Dívida crescente e piora de fundamentos: os EUA terão seu rating rebaixado?

Maior economia do mundo amplia necessidade de financiar sua dívida no mesmo ritmo que reduz sua atratividade ao investidor

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SÃO PAULO – Em março do ano passado, o rating soberano de dívida do Brasil foi elevado à categoria de grau de investimento. O País havia mostrado maior solidez em diversos indicadores macroeconômicos. Basicamente, a elevação do rating servia como um certificado de maior segurança em se investir nos títulos do Brasil.

Em questão de segurança, não há nada no mercado como os Treasuries. Os títulos do Tesouro norte-americano são tidos como de risco zero. Mas com a piora dos fundamentos econômicos dos Estados Unidos, parece razoável pensar na possibilidade de downgrade dos ratings da maior economia do mundo.

Possibilidade concreta

A política fiscal agressiva do governo norte-americano para conter a crise impulsionou o nível de dívida do país; e tende a impulsionar este débito ainda mais com a perspectiva de novos aportes. Como esta dívida será financiada?

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“É inteiramente apropriado considerar que as agências de classificação de risco irão rebaixar o rating dos Estados Unidos”. Tom Sowanick, estrategista-chefe da Clearbrook Research, levanta a questão.

À primeira vista, a possibilidade de downgrade da economia norte-americana deve balançar os mercados ainda mais. Mas antes de tratar esta possibilidade com extremo pessimismo, vale lembrar que as agências têm provado ser mais reativas do que proativas, ressalta Sowanick.

Downgrade pelo mercado

“De fato, os investidores já rebaixaram os Estados Unidos em virtude da fuga do mercado de dívida local para muitos outros mercados alternativos”. Antes das agências de classificação de risco, o próprio mercado já considera a possibilidade.

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Para se ter uma idéia, o débito governamental girava em torno de US$ 5,6 trilhões em 2000, ou 56% do PIB (Produto Interno Bruto). Atualmente, já supera US$ 10,5 trilhões, mais de 70% de seu PIB. Tende a ampliar esta relação ainda mais. Enquanto o PIB mostra retração, os níveis de dívida não param de crescer.

Outro fenômeno observado é que a necessidade dos Estados Unidos em financiar sua dívida cada vez mais depende de demanda estrangeira; como da China, que ampliou consideravelmente suas reservas em Treasuries.

Impasse político

O problema é que a necessidade de financiar mais e mais dívida do governo norte-americano se depara com certa resistência de outros países em função da crise; com o gigante asiático, chegou a um sério impasse político.

Recentemente, o novo secretário de Tesouro norte-americano Timothy Geithner acusou as autoridades chinesas de manipular a cotação do yuan. Em resposta, o governo da China se defendeu apontando a maior economia do mundo como culpada pela crise. Cresce o sentimento de que a China pode boicotar o pacote de estímulo lançado pelo governo norte-americano no final do ano passado.

“Verdade ou não, não é o tipo de acusações que devem ser trocadas entre credor e devedor”.Outra questão importante é que o juro básico norte-americano está em baixa histórica, o que reduz a atratividade do mercado norte-americano. O cenário para as ações do país segue nebuloso.

Relação yuan X Treasuries

Tomando por base as últimas afirmações, Sowanick lembra que caso o desejo de Geithner se satisfaça e a China permita que sua moeda se aprecie 10% ante o dólar norte-americano, as enormes reservas chinesas de Treasuries também se desvalorização na mesma proporção.

Fora o impasse com a China, a atratividade da dívida norte-americana parece depender dos patamares do juro básico do país, que não dá sinais de aumento por enquanto, ou enquanto os sinais da crise persistirem. Fica a dúvida: quem arcará com esta dívida adicional dos Estados Unidos, que já beira US$ 1,5 trilhão?

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