DIs longos disparam antes de Copom; Ibovespa supera os 64 mil pontos

Índice tem sessão indefinida, com investidores no aguardo por sinalizações mais claras para o impasse político

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – Na volta às atividades de Wall Street e Londres e após uma sessão de pequena correção na véspera, o Ibovespa opera em leve recuperação nesta terça-feira (30). Às 11h45 (horário de Brasília), o benchmark da bolsa brasileira operava com variação positiva de 0,38%, a 64.001 pontos, após o índice futuro chegar a sinalizar pregão negativo, com os investidores ainda no aguardo de sinalizações mais claras para a crise política que se instalou sobre o país há duas semanas.

Na agenda do dia, destaque para indicadores nos Estados Unidos e na Europa, enquanto do lado nacional o mercado acompanha as articulações de Michel Temer para se manter no cargo, além das notícias sobre o abrandamento da reforma da Previdência. Também chama atenção a notícia de que Osmar Serraglio não aceitou o cargo no ministério da Transparência após ser substituído na Justiça por Torquato Jardim. Tal decisão retira Rocha Loures da Câmara dos Deputados, já que ele havia sido eleito como suplente. Com isso, crescem as preocupações acerca de um possível acordo de delação premiada do ex-braço-direito de Michel Temer no Palácio do Planalto.

No mesmo horário, os contratos de juros futuros com vencimento em janeiro de 2018 operavam em alta de 3 pontos-base, a 9,30%, ao passo que os DIs com vencimento em janeiro de 2021 saltavam 15 pontos-base, a 10,49%. Vale lembrar que, nesta terça-feira, começam as reuniões do Copom para decidir o novo patamar da Selic. Já os contratos de dólar futuro com vencimento em junho deste ano subiam 0,28%, sinalizando cotação de R$ 3,268.

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Confira ao que se atentar neste pregão:

Destaques da Bolsa

Do lado acionário, os papéis do setor de papel e celulose — Fibria (FIBR3) e Suzano (SUZB5) — pausam os ganhos dos últimos dias, apesar da alta dos preços da celulose, escalada recente do dólar e avalanche de relatórios positivos sobre as empresas. Nesta terça-feira, a consultoria Foex divulgou os dados semanais dos preços da celulose, mostrando forte alta de 2,37%, para US$ 645 a tonelada, na China e avanço de 0,53%, para US$ 796,70 a tonelada, na Europa. Segundo o Credit Suisse, o movimento reforça visão construtiva para o setor e deve dar suporte para o “momentum” das ações. O banco reforçou a Suzano como sua “top pick”. 

Pelo setor educacional, o Estadão informa que, com a expectativa de que o julgamento da fusão entre a Kroton (KROT3) e a Estácio (ESTC3) possa ocorrer em junho, o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) endureceu as negociações relativas à operação que criará uma líder isolada no setor de educação. Segundo fontes ouvidas pelo jornal, o órgão antitruste aumentou o rol de ativos que terão que ser vendidos – a nova companhia terá de se desfazer de 1 em cada 10 alunos. Além disso, o tribunal pretende impor metas de qualidade para os cursos do novo grupo.

O Bradesco BBI comentou o anúncio do CMN (Conselho Monetário Nacional) de que investidores estrangeiros podem agora depositar no exterior parte de suas garantias para operar no mercado brasileiro. Assim, esses investidores podem aumentar suas posições, mantendo uma parte das garantias no exterior. 

Os analistas veem essa notícia como um desenvolvimento positivo para B3 (BVMF3), apesar das garantias no exterior serem menores do que esperavam, uma vez que os analistas haviam previsto mais do que os 10% anunciados. “Como o limite se aplica à garantia total (e não a um limite de 10% por investidor), alguns investidores podem, de fato, deter uma percentagem maior de garantias fora do Brasil, aumentando a sua alavancagem e potencialmente aumentando os volumes de negociação. Vemos o potencial para um aumento de 5-10% nos volumes de futuros provenientes de tal medida”, afirmam. A recomendação para o papel segue outperform, com preço-alvo de R$ 23,00.

As maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 ENBR3 ENERGIAS BR ON 13,55 +2,81 +1,12 2,39M
 CYRE3 CYRELA REALTON 11,34 +1,43 +11,21 2,64M
 RADL3 RAIADROGASILON 71,79 +1,40 +17,64 8,42M
 WEGE3 WEG ON 19,21 +1,32 +24,89 1,29M
 EGIE3 ENGIE BRASILON ED 33,24 +1,09 -3,22 1,27M

As maiores baixas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 BRFS3 BRF SA ON 45,35 -1,46 -6,01 20,43M
 KLBN11 KLABIN S/A UNT N2 16,96 -1,40 -2,67 851,34K
 FIBR3 FIBRIA ON 37,42 -1,14 +20,22 8,27M
 BRML3 BR MALLS PARON 12,03 -0,99 +2.528,36 2,23M
 SUZB5 SUZANO PAPELPNA 15,61 -0,89 +12,88 3,66M
* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)

Agenda de indicadores

Na agenda brasileira, atenção para o primeiro dia da reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), que será encerrada na próxima quarta-feira. A expectativa majoritária é de um corte de 100 pontos-base na Selic, para 10,25% ao ano. O BC completa rolagem dos contratos de 1 de junho com oferta de 8.700 contratos, das 11h30 às 11h40, com resultado a partir das 11h50.

Já na volta do feriado “Dia da Memória” nos EUA, atenção para os dados de confiança do consumidor de maio, a serem apresentados às 11h. Na Ásia, às 22h, serão divulgadas as sondagens industriais e de serviços da China, medidas pela NBS.  Já Lael Brainard, diretora do Federal Reserve, fala em evento em Nova York às 14h.  

Agenda política

Em jantar com empresários e políticos em São Paulo, o presidente Michel Temer discursou em tom de otimismo e afirmou que “o Brasil está de volta”, indicando a melhoria do cenário econômico no país, em um momento de forte crise política. Ontem, a jornalistas, o peemedebista ainda afirmou que tem plenas condições de aprovar reformas e governar, comentando também sobre o julgamento do TSE, que, segundo ele, tende a criar certa instabilidade. Temer disse que o Tribunal julgar o processo de cassação da chapa em três ou quatro dias seria o ideal. Porém, informa o Valor, crescem as apostas de que haverá um pedido de vista, o que adiaria o processo.  

Apesar do tom otimista do governo e em meio à fala do ministro da Fazenda Henrique Meirelles de que não “há plano B” para a Previdência e que espera a votação da reforma na primeira quinzena de junho, jornais de hoje destacam que a base aliada do governo quer realizar uma reforma mais “enxuta”. Uma das alternativas seria focar nos servidores públicos como forma de ajudar a resolver a crise fiscal nos estados e manter o apoio do setor produtivo, diz O Globo, citando conversas reservadas entre técnicos, especialistas e parlamentares da base. Já o Estadão destaca que a base articula aprovar apenas a idade mínima. 

Em meio a esse cenário de desconfiança sobre as reformas, o governo tenta mostrar forças com a reforma trabalhista, que pode ser votada ainda esta semana. Hoje, às 10h, a CAE do Senado tem sessão para debater a reforma. Já o Plenário da Câmara pode votar projeto que regulariza incentivo fiscal aos estados em sessão marcada para 13h55, segundo a Câmara Notícias. Além disso, deputados e senadores também marcaram sessão conjunta para a votação de 17 vetos presidenciais, às 19h30. 

Mais política

Além das falas de Temer e Meirelles sobre a economia, o bastidor da política segue agitado. O líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) pode perder a liderança da bancada hoje em Brasília, em reunião marcada às 15h. Crítico das medidas do governo, Renan fez ontem um aceno a Temer, elogiou a troca no comando do Ministério da Justiça e a ida do presidente para visitar vítimas das cheias em Alagoas, seu estado. Renan fez ainda críticas à Procuradoria-Geral da República, à Operação Lava-Jato, o instituto da delação premiada e ao dono da JBS, Joesley Batista. 

Vale destacar ainda que Michel Temer se encontrou no início da noite de ontem com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso em São Paulo. Segundo reportagem da GloboNews, Temer teria pedido “responsabilidade” ao PSDB no enfrentamento da crise e no apoio à agenda de reformas, incluindo a previdenciária. 

O jornal O Globo informa ainda que o “deputado da mala da propina da JBS”, Rodrigo Rocha Loures, planeja delação premiada. Por fim, o ex-ministro Guido Mantega reconheceu à Lava Jato, por meio de uma petição, que possui uma não declarada no exterior. Porém, ele diz que nunca foram depositados valores indevidos na conta. O ex-ministro explica que a conta foi aberta para receber US$ 600 mil de uma venda de um empreendimento imobiliário, fruto de herança do seu pai. Na petição, Mantega diz que não espera “perdão nem clemência pelo erro que cometeu ao não declarar a conta”.

Bolsas mundiais

Na reabertura das bolsas de Londres e Nova York após feriado, a maior parte dos mercados europeus opera em queda, com destaque para o dia negativo das ações do setor bancário. A Itália segue no radar à medida que as preocupações com as próximas eleições se intensificam. O mercado também repercute a confiança econômica na zona do euro em maio, que caiu inesperadamente do maior nível em uma década. 

No mercado de commodities, o petróleo recua após subir 1,8% na véspera, mas o investidor ainda aguarda evidências de que acordo da Opep está funcionando. Já o cobre cai e o níquel sobe em Londres. Na Ásia, vale destacar que os mercados da China, de Hong Kong e de Taiwan ficaram fechados para feriado nesta terça-feira, enquanto o Nikkei ficou próximo à estabilidade.

(Com Reuters, Bloomberg, Agência Estado e Agência Brasil)

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.