Dilma fala sobre corrupção, Gaza e revela por que deixa R$ 152 mil “debaixo do colchão”

Em sabatina para a Folha de S. Paulo, a presidente destacou que os governos do PT tomaram medidas para combater corrupção" e que rejeição em São Paulo decorre do início do processo eleitoral

Lara Rizério

Publicidade

SÃO PAULO – A presidente Dilma Rousseff voltou a criticar as posições mais céticas com relação ao atual governo e os rumos da economia brasileira em entrevista concedida a jornalistas na tarde desta segunda-feira (28), em Brasília. Na sabatina realizada pelo jornal Folha de S. Paulo em parceria com UOL, SBT e Jovem Pan, Dilma afirmou que o mesmo pessimismo visto no começo da Copa do Mundo está ocorrendo com relação ao futuro do País. Além disso, a presidente falou sobre política externa e respondeu até mesmo perguntas sobre porque deixa R$ 152 mil guardados em sua casa, de acordo com a declaração feita ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral). 

“Usam-se dois pesos e duas medidas para avaliar o meu governo . Há um pessimismo com a economia do mesmo jeito que havia contra a Copa. A economia vive de expectativa”, alegou a presidente. Para ela, o momento da economia brasileira acompanha as dificuldades de recuperação das demais nações mundiais após as fortes turbulências da crise financeira de 2008. “Nos países desenvolvidos, há uma modestíssima recuperação. Nenhum país se recuperou. Não é uma situação como se esperava no começo do ano”, observou.

Os efeitos prolongados de um dos momentos mais delicados da economia mundial recente teria, segundo Dilma, justificado a situação do crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) – um dos pontos mais criticados de seu governo pelo mercado financeiro. “Nos países do G20, fomos um dos que mais cresceram”, defendeu Dilma. Além disso, a presidente alegou que o mecanismo de resposta adotado pelo governo com relação às fortes turbulências do mercado mundial não respingou no desemprego e no poder de compra do consumidor.

Oferta Exclusiva para Novos Clientes

Jaqueta XP NFL

Garanta em 3 passos a sua jaqueta e vista a emoção do futebol americano

Outro ponto considerado por muitos especialistas como sensível da atual gestão presidencial, a inflação, também foi assunto ainda no primeiro bloco da sabatina. Na visão de Dilma, não houve erros no combate à elevação expressiva dos preços, mesmo com o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) ameaçando superar o teto da meta – 6,5% ao ano.

“O sistema de metas foi criado em 1999. Nesses 15 anos, em 12 deles a inflação esteve acima do centro da meta. Em 5 esteve acima do limite superior da banda, se considerar 6,5. Nós estamos naquele momento, ela ficará abaixo do limite superior da meta”, argumentou.

Rejeição em São Paulo
Questionada sobre a alta rejeição em São Paulo, com metade dos eleitores dizendo que jamais votariam nela, a presidente afirmou que isso decorre do início do processo eleitoral, e não há conhecimento do povo sobre o que foi feito para os cidadãos de São Paulo.

Continua depois da publicidade

“Fizemos 600 mil casas do Minha Casa, Minha Vida, mais de 1 milhão de vagas do Pronatec. Estamos fazendo, em parceria, o Monotrilho, o Rodoanel, a hidrovia Tietê-Paraná. O povo de São Paulo é trabalhador, dedicado, e que puxa a economia brasileira. Mas eu acho que quando começarmos a campanha eu vou poder mostrar para o povo todas as coisas que eu já fiz para São Paulo. Como é que a gente explica que mais de 70% dos brasileiros era contra a Copa, 30 dias antes da Copa, e depois da Copa, essa situação se reverteu. Então é assim. Nós temos a oportunidade de mostrar e mudar a opinião das pessoas”, afirmou a presidente.

“Não aprovamos a 2ª fase da compra de Pasadena”
A presidente ainda foi questionada sobre a compra polêmica da refinaria de Pasadena, nos EUA, pela Petrobras (PETR3;PETR4), na época em que ela era presidente do conselho de administração. Ela afirmou que o Conselho jamais aprovou a segunda fase da compra sendo que, a partir do fim da primeira fase, eles levaram para o âmbito da disputa judicial.

Ninguém condena alguém antes de um julgamento. Os ministros do TCU são indicados pelo Senado ou Câmara, ou muitas vezes são membros integrantes, ou técnicos do próprio TCU. Não tem como dizer que ele teria me favorecido”. 

Corrupção
Perguntada sobre qual é o impacto da corrupção nas taxas de avaliação do governo, Dilma ressaltou que não tolera corrupção de nenhuma forma e que os governos do PT tomaram medidas para combater a corrupção. “Fomos o único governo que tivemos pessoas condenadas, nós não engavetamos denúncias nem processos”, afirmou a presidente.

Dilma afirmou que, da relação com o PT, tem “dois pesos e umas 19 medidas”. Isso por que, afirma, o mensalão foi julgado e o mensalão tucano não foi. “No nosso caso, nós tomamos todas as providências, não tivemos nenhum processo de interromper a justiça, não pressionamos juízes nem engavetamos denúncias”, afirmou.

Luta de classes
Perguntada se há uma luta de classes de pobres contra ricos na campanha, Dilma afirmou que não acreditar que seja uma luta, destacando que todos ganharam. “
Hoje 75% dos brasileiros, de 200 milhões, estão na classe C, A e B. Posso dizer que quem ganhou mais. Todos ganharam. Mas é fato que os mais pobres ganharam mais”, ressaltou.

Indisposição com Israel
Perguntada sobre a indisposição recente com Israel, que chamou o Brasil de “anão diplomático”, Dilma afirmou que não há ruptura com o país e que lamenta as palavras do país. A presidente afirmou que, na Faixa de Gaza está havendo um massacre, uma ação desproporcional, não um genocídio. 

“O embaixador foi chamado e oportunamente vai voltar. Não há ruptura nem nada. Lamento as palavras do porta-voz, pois as palavras produzem um clima muito ruim, deveríamos ter cuidado com as palavras”, afirma. Sobre o assunto, Dilma afirmou que a decisão da ONU (Organização das Nações Unidas) de exigir um cessar-fogo imediato é muito bem vinda, pois é uma situação que não dá para continuar.

Por que Dilma guarda R$ 152 mil em espécie?
A última pergunta feita para Dilma foi sobre a sua declaração patrimonial, em que ela informou ter R$ 152 mil em espécie. Segundo ela, uma parte ela deposita ao longo do ano e destaca que, outra parte é por costume, por “
coisas que a gente incorpora”.

“Sete anos da minha vida eu vivi fugida. Durante muito tempo eu dormi de sapatos. Eu dou dinheiro pra minha filha, eu gosto de guardar dinheiro em casa, eu sou assim”, afirmou. “Eu sou desse jeito, eu sou assim. Já vivi muito tempo sem dinheiro, com dinheiro, ninguém vai mudar meu jeito de ser assim, ser mineira, eu guardo dinheiro em casa mesmo”, afirmou. 

Newsletter

Infomorning

Receba no seu e-mail logo pela manhã as notícias que vão mexer com os mercados, com os seus investimentos e o seu bolso durante o dia

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.