Dilma fala em golpe para jornalistas estrangeiros e diz que não é uma mulher fraca

"Não estou comparando o golpe aqui com os golpes militares do passado, mas isso [impeachment] seria uma ruptura da ordem democrática do Brasil", afirmou a presidente

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – A presidente Dilma Rousseff concedeu uma entrevista para seis veículos estrangeiros nesta quinta-feira (24) e mais uma vez afirmou que não irá renunciar ao cargo, voltando a usar a expressão “golpe” para definir a tentativa da oposição de tirá-la da presidência com um impeachment.

“Não estou comparando o golpe aqui com os golpes militares do passado, mas isso [impeachment] seria uma ruptura da ordem democrática do Brasil”, afirmou a presidente, segundo o jornal britânico “The Guardian”. Ela disse ainda, de acordo com o jornal, que seu afastamento terá “consequências” e deixará “cicatrizes profundas” na vida política brasileira.

Dilma reafirmou para a publicação que se “mantém firme” no cargo e que a paz reinará no Brasil durante a realização da Olimpíada no Rio. “Por que eles querem que eu renuncie? Porque eu sou uma mulher fraca? Eu não sou”, disse a presidente, que ressaltou ainda que aqueles que pedem sua renúncia querem, na verdade, evitar a dificuldade em remover “ilegalmente” do poder um presidente eleito legitimamente.

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Já para o “The New York Times”, Dilma disse que vai apelar de todas as maneiras legais possíveis para barrar o impeachment. Segundo ela, não há “bases legais” para o processo no Congresso.

Já sobre os recentes protestos que aconteceram contra seu governo, Dilma se disse tranquila. A presidente afirmou ainda que não é “agradável” ser vaiada nos protestos nas ruas e disse que não é uma pessoa “depressiva”: “Eu durmo bem à noite”.

A presidente se disse favorável aos protestos, porque ela veio de “uma geração em que se você abrisse a boca poderia ir para a prisão”. Ela pontuou, no entanto, que os que foram às ruas pelo impeachment representam menos de 2% da população brasileira. A presidente também criticou “métodos fascistas” usados por alguns opositores.

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Nomeação de Lula
Os jornalistas estrangeiros ainda questionaram Dilma sobre a nomeação do ex-presidente Lula para ser ministro da Casa Civil, fato que ela justificou: “Lula não é apenas um negociador talentoso, mas entende também todos os problemas do Brasil”, disse a petista.

“Um ministro não está imune a investigação, ele enfrenta a investigação do Supremo”, ressaltou a presidente para defender que a escolha de Lula não foi para evitar sua prisão. “O Supremo não é bom o suficiente para investigar Lula?”, indagou a presidente.

Segundo o “Guardian”, Dilma aparentava tranquilidade na conversa, que durou uma hora e meia. O único momento em que mostrou irritação, diz o jornal, foi quando comentou a divulgação da gravação telefônica dela com Lula, gravada pela Polícia Federal com autorização do juiz Sérgio Moro, que segundo ela, infringiu a democracia.

Além de “The New York Times” e “The Guardian”, os outros veículos que a entrevistaram foram “Le Monde” (França), “El País” (Espanha), “Página 12” (Argentina) e Die Zeit (Alemanha).

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.