Dilma diz que discurso de FHC é falácia e afirma que não se pode abrir mão de apoio

"Eu fico estarrecida quando escuto essa história... de que o povo não saber votar", disse a presidente, que ainda comemorou a vitória em Minas Gerais e Rio Grande do Sul

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – A presidente Dilma Rousseff (PT) concedeu uma entrevista coletiva na tarde desta terça-feira (7) em Brasília, após participar de uma reunião com governadores e deputados eleitos em primeiro turno. A candidata comentou algumas de suas propostas, mas também respondeu perguntas de jornalistas, comentando sobre a “briga” pelo apoio de Marina Silva (PSB), além de criticar falas recentes de Fernando Henrique Cardoso.

Questionada sobre a fala do ex-presidente tucano, que horas após a eleição afirmou que o eleitor no Brasil vota de forma errada por que não tem educação. “Eu acho lamentável, essa é uma visão elitista do País”, disse Dilma, que chamou o discurso de FHC de falácia. “Vocês sabem qual é uma das grandes coisas do Brasil?… Se tivesse 10 milhões de habitantes, [o País] não seria uma potência mundial. A gente tem 200 milhões de pessoas. As pessoas são o potencial humano ao País e isso que importa”, disse.

“Eu fico estarrecida quando escuto essa história, e eu ouvi muito na minha vida, de que o povo não saber votar. Você sabe como era nessa época? Não tinha eleição. Falar que não sabe votar porque não teve oportunidade é uma mentira”, completou Dilma.

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A candidata ainda foi questionada sobre a “disputa” para conseguir o apoio de Marina Silva no segundo turno. “Ninguém pode abrir mão do apoio de ninguém, ainda mais em uma eleição. Mas também precisamos saber que ninguém é dono do eleitor”, ressaltou Dilma. “Eu gosto de resumir isso na frase ‘um homem, um voto. Ou melhor, uma mulher, um voto'”, completou a presidente.

Vale destacar que desde ontem, rumores indicam que Marina deve apoiar a candidatura de Aécio Neves no segundo turno, mesmo que isso não seja consenso com seu partido. Hoje, a pessebista afirmou que a decisão final será anunciada na quinta-feira, dia 9.

Propostas e reforma política
Em seu discurso, Dilma focou sua fala em propostas para um possível segundo mandato, no qual, segundo ela, os destaques ficam para Saúde e Segurança Pública. “Pesquisas demonstram que a população brasileira querem melhorias nestes setores”, afirmou a presidente.

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No assunto saúde, a candidata disse que criará o “Mais Especialidades”, um programa que iria construir uma rede de centros especializados. “Pessoas serão atendidas com mais rapidez, já que terão hora marcada e prazo para ser atendido. A proposta uniria a iniciativa pública, privada e filantrópica.

No campo da segurança, a proposta é criar centros de operações de controle, semelhantes aos criados na Copa, no País inteiro. “Iremos integrar as polícias e as forças armadas, que irão atuar juntas, não só na questão de inteligência, mas fazendo mais”, dise Dilma.

A presidente também entrou no campo da disputa eleitoral e afirmou que está ocorrendo uma diferenciação entre PT e PSDB, mas que isso não é totalmente verdade. “Está havendo uma oposição entre os ricos e os pobres. Nós faremos a política dos pobres e eles [PSDB] a dos ricos. Ela é parcialmente verdadeira, e não inteiramente”, afirmou.

“Os governos do PMDB e PT, assim como o Lula, tiveram uma preocupação fantástica e que pode ser sintetisada na frase: ‘incluir os pobres no orçamento e sempre elevá-los a uma situação melhor'”, completou a presidente.

Por fim, Dilma ainda afirmou que a prioridade no Brasil é a educação, mas também destacou que a melhor arma contra a corrupção é a reforma política. “Eu acho que o Brasil precisa ter uma reforma política. Sem isso não teremos como melhorar”, completou.

Derrota em São Paulo
Dilma ainda foi questionada sobre a derrota que sofreu em São Paulo, o maior colégio eleitoral do País e que Aécio foi o vencedor. “Nós achamos São Paulo um estado muito importante. Pretendo dar toda atenção do estado, olhando inclusive para propostas específicas para ele”, destacou a presidente, ressaltando que irá conversar com todos os setores.

Sobre uma análise do cenário na região, Dilma foi sucinta: “Eu não tive voto [em São Paulo]. Essa é a análise, simples e humilde”, disse a candidata. “Mas fiquei feliz de ganhar em meu estado natal [Minas Gerais] e no Rio Grande do Sul [berço político de Dilma]”, continuou. “Eu vou lutar para ganhar em todos os estados possíveis. Não tem essa de ganhar em um lugar e não achar importante”, completou a presidente.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.