Do bombardeio a Lula à flechada no pé de Janot: a análise política da semana

O programa Conexão Brasília é transmitido às sextas-feiras, a partir das 15h; assista

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – A coletiva de imprensa convocada às pressas pelo procurador-geral Rodrigo Janot para anunciar a revisão do acordo de delação premiada firmado com executivos do grupo J&F já sinalizava uma semana de grandes reviravoltas no noticiário político. Enquanto o presidente Michel Temer voltava de uma visita oficial à China e da reunião de cúpula dos Brics — agenda completamente ofuscada pelos acontecimentos domésticos –, o país ouvia novos áudios entregues por Joesley Batista e seus colegas à Procuradoria-Geral da República, que lançavam suspeitas sobre o papel exercido pelo ex-procurador Marcelo Miller (que “trocou de time” no meio do jogo) durante as negociações do acordo e a possível manutenção da validade das provas obtidas. O instituto da delação premiada sofria um de seus maiores baques desde o começo da operação Lava Jato — e Janot vivia um de seus piores momentos no comando da PGR. Como se não bastassem tais acontecimentos, caixas e malas cheias de dinheiro — no total, R$ 51 milhões — foram encontradas em apartamento ligado ao ex-ministro Geddel Vieira Lima. Ele foi preso preventivamente nesta sexta-feira (8). 

Dando continuidade às suas últimas flechadas, o procurador-geral Janot fechou o cerco contra o PT, em uma denúncia contra diversos membros do partido e outra mais restrita aos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, além do ex-ministro Aloizio Mercadante. Do ponto de vista político, a medida teve efeitos limitados, muito por conta do contexto em que foi apresentada, de suspeição sobre um dos principais acordos de delação premiada firmados. No entanto, o golpe mais duro sentido pelos petistas foi o depoimento do ex-ministro Antonio Palocci ao juiz federal Sergio Moro. Tido anteriormente como homem de confiança de Lula, ele hoje negocia acordo de delação premiada com o Ministério Público — e já deu sinais do estrago que pode causar. Segundo Palocci, o ex-presidente firmou um “pacto de sangue” com Emilio Odebrecht, que consistia em um “pacote de propina”, com doação de terreno para o Instituto Lula, um sítio para uso da família do petista, além de R$ 300 milhões disponibilizados.

Para comentar os desdobramentos de uma semana repleta de acontecimentos políticos, o programa Conexão Brasília desta sexta-feira recebeu, o analista político Paulo Gama, da XP Investimentos, e o professor Pedro Costa Júnior, do curso de Relações Internacionais das Faculdades Integradas Rio Branco. Assista à íntegra:

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.