“Dilma fugiu da raia e ficou devendo em sabatina do JN”, avalia cientista político da UNB

Para David Fleischer, até mesmo nas perguntas mais fáceis, como as relacionadas ao segmento de saúde pública, a presidente da república se enrolou e acabou falando mais do que gostaria.

Marcello Ribeiro Silva

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SÃO PAULO – Despreparada e nervosa. O cientista político da Universidade de Brasília (UnB), David Fleischer classificou com estas duas palavras a performance da presidente Dilma Rousseff, do PT, durante sua entrevista ao Jornal Nacional. Desde a semana passada, os âncoras William Bonner e Patrícia Poeta estão realizando sabatinas com os principais presidenciáveis. Anteriormente, foram entrevistados, Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB), que morreu na última quarta-feira após um trágico acidente aéreo.

Para o especialista, diante das perguntas contundentes e da postura firme dos jornalistas, a petista não soube responder à altura e acabou tentando evitar os temas mais polêmicos. “Ela fugiu da raia e ficou devendo durante toda a entrevista. Como presidente e candidata à reeleição, Dilma deveria ter se esforçado para evitar qualquer resposta pouco clara ou que pudesse ser interpretada como enrolação”, afirmou Fleischer. “Ao final de tudo, a interpretação que se tem é que a petista não sabia como responder algumas perguntas desconcertantes e acabou por não falar nada que pudesse atrair o eleitorado para sua bancada”, completou.

Bastante indagada sobre os escândalos de corrupção, Dilma se limitou a dizer que não responderia e que não julgaria a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). “Bonner a apertou em mais de uma oportunidade sobre corrupção, mas ela realmente preferiu omitir qualquer opinião do que condenar os seus antigos correligionários”, avaliou o cientista político da UnB.

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De acordo com Fleischer, até mesmo nas perguntas mais fáceis, como as relacionadas ao segmento de saúde pública, a presidente se enrolou e “acabou falando mais do que gostaria”.

Ainda que Campos e Aécio não tenham tido um desempenho memorável na semana passada, o especialista reforçou que a apresentação da candidata à reeleição pelo PT “beirou a mediocridade e foi vergonhosa.”

Mesmo tentando demonstrar autoridade e adotando uma postura um pouco mais agressiva que os demais presidenciáveis, a petista viu sua “máscara cair” ao se desvencilhar de cada pergunta à medida que o tempo passava rapidamente.

“É incrível a necessidade que ela tem de associar a sua imagem à de Lula. Talvez a estratégia funcionasse no passado, mas desta vez foi fatal”, explicou o cientista político da UnB. “Talentosíssimo, Bonner conseguiu se consagrar mais uma vez ao enquadrar uma autoridade do porte da presidente. A postura inerte da candidata pode fazer com que aumentem as especulações sobre uma retomada do movimento Volta Lula”, acrescentou.

O crescimento expressivo da possível presidenciável do PSB, Marina Silva – que deve ser anunciada como substituta de Campos nesta quarta-feira – pode ter contribuído para que Dilma tenha adotado uma postura mais tímida. “Nunca imaginei que ela ficaria tão na defensiva. Definitivamente, o fato de não responder à nenhuma pergunta adequadamente pode representar apena o primeiro tiro no pé de quem tentar renovar o voto de confiança da população em seu trabalho”, concluiu Fleischer.

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