Do boom à ferrugem: atraso para Copa demonstra fraqueza do capitalismo no Brasil, diz NYT

Reportagem destacou que a desaceleração da economica é um dos pontos responsáveis pelo abandono de importantes obras e lembrou da redução do apoio à Dilma e o rebaixamento da nota do Brasil pela S&P

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Há pouco menos de dois meses para o início da Copa do Mundo de 2014, os holofotes da imprensa internacional se voltam para o Brasil. E, em meio ao cenário de atrasos das obras, o cenário desenhado nem sempre é positivo, como é o caso da matéria do New York Times publicada no último domingo (13). 

A reportagem mereceu um grande espaço no jornal e destaca que os atrasos e os altos custos nas obras da Copa são somente a ponta mais visível dos problemas dos problemas de infraestrutura enfrentados pelo Brasil. Esta situação, aponta, demonstra a fraqueza do capitalismo de Estado no Brasil. 

A desaceleração da economia é apontada como um dos pontos responsáveis pelo atraso ou abandono de importantes obras. Dentre elas, a Ferrovia Transnordestina, que compõem o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) – que foi um dos grandes catalisadores políticos para Dilma Rousseff em sua eleição à presidência – parques eólicos sem conexão com linhas de transmissão, além de um parque abandonado em Natal (RN) e o hotel Glória, no Rio de Janeiro, que teve financiamento do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social). 

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“Os fiascos estão se multiplicando, revelando uma desordem que é infelizmente sistêmica. Estamos despertando para a realidade que imensos recursos foram desperdiçados em projetos extravagantes enquanto nossas escolas públicas ainda são uma bagunça”, disse ao jornal Gil Castello Branco, diretor da ONG Contas Abertas. Já o professor do Insper, Sérgio Lazzarini, destacou que “muitas obras nunca mereceram dinheiro público”, destacando ainda que o próprio governo cria os riscos em projetos que o próprio deveria evitar. 

Dentre elas, está a ferrovia Transnordestina, um dos casos que é mostrado para destacar o aumento do custo de produção. O projeto, quando foi lançado, tinha um custo estimado de US$ 1,8 bilhão. Atualmente, o custo estimado é de R$ 3,2 bilhões.

As obras de infraestrutura, lembra o jornal, tiveram início do governo do antecessor de Dilma, Luiz Inácio Lula da Silva, que admitiu os atrasos nos projetos, mas fez uma ponderação, ressaltando que o Brasil ficou décadas sem realizar investimentos, o que exigiu muitas vezes que se partisse do zero. Contudo, o texto ressalta que muitos críticos acreditam que a incapacidade de concluir grandes projetos revela a fraqueza do modelo de capitalismo de Estado no Brasil. 

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Além disso, o New York Times também destaca o atual momento econômico e político do Brasil, com a redução da nota de crédito soberana do País pela agência de classificação de risco Standard & Poor’s, no final de março deste ano, e as pesquisas de opinião mostrando uma queda da aprovação do governo de Dilma Rousseff pela população em pleno ano de eleições. Em meio a esse cenário, o jornal também destaca as dificuldades enfrentadas por Dilma para manter o apoio da base aliada. 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.