Dilma passou de defensora a alguém que prejudica o Brasil, diz Forbes

A revista ressalta que a democracia está em constante movimento e que Dilma tem que ouvir mais: "fingir que o futuro que até agora só existe nos folhetos de PT chegou e ignorando os pedidos brasileiros não irá acalmá-los"

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Em matéria da última quarta-feira (11), a revista Forbes destacou mais uma vez a presidente Dilma Rousseff, com reportagem cujo título é “Why Brazil’s presidente Dilma Rousseff is failing” (Porque a presidente Dilma Rousseff está fracassando, em tradução livre). Com um mini-perfil sobre a chefe de Estado, a matéria busca a partir daí explicar porque ela enfrenta tantas dificuldades poucos meses depois de ser reeleita. 

Segundo o perfil, Dilma Rousseff não é alguém que aprecia a crítica e que, pelas próprias palavras da presidente, ela é “uma mulher dura, às vezes cercada por homens mais doces”. “O que muitos estrangeiros não sabem é que Dilma passou três anos atrás das grades no início de 1970 para lutar contra a ditadura no Brasil, um tempo durante o qual ela foi repetidamente torturada por interrogadores com choque elétrico e forçada a entrar no ‘pau de arara'”. O pau de arara é um instrumento de tortura que consiste uma barra de ferro atravessada entre os punhos e os joelhos e em que o preso ficava pelado, amarrado e pendurado a cerca de 20 centímetros do chão.

O perfil destaca que ela passou por tudo isso por um ideal – seu amor e confiança pelo Brasil – e também por acreditar que os responsáveis pelo governo do País na época estavam danificando o seu futuro. “Mas o amor e convicção nunca protegerem ninguém contra as inconstâncias do destino. Hoje, Dilma encontra-se em uma posição onde suas ações, decisões e julgamentos independentes estão prejudicando a nação por quem ela lutou tão corajosamente quase cinco décadas atrás”.

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A Forbes destaca que, como amplamente divulgado, o Brasil está enfrentando muitos desafios no momento, com a estagnação econômica, a inflação no nível mais alto em quase dez anos e o real tendo uma forte desvalorização (uma das maiores do mundo). Além disso, a falha de Dilma em ajustar as contas públicas e cumprir as metas fiscais criou um cenário em que um processo de forte recuperação é impensável em um futuro próximo.

A revista destaca a análise da empresa sediada na China GaveKal Dragonomics, que afirma que o pior ainda está por vir e prevê que o PIB do Brasil pode contrair entre 1% e 2% no próximo ano, no que poderia ser a primeira vez desde o biênio 1929-1930 que a economia do país enfrentou uma recessão por dois anos consecutivos, num cenário mais caótico do que o previsto por analistas consultados pelo Banco Central através do relatório Focus.

“Para muitos, a situação atingiu um estágio de crise, mesmo após o anúncio de uma nova equipe econômica em novembro, além das promessas de cortes nos benefícios sociais, de orçamento e gastos públicos. Isso não foi suficiente para acalmar as coisas. Não surpreendentemente, uma pesquisa publicada mais cedo no mês passado mostrou que o cenário econômico piora e é uma das principais razões para as taxas de aprovação de Dilma caírem para o pior nível de qualquer presidente brasileiro desde 1999”, ressalta a publicação.

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E avalia que, enquanto o antecessor de Dilma, Luiz Inácio Lula da Silva, conseguiu surfar no boom de mercadorias, o cenário foi se deteriorando nos últimos anos do governo da presidente. “Os investimentos, o consumo e as exportações – os pilares que sustentavam Brasil nos últimos anos – estão se deteriorando rapidamente”.

A balança comercial deficitária, a crise da água (apesar das recentes chuvas), são outros problemas, assim como o esquema de corrupção de bilhões de dólares na Petrobras, que se aprofunda a cada dia e agora põe em risco outros setores da indústria do petróleo. Por fim, a escolha de Dilma para nomear Aldemir Bendine, presidente do Banco do Brasil para ser o novo presidente da Petrobras, “simplesmente porque ele é um de seus tenentes leais e não devido a sua experiência na indústria de petróleo” (…), resultou em uma queda de 7% nas ações da empresa em um único dia no mês passado, uma vez que a interferência do governo no setor de energia do Brasil é uma das causas para o fraco desempenho da estatal.

“Como uma mulher dura, Dilma pode ter o que o Brasil precisa agora de um líder para retomar seu rumo. No entanto, em vez de se preocupar e trabalhar sobre o futuro do Brasil ela optou por ceder à pressão do Partido dos Trabalhadores, do qual é membro e seus aliados em seu plano maquiavélico para permanecer no poder apenas para o bem dela. Ela fechou os olhos e ouvidos para quem não respeitar isso”, afirma.

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A revista destacou que, ao optar por permanecer confortavelmente dentro dos limites de uma realidade que existe apenas nos comerciais realizadas pelo marqueteiro João Santana, Dilma se isolou e se tornou uma das mulheres mais poderosas do mundo que, além de estar cercada por “homens doces”, está cercada por pessoas que não encontram meios de de avisá-la dos problemas.

“A incapacidade e a falta de humildade para reconhecer coloca Dilma na mesma posição que já foi ocupada por aqueles que a prenderam e torturaram. Muitos brasileiros estão apavorados com o que pode acontecer nos próximos quatro anos de seu mandato. Sem mencionar os investidores estrangeiros, que podem (e vão) simplesmente virar as suas carteiras para outros mercados, enquanto Dilma deve continuar fingindo que o Brasil está melhor sem eles”.

A revista ressalta que a democracia está em constante movimento, e enquanto Dilma foi eleita pela maioria dos brasileiros para governar por mais quatro anos em outubro passado, agora a maioria quer que ela os ouça, compreendendo e fazendo as mudanças que eles julgam necessárias. “Fingir que o futuro que até agora só existe nos folhetos de Partido dos Trabalhadores chegou e ignorando os pedidos brasileiros não irá acalmá-los”, conclui a publicação. 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.