Dilma em Davos: presidente poderá levar a uma virada dos ativos brasileiros?

Presidente tentará atrair os investidores para o Brasil, destacando que o País ainda é um bom investimento; contudo, LCA aponta que há obstáculos no caminho

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Em um esforço para tentar convencer a elite empresarial do mundo de que o Brasil ainda é um bom investimento apesar de três anos de baixo crescimento, a presidente Dilma Rousseff irá ao Fórum Econômico Mundial de Davos, na Suíça.

E Dilma não chegará a Davos de “mãos vazias”. Além de um programa de concessões relativamente bem sucedido em projetos para os setores de rodovias e de aeroportos, há notícias positivas também na área de política econômica, com a manutenção do ritmo de alta da Selic em 50 pontos-base, que surpreendeu boa parte do mercado e indica comprometimento com a inflação. No front fiscal, o ministro interino da fazenda, Dyogo Henrique, também contribuiu ao sinalizar que o governo será duro no corte de gastos.

Contudo, esse pode ser um ponto de virada para os ativos brasileiros? Segundo aponta a LCA Consultores, ainda não. Conforme os economistas da consultoria ressaltam, a reação dos preços dos ativos brasileiros foi frustrante, destacando que a ” recente depreciação do dólar frente ao real sem ajuda do risco Brasil pode estar mais relacionada às arbitragens por conta do elevado spread de juros do que à melhora na percepção de risco Brasil”. 

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Eles destacam que o atual ciclo de alta da Selic indica uma guinada um pouco mais ortodoxa, com o juro rumando a um patamar próximo da neutralidade, contribuindo para que a inflação recue bem lentamente para patamares mais próximos do centro da meta.

Contudo, aponta a LCA Consultores, o ponto central é de que a recuperação completa  da confiança dos investidores e empresários demandaria ajustes mais expressivos da política econômica, similares àqueles praticados no início de 2011. “A magnitude da deterioração de expectativas está exigindo ações bem mais conservadoras do governo. Para que sejam críveis as ações do governo são necessárias ações custosas”, avaliam os economistas.

Assim, avaliam, o “sucesso mediano” não se mostra capaz, sozinho, de reativar o ânimo do empresariado e o investimento produtivo, o que torna pouco provável que ocorra uma melhora expressiva no cenário econômico e, assim, do preço dos ativos financeiros domésticos.

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Desta forma, a LCA aponta que pode ter se criado o “pior dos mundos”: um pouco mais de Selic, um pouco menos de crédito de bancos públicos e um pouco mais de superávit primário – combinação que parece uma boa aposta para os próximos meses – não serão suficientes para reverter as expectativas ruins em relação à qualidade da política econômica. Por outro lado, essas medidas podem gerar algum arrefecimento cíclico da atividade econômica e, em especial, dos investimentos corporativos. “Ou seja, exagerando um pouco, num momento de credibilidade arranhada, gradualismo é o ônus sem o bônus”, avalia a consultoria.

Assim, afirma a consultoria, apesar das recentes ações do governo rumarem na direção correta, fica difícil apostar na volta da confiança dos investidores no atual governo e, por consequência, em forte recuperação dos ativos brasileiros. 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.