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SÃO PAULO – Com as recentes pesquisas ajudando a dar ainda mais destaque para o deputado Jair Bolsonaro, a imprensa estrangeira também começa a falar mais sobre ele. E a The Economist desta quinta-feira (9) voltou a dar espaço para o presidenciável, mesmo que de um forma negativa.
Sob o título “He’s not the Messiah. He’s a very naughty boy” (uma referência ao filme Vida de Brian, do grupo britânico Monty Python), a publicação questiona logo no início se “um demagogo como Jair Bolsonaro pode ser presidente do Brasil”. A revista ressalta a inexperiência do deputado em temas fundamentais, como economia, e diz que sua retórica é “ainda mais indecorosa que a de Donald Trump”.
Apesar de aparecer como um dos nomes mais fortes nas pesquisas eleitorais, a Economist diz que estes dados não são confiáveis por estarem longe de pleito. “Seu apelo pode desaparecer à medida que a economia se recupera de uma recessão e os eleitores prestam mais atenção às eleições”, afirma a matéria. “Mas seu status de segundo lugar diz muito sobre o clima turbulento entre os brasileiros”, continua.
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“Apenas 13% dos brasileiros acreditam que sua democracia funciona corretamente, um terço gostariam de que o país sofresse um novo golpe de Estado. E 60% querem um presidente que não pertença aos três principais partidos”, diz a Economist.
A revista resume Bolsonaro como “um nacionalista religioso e ex-capitão do Exército, ele é anti-gay, pró-armas, e faz apologia de ditadores que torturaram e mataram brasileiros entre 1964 e 1985. Ele se coloca contra a elite política do país, cujo modus operandi foi exposto pelos três anos da Operação Lava-Jato”.
A revista reforça que “Bolsonaro, cujo nome do meio é Messias, fala pouco sobre o que ele faria como presidente, além de restaurar a lei e a ordem”. “Ele detém algumas opiniões convencionais, como favorecer a reforma gradual do sistema previdenciário. Menos convencional é o seu desejo de liberar as leis de controle de armas, restringir o investimento chinês no Brasil e se aproximar de Trump”, diz o texto.
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Por fim, a revista afirma que as probabilidades estão contra Bolsonaro nas eleições, principalmente por conta de um sistema com dois turnos, onde “em um segundo turno, a maioria moderada se volta para o concorrente mais convencional”. “A forte exibição precoce de Bolsonaro é um sinal de alerta. Os centrais devem provar que estão melhor equipados do que os extremistas para reparar o dano que os políticos fizeram”, conclui a matéria.