Dilma “negando realidade” e Dirceu investigando tucanos: a política no fim de semana

Michel Temer foi destaque no final desta semana, com matéria do NYT destacando que ele ressurgiu "das sombras"; Cunha falou mais uma vez para as redes sociais

Lara Rizério

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SÃO PAULO – O noticiário político foi bastante movimentado no último final de semana. Em destaque, a Folha de S. Paulo fez, no último domingo, um perfil da presidente Dilma Rousseff em meio à crise política. 

O jornal observa que, antes leitora de todas as manhãs de jornais brasileiros, como era de costume fazer durante o café de manhã, agora ela lê notícias internacionais vez ou outra. Os assessores que a alertam para algum assunto específico na mídia.

O jornal diz ainda que a presidente segue os passos do antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva. Ele dizia, quando estava no comando do país, que a imprensa só trazia más notícias.

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No entorno presidencial, há percepção, informa o jornal, de que Dilma pode estar em fase de negação da realidade, descolada da seriedade. Outros discordam disso e afirmam que a presidente não está alheia nem deprimida. 

Para pessoas próximas, a atitude revela um traço de personalidade de Dilma, que busca demonstrar autocontrole em momentos difíceis. Apesar do cenário sombrio, Dilma, conhecida por cobranças duras e intempestividade, tem demonstrado tranquilidade e até bom humor. 

Já em meio à pesquisa do Datafolha que apontou seu índice de impopularidade (somente 8% de ótimo e bom), Dilma apenas reclamou o fato de a apresentação da pesquisa coincidir com o programa do PT.

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Eduardo Cunha
O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), foi mais uma vez para as redes sociais para falar sobre política. O presidente da Câmara disse pelo Facebook não ter culpa por “fragilidade do governo” sem base.

A tentativa de alguns de me colocar como vilão das contas públicas por retaliação ao governo não tem amparo na realidade dos fatos. Sei bem os riscos que sinais equivocados podem causar na avaliação do grau de investimento do país e não compactuo com isso”, afirmou.

Não cabe a ele, afirmou, constituir a maioria que o governo não tem para vencer votações no plenário da Câmara. “Sem reagrupar a sua base e constituir uma maioria sólida,o governo continuará com problemas e sofrendo derrotas”.

É preciso parar com essa fantasia de que sou responsável pelo resultado das votações, como se eu fosse capaz de convencer a todos. E pior, convencer por um motivo de retaliação. Será que todos se submeteriam a isso? E os votos de deputados que me fazem oposição aberta, tal como os do PT? A verdade nua e crua é que não existe base do governo escondidos de fazer o papel do governo”.

Cunha voltou para as redes sociais na noite do domingo, desta vez para falar sobre outro assunto. Ele disse estranhar a ação da Advocacia-Geral da União (AGU), que pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) a anulação de provas que podem incriminar o peemedebista. Com autorização do Supremo, foram copiados documentos do Departamento de Informática da Câmara, em maio passado. 

Agora, três meses depois, o advogado-geral da União substituto, Fernando Luiz Albuquerque Faria, assinou documento, em nome da Casa Legislativa, no qual pede que o material apreendido seja desconsiderado no processo sobre corrupção na estatal.

 “Muito estranha a atuação da AGU, célere aonde não deveria ter atuado e lenta aonde tinha a obrigação de atuar”, escreveu Cunha no Twitter. “Por que será que levaram três meses para fazer isso?”

Dirceu investigava tucanos
A quebra de sigilo do e-mail de Júlio Cesar dos Santos, que foi sócio minoritário da JD Consultoria até 2013, revelou que o José Dirceu tinha apoio de petistas na Assembleia de São Paulo para levantar informações sobre pessoas ligadas ao PSDB e estava interessado, em 2010, na relação do advogado Luiz Antonio Tavolaro com o ex-diretor da Dersa Paulo Vieira de Souza, conhecido como Paulo Preto, segundo informações do jornal O Estado de S. Paulo 

“Falem comigo sobre o cidadão (Tavolaro), pelo visto encobre para o Paulo Preto imóveis em São Paulo e Ilhabela, ligado ao Mendes Thame (deputado federal do PSDB) e ao Aloysio Nunes Ferreira (senador do PSDB)”, disse o ex-ministro em mensagem encaminhada para Julio Cesar e Roberto Marques, o Bob, braço-direito de Dirceu.

Durante as eleições de 2010, o PT utilizou o nome de Paulo Preto contra José Serra. A própria Dilma citou o o ex-diretor e indicou uma reportagem da revista Istoé, afirmou que ele teria arrecadado e se apropriado de R$ 4 milhões supostamente doados por apoiadores de Serra na época. A bancada do PT na Câmara acionou o Ministério Público para investigar Paulo Preto. 

Reunião de Dilma com ministros e fala de Temer
No último final de semana, o destaque ficou para a reunião de Dilma com os ministros. Pelo que ficou conhecido até agora – informações do porta-voz Edinho Silva e vazamento de outros ministros – terminou sem resultado concreto a reunião. A presidente recorrerá a conversas individuais com partidos aliados para estancar a crise.

Na reunião, um dos destaques foi a fala do vice-presidente da República, Michel Temer, negando a tese petista de que estaria conspirando pelo poder, conforme ressalta o blog do Kennedy

Ele pediu a palavra antes de Dilma falar e rebateu o que chamou de intrigas e disse que não queria “olhares enviesados e sussurros”. Michel Temer afirmou que o apelo feito na quarta-feira tinha o objetivo de tentar evitar uma derrota na Câmara. Para o vice, projetos da chamada “pauta-bomba” poderiam “transformar o país numa Grécia”.

Temer no NYT
Falando no vice-presidente, o jornal americano New York Times publicou reportagem avaliando o papel de Michel Temer à frente da articulação política do governo e afirmou que o peemedebista “emerge das sombras” enquanto consegue ampliar sua influência sobre o governo.

Com o título “vice-presidente do Brasil emerge das sombras enquanto um escândalo cerca Dilma Rousseff”, o texto diz que poucos davam “muita atenção” a ele “até recentemente”. Mas, agora, Temer assume a cada dia papel “mais ativo” na articulação política do governo.

“Temer está agora emergindo das sombras enquanto a presidente Dilma Rousseff enfrenta uma rebelião dos partidos de sua coligação, uma economia em declínio e chamados pelo seu impeachment devido a um escândalo envolvendo corrupção colossal na Petrobras, a gigante do petróleo controlada pelo governo”, afirma.

E o NYT continua: “mesmo se Dilma permanecer no poder ou for deposta, seu vice-presidente está vendo sua influência crescer, assumindo um papel mais ativo no dia a dia que rege enquanto estende a mão para apoiadores e opositores do governo”. Porém, questiona-se, segundo o jornal, se o vice-presidente pode falar em unificação quando grandes nomes do PMDB “saboratam” os esforços do governo para realizar o ajuste fiscal.

(Com Agência Estado)

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.