Do “Homem-bomba” de Temer ao pedido de prisão de Lula: o resumo político do fim de semana

Tivemos também a eleição de Gleisi Hoffmann como presidente do PT e denúncias contra Aécio Neves

Rafael Souza Ribeiro

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SÃO PAULO – Como de praxe, o cenário político foi bastante agitado entre sexta-feira (2) à noite e domingo (4). A prisão de Rodrigo Rocha Loures caiu como uma “bomba” no governo, já que uma delação do ex-assessor de Temer pode pressionar ainda mais o governo um dia antes do julgamento da chapa Dilma-Temer. Destaque também para o pedido de prisão de Lula e a decisão de Guido Mantega em delatar. Isso tudo e muito mais no radar político desta segunda-feira (5).

“Homem-bomba” do governo

Na manhã de sábado (3), a PF (Polícia Federal) prendeu o ex-deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), que está sendo considerado o verdadeiro “homem-bomba” do governo, já que foi o homem de “total confiança” de Michel Temer, segundo o próprio Rodrigo Janot, procurador-geral da República. A preocupação do governo é justificada, já que essa “bomba” caiu um dia antes do julgamento no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) sobre a cassação da chapa Dilma-Temer.

Segundo informações que rondam Brasília, os integrantes do governo temem por um delação de Loures e um novo inquérito contra o atual presidente, além do desgaste político justamente no momento em que está negociando com a base maior apoio, em especial com o PSDB. Os parlamentares mais jovens da sigla querem o rompimento do partido com o governo, mas, os ministros do PSDB garantiram apoio em reunião domingo (4) com Temer, segundo informações do jornal O Estado de S. Paulo.

Loures será transferido de uma cela da sede da Superintendência da Polícia Federal nesta segunda-feira (5) para a ala federal do presídio da Papuda. Pelo cronograma, o ex-assessor de Temer deveria prestar depoimento durante a tarde, mas, segundo seu advogado, isso só deve ocorrer na tarde de quarta-feira, de acordo com o jornal O Globo.

Apesar da delação batendo em sua porta, Temer segue firme em seu posto. O presidente negou que tenha medo de uma eventual delação do seu ex-assessor especial, assim como foi categórico em sua posição ao presidente do Senado, Eunício Oliveira, segundo o jornal O Globo: “Fique tranquilo, não vou renunciar, não vou sair…vou recorrer até o fim. Se quiserem que eu saia, têm que me matar”.

Pedido de prisão de Lula

Outro fato que agitou o final de semana foi a repercussão do pedido de prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva emitido pelo MPF (Ministério Público Federal) de Curitiba. Em petição enviada à Justiça, a força-tarefa da Operação Lava-Jato pediu uma “firme punição” para Lula. Para os procuradores, estamos diante de “um dos maiores casos de corrupção já revelados no País”.

Em resposta, no sábado (3), o ex-presidente afirmou que não existem provas contra ele e reclamou das “meninices” dos procuradores da Lava-Jato, como também criticou Janot — “fiquei sabendo que o Ministério Público pediu minha prisão, minha condenação, não sei o porquê. Em qualquer lugar do mundo, para você ser condenado e até indiciado, tem que ter prova. Aqui no Brasil, se não tem prova tem que prender mesmo, porque não precisa mais de prova. Eu tenho uma história neste país”, afirmou Lula.

Moro ouve Emílio Odebrecht

Ainda falando sobre o ex-presidente, o juiz Sérgio Moro deve coletar nesta segunda-feira o depoimento do empresário Emílio Odebrecht sobre o processo que acusa Lula de receber propina da empreiteira. Além dele, serão ouvidos o ex-deputado do PP (Partido Progressista), Pedro Corrêa, além do ex-diretor da Odebrecht, Alexandrino de Alencar.

Aécio na mira da PGR

Além de Lula, a PGR (Procuradoria-Geral da República) apresentou denúncia contra o senador afastado, Aécio Neves, com base nas delações de executivos da JBS por corrupção passiva e obstrução de justiça. Janot, relator do processo, pede a perda da função pública do tucano. A missão de julgar Aécio ficará com o novo presidente do Conselho de Ética do Senado, que deve ser eleito na próxima terça-feira (6).

Delação de Mantega

Outra notícia que movimentou o final de semana foi de que o ex-ministro da Fazenda, Guido Mantega, irá fazer uma delação premiada. Segundo matéria da Época, Mantega tem informações que incriminam Dilma Rousseff e dezenas de campanhas petistas. De acordo com a revista, as delações de Palocci e da JBS motivaram o ex-ministro do governo Dilma. Mantega já enviou sua oferta inicial aos procuradores e está fechando o advogado que lhe irá apoiar na delação.

Delação pronta para sair

Por falar no ex-ministro da Fazenda e da Casa Civil nos governos Lula e Dilma, a delação de Palocci já tem 12 anexos e neles constam documentos, comprovações de reuniões e nomes de pessoas com as quais se relacionou ao longo do período em que foi ministro, como também conversas para arrecadação de recursos para a reeleição de Lula em 2006 e na primeira vitória de Dilma, em 2010, quando foi o coordenador-geral da campanha, de acordo com o jornal Correio Braziliense.

Gleisi Hoffmann é eleita

Sob protesto com o presidente Michel Temer e contra a agenda de reforma, os partidário do PT elegeram no sábado a senadora Gleisi Hoffmann como a nova presidente da sigla, que afirmou que irá lutar para fortalecer o partido, que sofreu muito por acusações. Ainda em seu discurso, a recém eleita minimizou o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) na quinta-feira, ao afirmar que “não significa absolutamente nada” e classificou como “voo de galinha” — “Não temos consumo interno, crédito, investimento. Não temos nada”, finalizou.

Protestos

E para finalizar, tivemos mais um final de semana marcado por protestos. Manifestantes, militâncias de partidos como PT, PCO e PDT, além de artistas, se reuniram no largo da Batata, zona oeste de São Paulo, em protesto no domingo pedindo a saída de Temer e realização de eleições diretas. Os organizadores disseram ter reunido 100 mil pessoas no local, mas a Guarda Civil Metropolitana contabilizou 10 mil pessoas.

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