Dilma e Temer têm queda de braço por PMDB e impeachment; Maradona apoia a presidente

Noticiário do final de semana foi bastante movimentado, com a continuidade da guerra fria entre a presidente e o vice; enquanto isso, Cunha trabalha para colocar o seu processo no Conselho de Ética à estaca zero

Lara Rizério

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SÃO PAULO – O noticiário político do último final de semana foi bastante movimentado, com destaque para as movimentações anti e pró-impeachment, ressaltando as manifestações de domingo pedindo a saída da presidente Dilma Rousseff, além da “guerra fria” entre ela e o vice-presidente Michel Temer. 

Durante o final de semana, diversos jornais como O Estado de S. Paulo e O Globo destacaram que, numa “guerra fria” em que o rompimento se mostra iminente, Dilma e Temer definem estratégias diferentes para enfrentar a deflagração do processo de impeachment. 

O Estadão ressalta que o roteiro do vice é unificar a bancada do PMDB da Câmara dos Deputados, consolidando a força do vice. Tanto o Estadão quanto o Globo reforçam: depois disso, o vice pretende atrair para sua órbita outros partidos da base do governo, como PSD, PR, PTB e PP. O arremate da tática é forçar a saída dos ministros peemedebistas remanescentes na Esplanada. Segundo O Globo, Temer acena, discretamente, com espaços num eventual governo. 

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Se a presidente buscar fustigá-lo dentro do PMDB, Temer irá propor uma convenção do partido para consolidar o rompimento com o governo. Cabe lembrar que desde a semana passada, a presidente, em que pese o pedido de Temer de não interferir nos assuntos internos do PMDB, trabalha para retomar, via o deputado Leonardo Picianni, o controle da bancada peemedebista da Câmara, decisiva na votação do afastamento presidencial.

Vale ressaltar que, segundo informações do jornal O Globo, adversários de Picciani o ameaçam de expulsão se for concretizada a manobra em andamento para que ele retorne à função. O ex-líder do PMDB na Câmara reagiu e afirmou que há “tentativa de intimidação”.

Completando o clima de tensão política, no final da semana passada, Dilma jantou com o ex-ministro Ciro Gomes e com o governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, além do ministro Ricardo Berzoini, o que causou nova irritação entre os peemedebistas no Congresso. 

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Segundo o Estadão, os peemedebistas consideraram o jantar uma provocação, lembrando que o senador Eunício Oliveira (PMDB-CE), um dos escalados para ajudar Picciani, é adversário político de Ciro e estaria enfurecido com o encontro. Ciro Gomes, por sinal, negou que iria participar da articulação política do governo, mas voltou a criticar o vice, como fez nas últimas semanas. Ele afirmou que Temer faz parte da quadrilha do PMDB e que se arma contra a presidente um pacto “salafrário-mafioso”.

Sobre o assunto, vale destacar ainda a entrevista do braço-direito do vice e ex-ministro da Aviação Civil, Eliseu Padilha, ao jornal O Globo. Padilha indicou que o PMDB deve deixar o governo até o mês de março.

Segundo ele, a decisão sobre quando o PMDB deve deixar o governo será tomada na convenção do partido mas alertou, no entanto, que ela pode ser antecipada, ainda nesta semana, caso o governo interfira na disputa pela liderança do PMDB na Câmara e ajude Leonardo Picciani (PMDB-RJ) a retomar o posto. O ex-ministro nega que o grupo ligado a Temer esteja ligado ao impeachment; contudo, admitiu que o vice e seus aliados têm mantido conversas com lideranças políticas e setores do empresariado.

Datafolha
Segundo informações do jornal Folha de S. Paulo, o Datafolha apontou que, depois de 13 anos do governo do PT, 68% da população não viu melhora de vida. Só 31% dos brasileiros consideram que sua vida melhorou neste período, apesar da distribuição de renda no período “se comparar à das sociais democracias europeias no pós Segunda Guerra”.

O conjunto de crise econômica aguda, denúncias de corrupção, prisões de petistas e fragilidade política levam a maioria a achar ou que a vida piorou (26%) ou que ficou igual (42%). Só 24% veem o PT na Presidência como ótimo/bom. É bem menos do que os que o consideram ruim/péssimo (35%) ou regular (40%).

Manifestações de domingo
 As manifestações contra o governo Dilma Rousseff ocorridas no último domingo reuniram 83 mil pessoas em 26 estados e no Distrito Federal, em aproximadamente em 100 cidades, de acordo com informações da Polícia Militar, mostrando uma adesão relativamente baixa. Em março, esse número foi pouco superior a milhão de pessoas. 

O quórum abaixo do esperado reforça a estratégia da oposição de que é preciso adiar o
trâmite para tentar mobilizar a população. A oposição agora se mobiliza para os protestos de março.  O próximo protesto pedindo o afastamento de Dilma está marcado, segundo Kim Kataguiri, um dos líderes do Movimento Brasil Livre, para o dia 13 de março de 2016. “É quando a gente acredita que vai estar em votação no plenário da Câmara o relatório que vai sair da comissão de impeachment“. 

Já conforme destaca a LCA Consultores, a baixa adesão ajuda a compor o discurso de falta de legitimidade do impeachment. Além disso, pode influenciar os políticos que estão indecisos em apoiar o impedimento de Dilma. “De qualquer forma, a frustração com essas manifestações não altera o quadro atual, marcado pela fragilidade política de Dilma”, afirma a consultoria.

Ontem, o ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Edinho Silva, fez breve declaração sobre as manifestações ocorridas. “As manifestações são normais em um regime democrático. Tudo dentro da normalidade em um país democrático, que respeita a legalidade, que respeita as instituições; um Brasil que estamos construindo com muita dedicação democrática”, disse o ministro.

Saída à esquerda
Segundo informações da coluna Painel, da Folha de S. Paulo, o governo prepara o que chama de uma “suave correção de rota” caso a presidente da República sobreviva ao processo de impeachment.

Os auxiliares asseguram que a presidente tenderá, aos poucos, para a esquerda. A cobrança maior vem do PT e do ex-presidente Lula. A primeira vítima seria o ministro da Fazenda, Joaquim Levy. A coluna destaca que até mesmo os ministros que, até agora, estiveram ao lado dele na defesa de um superavit primário de 0,7% do PIB em 2016 já começam a dizer que a meta estabelecida pelo titular da Fazenda não é “razoável”, já que o PIB está em “queda livre”. 

Cunha quer levar ação contra ele à estaca zero
Segundo a Folha, dois meses após o protocolo da representação que pede a cassação do seu mandato, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), tentará nesta semana levar o trâmite do processo novamente à estaca zero. 

Os aliados do peemedebista vão pedir que todos os atos tomados sob a relatoria de Fausto Pinato (PRB-SP), que foi destituído da função na semana passada, sejam anulados e que seja dado novamente direito à manifestação da defesa.

Dilma recebe apoio de Maradona
Em meio à pressão pelo impeachment, a presidente Dilma recebeu uma declaração de apoio do ex-jogador Diego Maradona neste domingo (13). 
“Quero declarar o meu apoio à senhora presidente Dilma Rousseff. Meu coração está contigo”, escreveu Maradona, em espanhol, em sua página oficial no Facebook. 

A conta de Dilma na rede social compartilhou a mensagem, com um agradecimento da presidente. “Gracias [obrigado, em espanhol]. Obrigada pelo apoio!”, diz o texto.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.