisão do prefeito de viajar pelo Brasil, de forma a pavimentar alianças e se tornar mais conhecido nacionalmente. 

Essa estratégia parece ter dado parcialmente errado, diz a Eurasia, ao apontar que 50% dos entrevistados disseram que Doria já viajou mais do que deveria, enquanto 77% veem benefício pessoal do tucano nas viagens, contra 14% que pensam o contrário. Mais de 58% preferem vê-lo permanecer como prefeito ao invés de ser candidato a presidente (55%). “Parece que Doria está pagando um pouco o preço por decidir se lançar informalmente à presidência”.

Contudo, aponta a Eurasia, seria um erro atribuir a queda da aprovação principalmente por causa de uma reação às suas viagens. A maior parte da desparovação provavelmente é impulsionada pela taxa de queda de apoio para qualquer prefeito de São Paulo. “Na verdade, era totalmente esperado”, avalia a consultoria. 

De acordo com os analistas políticos, com exceção de José Serra (2005-2006), todos os prefeitos eleitos desde a década de 1980 tiveram índices de aprovação nos primeiros seis a nove meses até inferiores ao de João Doria. “Os motivos provavelmente são oriundos das dificuldades de gerenciar a maior metrópole do país. E desta vez não ajuda que Doria esteja herdando uma administração com pouco ou nenhum espaço para investir devido às dificuldades fiscais da cidade. O clima atual de raiva contra o establishment político também pode desempenhar um papel nessa pesquisa, mesmo que Doria não tenha o perfil do político tradicional”, avalia a consultoria. 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.