Dilma ataca Serra após notas do Itamaraty e fala em preocupação com o futuro do Mercosul

Presidente afastada, que responde a processo de impeachment no Senado, diz que "forças partidárias, como as que pretendem agora conduzir a política externa brasileira, não têm autoridade para invocar o princípio da soberania"

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – As manifestações de não reconhecimento do governo que assumiu interinamente o comando do Brasil por alguns países vizinhos e lideranças políticas latino-americanas receberam duras reações de repúdio do Itamaraty, sob comando de José Serra, nos últimos dias. Depois de atacar o que chamou de “falsidades” propagadas por Venezuela, Cuba, Bolívia, Equador e Nicarágua, ALBA/TCP (Aliança Bolivariana para os Povos de Nossa América/Tratado de Comércio dos Povos), além das críticas do secretário-geral da Unasul, Ernesto Samper, ontem a pasta divulgou nova nota em resposta ao governo de El Salvador, que também não reconhece a gestão de Michel Temer.

Tais posições incisivas do novo comandante do Itamaraty geraram reação da presidente afastada Dilma Rousseff, que responde a processo de impeachment no Senado. Em comunicado, a petista fala em uma “tentativa de justificar o ataque ao Estado Democrático de Direito conduzido por partidos políticos, empresários, oligopólios da informação e corporações”. Diz a nota que a reação desses governos que não veem legitimidade na gestão Temer “expressa a indignação internacional diante da farsa jurídica montada”.

Dilma mostra preocupação com os efeitos do processo ocorrido no Brasil sobre a região toda, sobretudo no futuro do Mercosul. Ela ainda critica a argumentação usada por Serra para as duras notas emitidas, amparadas no conceito de soberania de cada Estado para suas próprias decisões internas. “Forças partidárias, como as que pretendem agora conduzir a política externa brasileira – tradicionalmente submissas às grandes potências – não têm autoridade política ou moral para invocar o princípio da soberania, sobretudo quando têm costumeiramente praticado a ingerência nos assuntos internos de outros países da região”, dizia a nota.

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Leia a íntegra do comunicado:

O mundo preocupado com o golpe no Brasil

Na tentativa de justificar o ataque ao Estado Democrático de Direito conduzido por partidos políticos, empresários, oligopólios da informação e corporações, o Ministério Interino de Relações Exteriores do Brasil emitiu notas criticando governos latino-americanos e o Secretário-Geral da Unasul, Ernesto Samper, por denunciarem o golpe parlamentar que afastou Dilma Rousseff da Presidência da República.

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A reação de governos estrangeiros e de importantes setores da opinião pública mundial, entre eles o Secretário-Geral da OEA, expressa a indignação internacional diante da farsa jurídica aqui montada. Ao mesmo tempo, revela a preocupação de que essas práticas, travestidas de legalidade, possam se espalhar por outras partes do mundo, especialmente na América Latina, promovendo a desestabilização de governos legítimos e revertendo as grandes conquistas sociais e democráticas alcançadas nos últimos 15 anos.

Forças partidárias, como as que pretendem agora conduzir a política externa brasileira – tradicionalmente submissas às grandes potências – não têm autoridade política ou moral para invocar o princípio da soberania, sobretudo quando têm costumeiramente praticado a ingerência nos assuntos internos de outros países da região.

Governos e povos da América Latina estão também preocupados com as ameaças que o novo ministro recorrentemente fez ao Mercosul e com sua disposição de estabelecer acordos econômicos e comerciais profundamente lesivos ao interesse nacional.

Fieis e gratos à solidariedade que estamos recebendo do mundo inteiro, nos sentimos mais fortalecidos em nossa disposição de resistir ao golpe que se pretende consumar contra nossa democracia.

Assessoria de Imprensa

Presidenta Dilma Rousseff

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.