Dilma é acusada de terceirizar os principais postos do governo, diz FT

O jornal britânico ressalta que, enquanto o escândalo da Petrobras continua fazendo manchetes, há sinais de que, em outras áreas, a atmosfera de crise que tem atormentado os primeiros cem dias de seu mandato pode ter diminuído ligeiramente justamente pelas mudanças políticas

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Em matéria, o Financial Times destacou que a presidente Dilma Rousseff está sendo acusada de terceirizar os altos cargos do governo, em meio a um cenário de instabilidade com o escândalo de corrupção na Petrobras e as manifestações que tomaram as ruas nos últimos meses.

O jornal britânico ressalta que, enquanto o escândalo da Petrobras continua fazendo manchetes, há sinais de que, em outras áreas, a atmosfera de crise que tem atormentado os primeiros cem dias de seu mandato pode ter diminuído ligeiramente justamente pelas mudanças políticas.

Na frente política, ela iniciou o mandato em conflito aberto com o Congresso Nacional com o seu principal partido de coalizão, o PMDB, demandando por mais poder depois de aumentar o seu poder de fogo na Câmara de Deputados.

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Os representantes da Câmara dos Deputados e do Senado, respectivamente, Eduardo Cunha e Renan Calheiros – ambos do PMDB – começaram o ano rejeitando a legislação proposta pela presidente, incluindo importantes medidas de aperto fiscal. Isso levou medo entre os mercados de que o Brasil poderia ser incapaz de cumprir promessas para conter um déficit orçamentário ascendente que está colocando o seu rating de crédito de grau de investimento em risco e levou o real para o menor valor em dez anos.

“Este mês, no entanto, o presidente estendeu um ramo de oliveira para seus parceiros de coalizão, entregando a responsabilidade pela coordenação política entre o Palácio do Planalto e o Congresso para Michel Temer, o vice-presidente do PMDB”.

E a medida gerou críticas da oposição de que o presidente estaria terceirizando a política para o PMDB. “Hoje, a presidente Dilma já não é aquela que governa o Brasil”, afirmou Aécio Neves, líder do PSDB. João Augusto de Castro Neves, analista de Eurasia Group, ressalta: “É um sinal da fraqueza da Dilma.”

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E a terceirização dentro das funções mais importantes do governo Dilma, destaca a oposição, foi impulsionada pela crescente presença do Joaquim Levy, o novo ministro da Fazenda, no poder, conforme destaca o FT. “Um falcão fiscal trazido do setor privado para substituir o Guido Mantega, o economista de Chicago está retirando a generosidade fiscal e as políticas estatistas que marcaram o primeiro mandato de Dilma Rousseff”, afirma o jornal, destacando que Levy é visto como autônomo e como a maior esperança de restaurar o orçamento do Brasil. E, caso Dilma queira ditar políticas, ele pode se demitir e aumentar as saídas dos investidores.

Levy também parece ser capaz de negociar com o PMDB, que apóia amplamente o ajuste fiscal, afirma o jornal britânico, com Michel Temer reforçando este novo papel. “A terceirização percebida reduz a própria margem de manobra da presidente”, destaca o jornal. Contudo, com essa mudança, ela terá mais tempo para lidar com a Petrobras e com os problemas com o Congresso. Enquanto as manifestações de domingo não foram tão grandes como no mês anterior, a indignação pública por causa do escândalo Petrobras não está indo embora, diz o FT.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.