Dilma lança estratégias para seguir no poder (mas Temer também tem suas armas)

A disputa entre a presidente e o vice ganha forças com a proximidade da decisão do PMDB sobre desembarque - Planalto pretende esvaziar reunião e recompor base com partidos menores, enquanto Temer busca unanimidade no PMDB

Lara Rizério

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SÃO PAULO – A terça-feira promete ser de fortes emoções para os mundos político e econômico. A partir das 15h (horário de Brasília) haverá a decisão do PMDB sobre a permanência do partido na base aliada do governo.

Enquanto parece ser praticamente impossível o não-rompimento (segundo a Eurasia, membros do PMDB estimam que entre 75% e 80% dos 119 diretores apoiam o rompimento com o governo), tanto a legenda quanto o governo da presidente Dilma Rousseff traçam as suas estratégias pelo poder. 

Conforme destacaram duas fontes à agência Bloomberg, o Planalto tentará recompor a sua base com partidos menores, que nunca tiveram espaço no governo, mesmo se o PMDB decidir sair. Além disso, o governo também tenta assegurar apoio de membros individuais do PMDB, mesmo se o partido decidir romper com o governo.

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Outra estratégia do governo é tentar esvaziar a reunião do PMDB, conforme aponta a Folha de S. Paulo. A estratégia foi discutida entre Dilma e ministros da sigla, afirma a publicação, tendo como objetivo deslegitimar o encontro com a ausência de caciques de peso, como o ex-presidente José Sarney e o presidente do Senado Federal, Renan Calheiros (AL) e dando a indicação de que, apesar da saída, o governo conta com respaldo de uma ala importante do partido. 

Em entrevista coletiva à imprensa internacional, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva minimizou o desembarque do partido e afirmou que pretende conversar com integrantes da legenda para contornar o desembarque. Lula disse ver com “muita tristeza” a possibilidade de o PMDB deixar o governo, mas afirmou ser possível “haver uma espécie de coalizão”, sem a concordância das pessoas da direção, o que evidencia a possibilidade de tentar buscar apoio na base da sigla. O petista, aliás, irá a Brasília nesta tarde para conversar com líderes do PMDB, segundo a Agência Estado. 

Conforme destacou a Folha de S. Paulo, os ministros do partido se comprometeram a não comparecer ao evento que definirá o desembarque, além de  conversar com suas bancadas federais para que parlamentares e dirigentes façam o mesmo. Enquanto isso, o governo deve usar os cargos de segundo escalão como moeda de troca para garantir o apoio de deputados na votação que pode levar ao afastamento da presidente.

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Nesta segunda, o atual diretor de Obtenção de Terras do Incra, Marcelo Afonso Silva, foi exonerado do cargo para dar lugar a Luiz Antônio Possas de Carvalho, aliado do deputado do PMDB Carlos Bezerra (MT), parlamentar que tem se manifestado contra o impeachment de Dilma, destaca o Estadão. Na semana passada, um aliado do vice-presidente Michel Temer foi exonerado da Funasa (Fundação Nacional de Saúde) para dar espaço a um nome do PTN.

Cenário complicado
Porém, o cenário segue bastante tenso para a presidente Dilma. A oficialização do desembarque deve gerar um efeito dominó ao estimular a saída de outros partidos da base, caso de PP, PR, PTB e PSD.

No caso do PP, o deputado Jerônimo Georgen, do Rio Grande do Sul, levou ao presidente do partido, senador Ciro Nogueira, pedido para que a executiva nacional se posicione para deixar a base do governo, disse ele a jornalistas em Brasília. O parlamentar disse ter 22 de 49 assinaturas a favor do desembarque e afirmou que ainda não há uma data para a executiva nacional do partido se reunir. 

Enquanto isso, no PMDB, a reunião do diretório será presidida pelo senador Romero Jucá (RR), vice-presidente do partido, segundo assessoria de imprensa. Michel Temer, afirma a Agência Estado, decidiu não ficar à frente do encontro para se preservar e não passar a imagem de que comandou o processo de rompimento. 

Entre as articulações de Temer, o vice busca unanimidade no PMDB e também recorreu aos ministros do partido para tanto. Ele se reuniu com o ministro Eduardo Braga pouco antes do peemedebista se reunir com Dilma. Segundo o G1, Temer ressaltou no encontro que já existe ampla maioria a favor do desembarque do governo e, por isso, defendeu que a legenda adote uma posição unificada na reunião. Durante o dia, Temer deve conversar com outros ministros e parlamentares para evitar uma divisão no partido. 


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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.