Dilma mentiu à nação ao dizer que não faz barganha e “isso é muito grave”, diz Cunha

"Dilma queria a aprovação da CPMF em troca de três votos do PT", afirmou o parlamentar, em referência aos três votos de deputados petistas no Conselho de Ética

Lara Rizério

Publicidade

SÃO PAULO – O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) disse hoje em coletiva que cumpriu um “papel constitucional” ao acolher a denúncia. “A partir daqui cabe ao plenário”, disse ele. “Apenas me ative aos fatos”, afirmou, citando os decretos que afrontaram a lei orçamentária de 2015.

Cunha disse que Dilma “mentiu à nação” ontem em pronunciamento ao dizer que não faz barganha. Ele disse que se recusou a aceitar barganha para aprovar a CPMF. “A presidente mentiu. Dilma mentiu em rede de televisão e isso é muito grave”. O presidente da Câmara afirmou que a negociação estava sendo feito à sua revelia. “Dilma queria a aprovação da CPMF em troca de três votos do PT”, afirmou o parlamentar, em referência aos três votos de deputados petistas no Conselho de Ética. Ontem, o PT anunciou que iria votar pela admissibilidade do processo contra o parlamentar no Conselho, o que culminou na decisão dele de abrir o processo. 

Ele afirmou na coletiva que se recusou a atender o ministro-chefe da Casa Civil, Jaques Wagner, para tentar dissuadi-lo de autorizar a abertura do processo contra a presidente. “Este governo está habituado a barganhas. Eu não quero e não participo de negociação”. 

“Tenho constante atrito com o PT”, ressaltou, afirmou que o “conjunto” do partido é seu adversário. “Eu prefiro não ter os votos do PT no Conselho (de Ética)”.

Ele reafirmou que a decisão de aceitar o pedido formulado por Hélio Bicudo, Miguel Reale Jr. e Janaína Paschoal foi “concreta e factual”. O parlamentar afirmou que não vai fazer embate pessoal e não vai emitirá sua opinião acerca do processo. 

Trâmite do processo 
Cunha afirmou ainda que o pedido da oposição de convocar uma sessão extraordinária do Congresso tem que passar pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Ele apontou ainda que “apenas comunicou” o vice-presidente Michel Temer (PMDB-SP) sobre a decisão e reiterou que a decisão sobre o assunto já estava tomada desde quarta-feira. 

Ele negou que esteja em guerra com o governo e afirmou que tocará a pauta de votações normalmente. Para ele, o governo demostra uma “incapacidade” de tocar o processo político. “Não há guerra, há incapacidade de governar”. 

Cunha comunicou ainda que uma eleição da comissão especial será na segunda-feira, às 18h (horário de Brasília). 

É hora ou não é de comprar ações da Petrobras? Veja essa análise especial antes de decidir:

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.