Dívida húngara: sejam verdade ou jogo político, declarações derrubam bolsa

Temores com relação à Hungria derrubam mercado local, mas geram suspeita sobre objetivo das alegações

Luis Madaleno

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SÃO PAULO – Quando a preocupação dos mercados face à frágil situação fiscal europeia parecia estar se dissipando, eis que surge um novo protagonista para fazer com que os receios voltassem à tona no Velho Continente: a Hungria.

Início da turbulência
Na última quinta-feira (3) o país voltou ao noticiário após declarações do Secretário de Estados, Mihaly Varga, de que o déficit orçamentário pode atingir entre 7% e 7,5% do PIB (Produto Interno Bruto) neste ano.

Além do secretário, Lajos Kosa, líder do partido Fidesz (que atualmente ocupa o governo da Hungria), comparou a situação do país com a da Grécia. De acordo com a mídia local, ele teria afirmado que as condições fiscais estão piores do que o imaginado e há apenas uma pequena chance de evitar um cenário como o grego.

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Declarações “exageradas”
No entanto, o movimento dramático exibido pelas autoridades húngaras parece ter mudado seu foco ao longo do final de semana. Budapeste alterou completamente aquilo que dissera: afinal, a economia é sólida e as afirmações dos dias anteriores foram “exageradas”.

No último sábado, o próprio Varga manifestou diante da imprensa local que “a situação está estaiblizada” e acrescentou que os comentários de vários políticos de seu partido sobre a possível quebra da Hungria, foram “exagerados” e “infelizes”.

Polêmica: movimento político?
A dúvida que fica após a mudança na postura do governo húngaro é se as alegações foram legítimas ou se possuíam fins eleitorais. Isso porque, ao se eleger, o novo primeiro-ministro, Viktor Orban, prometeu afrouxar a política fiscal do país, promessa que, dado o atual quadro húngaro, não será facilmente posta em prática.

“A questão fundamental na nossa opinião é se os comentários de Kosa são destinados apenas a estimular o eleitorado húngaro a aceitar os planos do Fidesz de renegar sua promessas eleitorais de afrouxar a política fiscal, ou se são apenas um político sendo honesto”, questionam os analistas do Danske Bank, em nota.

“De maneira geral, o fluxo de notícias húngaro é bastante preocupante e mesmo que a retórica negativa seja ‘apenas política’, nós alertamos que mais notícias ruins podem aparecer. A comparação com a Grécia pode ser exagerada, mas dificilmente podemos dizer que as finanças públicas estão em boa forma na Hungria”, respondem.

Bolsa despenca
Verídicas ou não, o fato é que os temores trazidos com os discurso derrubaram a bolsa local. 
O BUX (índice de referência da bolsa de Budapeste) chegou a registrar queda de 5,1% após sua abertura nesta segunda-feira (7), mas há pouco o benchmark conteu as perdas e exibia recuo de 2,6%

Programa deve sair nesta segunda
O novo governo da Hungria deve divulgar ainda nesta segunda um programa que tem por objetivo evitar o agravamento dos problemas no déficit público do país. A previsão foi feita ontem por Peter Szijjarto, porta-voz do primeiro-ministro. O programa prevê redução da burocracia, aceleração econômica e reforma tributária.

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