Dilma, Aécio ou nenhum dos dois: para onde vão os “cobiçados” 21% de votos de Marina?

Diferença entre Dilma e Aécio no primeiro turno foi de pouco menos de 8,5 milhões de votos, o que faz os "marineiros" bastante cobiçados

Lara Rizério

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SÃO PAULO – 22,1 milhões. Este é o número que pode fazer a diferença nestas eleições. Com um percentual conquistado de 21,32%, a candidata derrotada do PSB Marina Silva não ingressou para o segundo turno das eleições, mas o seu capital político deve ser disputado pelos que foram para a segunda etapa: Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB).

Dilma obteve 43,2 milhões de votos (41,59%) e Aécio, 34,8 milhões (33,55%) no primeiro turno. Com uma diferença de um pouco menos de 8,5 milhões de votos, os números que Marina obteve – e para onde eles irão  agora – serão determinantes para definir quem será o novo ou nova presidente do Brasil. 

Muitos analistas destacam que seria necessário que Aécio conquiste 70% dos eleitores de Marina para que ele saia vitorioso das eleições presidenciais – mas ele também precisará de mais votos, até mesmo dos nanicos, para tirar esta diferença frente a candidata petista. Aécio Neves costura uma aliança com Marina Silva, que pode sair ainda esta semana. 

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 Porém, o potencial de transferência de votos é difícil de medir, afirma o cientista político e professor da FGV (Fundação Getulio Vargas) Marco Antônio Teixeira, já que já houve uma grande transferência de votos já na reta final do primeiro turno, quando o eleitorado teve a percepção de que o tucano seria mais forte para enfrentar Dilma.

Além disso, é difícil dizer que um pouco mais de dois terços dos votos vá para Aécio e um terço vá para Dilma. “Boa parte deste eleitorado, que se identifica com o discurso de Marina anti-polarização do PT-PSDB deve votar em nulo”, destaca o professor.

Assim, há três destinos para os votos de Marina: voto em Dilma, voto em Aécio ou voto em branco/nulo. 

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Para que lado os marineiros tendem?
A consultoria britânica Maplecroft Global Risk Analytics, que fez relatório avaliando como maiores as chances de Dilma ganhar as eleições, também vê alguns problemas na transferência de votos maciça da pessebista para Aécio. 

“Boa parte dos partidários de Marina parece já ter ido para Aécio nas duas semanas que antecederam a eleição. O apoio de Marina também inclui numerosos eleitores de centro-esquerda que tinham usado anteriormente seu voto para protestar contra a corrupção do PT. Mas, agora, eles estariam mais alinhados a votar em Dilma por conta do seu programa de governo em relação à agenda programática defendida por Aécio”, afirma a consultoria.

Já para a corretora japonesa Nomura, é bem possível que sejam convertidos cerca de 70% dos votos de Marina para Aécio. Para o chefe de pesquisa de mercados emergentes da Nomura, Tony Volpon, isso é possível por uma série de razões. Em primeiro lugar, Aécio tem recursos e uma maquina política poderosa que pode apoiar a sua arrancada. 

Em segundo lugar, Marina Silva se posicionou fortemente contra Dilma Rousseff durante a campanha o que, de acordo com a Nomura, significa que seus partidários estão propensos a votar da maneira como Marina tender.

Em terceiro lugar, está a expectativa é de que Marina endosse formalmente o apoio a Aécio Neves – ao contrário de sua postura neutra na corrida de 2010 -, em que ela também ficou em terceiro lugar. 

Conforme aponta o professor da FGV Marco Antônio Teixeira, um dos estados em que pode ocorrer um movimento maior de mudança é Pernambuco, onde Aécio conseguiu a sua menor votação no Brasil, de apenas 6%, enquanto Marina foi a vencedora. Com o apoio da família de Eduardo Campos, presidenciável pernambucano pelo PSB morto em um acidente aéreo e que tinha uma grande influência política no estado, a situação pode virar no estado.

Teixeira também destaca que, numa eleição tão disputada, os votos dos “nanicos” também terão influência. Os de Luciana Genro (PSOL) irão provavelmente para Dilma Rousseff. Os votos de Pastor Everaldo (PSC), Levy Fidelix (PRTB) devem ir para Aécio. Os votos de Eduardo Jorge (PV) também podem ir para Aécio, mas também podem ser direcionados para Dilma. 

Assim, os próximos passos de Marina deverão ser observados pelo mercado. Entre pesquisas eleitorais, apoios e estratégias dos candidatos, o novo presidente será conhecido no final do mês, assim como o destino dos votos da candidata do PSB.  

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.