Dilma terá desafio de realizar mudanças estruturais, aponta LCA

Questões como eficiência do setor público e investimentos em infraestrutura devem constar na agenda para próxima década

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SÃO PAULO – A agenda da presidente Dilma Rousseff para a década que se inicia deverá ser norteada para o crescimento sustentado, baseado no tripé investimentos em capital físico, aprimoramento do capital humano e aumento da eficiência geral da economia. É o que afirma Carlos Eduardo Gonçalves, consultor da LCA e professor de economia da Universidade de São Paulo.

A vitória de Dilma não muda as questões levantadas pelo especialista – os problemas seriam os mesmos caso o tucano José Serra tivesse vencido o pleito.

Gonçalves avalia que a agenda dos anos 1990 foi marcada pela reestruturação e estabilização da economia brasileira, ao passo que os anos 2000 foram de retomada do crescimento aliada à redução de desigualdade social e transferência de renda. Doravante, o próximo governo deverá tomar medidas que visem o fortalecimento do tripé já citado acima, que necessitará de reformas estruturais e que demanda considerável articulação e habilidade política.

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Eficiência no setor público
Um dos maiores desafios está no incentivo à eficiência do setor público, que no caso brasileiro apresenta problemas graves em suas funções centrais como educação e saúde. Apesar dos investimentos governamentais nestas atividades estarem longe do patamar ideal, não significa que a lamentável qualidade destes serviços corresponda apenas ao nível baixo dos investimentos.

“Não é porque gastamos pouco como proporção do PIB nesse item, mas sim porque dentro do setor público os incentivos estão lamentavelmente errados. Ponto nefráugico: não se premiam os professores e funcionários mais produtivos”, afirma o especialista, apontando que por muitas vezes bons profissionais desta área abandonam seus cargos atraídos por melhores estímulos da iniciativa privada.

Congelamento da transferência de renda
Outro ponto que deve ser reavaliado é questão do estrangulamento resultante da intensificação de programas de transferência de renda. Segundo Carlos Eduardo, embora estes programas tenham obtido notável sucesso na estratégia de redução da desigualdade, a sua intensificação poderá sacrificar o bem estar de gerações futuras.

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Hoje, estes gastos consomem uma fatia considerável do orçamento que poderia ser convertida em gastos pró-crescimento, combinados à linear queda de impostos.

Infraestrutura e redução de custos e burocracia
O analista avalia ainda a questão da infraestrutura como fundamental para os próximos anos e o fortalecimento das agências reguladoras como cerne fundamental desta questão, facilitando e incentivando desta forma a combinação de dinheiro do setor público e privado, em um setor com imenso potencial de crescimento no Brasil.

Por fim, é necessário ainda a redução dos embaraços para o desenvolvimento de negócios no Brasil, como abrir e fechar empresas, resgatar dívidas, contratar e despedir. O Brasil possui historicamente problemas neste setor, o que gera excelente potencialidade de crescimento caso alguns empecilhos sejam vencidos, segundo Gonçalves.

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Apesar de algumas destas questões levantarem grande polêmica e, consequentemente, desgaste político, como a maior flexibilidade em demissões, outras deverão receber grande apoio da sociedade, como medidas que reduzam os improdutivos custos com cartório.

Mais estrutural e menos conjuntural
“É preciso gastar menos tempo falando de câmbio, decisão do Copom e inflação e mais dos assuntos aqui levantados. Esse é o desafio do próximo governo: mudar a agenda do conjuntural para o estrutural, e tocá-la com vigor”, finalizou o economista.

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