Disparada do dólar pode favorecer contas do Brasil, agora credor externo líquido

Com mais ativos que dívidas no exterior, País contraria histórico e passa segurança a investidores, lembra Santander

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SÃO PAULO – Tradicionalmente dependente do financiamento externo para fechar suas contas, o Governo brasileiro historicamente encontrava dificuldades para controlar sua situação fiscal em momentos de forte depreciação cambial. Entretanto, após ter se tornado credor externo líquido, o País poderá ser beneficiado pela desvalorização do real.

O histórico de efeitos do câmbio sobre as contas do governo brasileiro não é muito alentador, uma vez que a necessidade de financiamento externo fazia com que o País possuísse grande parte de sua dívida atrelada ao câmbio. Quando o dólar disparava, lá ia a dívida brasileira junto.

Pela primeira vez, no entanto, a alta do dólar pode ajudar o País a reduzir seu endividamento relativo, revela estudo do Santander, cujos analistas traçam projeções para o fluxo de capitais e a situação fiscal do País nos próximos anos.

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Marola ou Tsunami?

Embora não projetem um desastre para o Brasil, os pesquisadores Maurício Molan e Constantin Jancsó ressaltam como será difícil o acesso ao mercado externo de crédito no próximo ano, como resultado da crise por que passam atualmente os mercados financeiros.

“Assumimos que a emissão de dívidas pelo setor privado cairá para níveis comparáveis ao observado em 2002, quando o mercado externo esteve essencialmente fechado para empresas brasileiras”, afirmam os analistas.

Naqueles tempos, a ascensão de Lula à Presidência da República era vista com grande desconfiança por investidores, o que encareceu sobremaneira o crédito ao Brasil. Com mais divisas saindo que entrando no País, o dólar disparou, assim como o risco-país – com os temores sobre a capacidade brasileira de honrar seus compromissos.

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Da água para o vinho

De lá para cá, as autoridades reduziram a exposição do País à dívida em dólar e ampliaram em muito as reservas internacionais – atualmente acima de US$ 200 bilhões, aproveitando o ciclo favorável para exportações de commodities e o saldo positivo das contas externas.

Deste modo, o Brasil passou a ser credor externo líquido, ou seja, possuir mais ativos que dívidas em dólar. Com este saldo positivo, as correlações se alteram, e a situação fiscal do Governo passa a ser favorecida pela disparada do dólar, enquanto as receitas do setor público são fortalecidas pela atividade econômica doméstica aquecida.

Em resposta à reduzida liquidez internacional, o Governo poderá empregar suas reversas diretamente para realizar o pagamento de dívidas, em vez de comprar moeda no mercado. De todo modo, os analistas entendem que o Brasil tem recursos suficientes para enfrentar seguidos anos de condições externas negativas para captação de recursos, mesmo com o pior de todos os cenários possíveis.

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