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SÃO PAULO – Em reportagem em que narra o desenrolar e a extensão do escândalo da Petrobras (PETR3;PETR4) descoberto através da Operação Lava Jato, o jornal britânico Financial Times destaca que as denúncias de corrupção já vem afetando a popularidade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O jornal destaca o depoimento de Augusto Ribeiro de Mendonça Neto, ex-membro do Conselho da empresa de serviços de petróleo e gás Toyo Setal, em que alega que pagou suborno para os dirigentes do PT entre 2010 e 2013 em troca de ganhar contratos com a Petrobras.
Mendonça disse que o ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, pediu-lhe para disfarçar os suborns como pagamentos para uma empresa de impressão e publicidade chamada Gráfica Atitude.
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“E a fala de Mendonça dá uma dimensão da corrupção endêmica do partido no poder de Dilma Rousseff e sua coligação. As acusações – que são negadas tanto pelo PT quando por Vaccari – juntamente com a recessão econômica, que também afetam vários partidos do governo da América Latina, estão ameaçando remodelar o futuro político do maior país do continente e da economia mais importante da região”, avalia o FT.
“Tão profundo é o desencanto – com os críticos acusando o PT de usar a Petrobras como uma fonte de fundos ilícitos para ajudá-lo a se manter o poder – que até o político mais antigo e o maior vencedor, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-presidente, está sob fogo direto, pela primeira vez”, afirma, destacando uma investigação preliminar aberta este mês e revelada pela revista época para investigar suposto tráfico de influências.
“Lula era um dos políticos mais populares do mundo quando ele deixou o cargo após oito anos em 2010. No entanto, este mês, ele foi submetido a um panelaço quando ele apareceu na TV para defender a posição do PT sobre os direitos dos trabalhadores”, destacou o jornal britânico.
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“Nem na história recente Lula enfrentou algo parecido com o panelaço“, disse Fernando Schuler, professor do Insper, ao jornal. “Antes, a diferença era que esses movimentos eram contra Dilma, agora eles estão batendo em Lula.”
Uma das principais fontes de descontentamento com Lula, Dilma Rousseff e o PT, ressalta o jornal, são os problemas na Petrobras. “Apesar de não ser acusada de envolvimento direto com a corrupção, Dilma era presidente do Conselho de Aministração quando grande parte do delito ocorreu e Lula era o presidente da República”, afirma.
O jornal ainda destaca a divulgação dos resultados auditados da empresa em 22 de abril de 2015 após meses de espera, que resolveu a crise imediata. Contudo, afirma, a situação da estatal segue dramática.
Isso porque a crise está atrasando o desenvolvimento de descobertas de petróleo ao longo da costa sudeste, conhecida como pré-sal. E lembra que, em 2007, quando a Petrobras anunciou as suas descobertas do pré-sal, o PT deu início a uma onda de nacionalismo do petróleo, revivendo o slogan “O petróleo é nosso”.
“O PT, um partido que nasceu da luta que ajudou o Brasil a superar uma ditadura militar de 20 anos que terminou em 1984, prometeu que o petróleo do pré-sal iria bancar as melhorias tão necessárias na educação e na saúde. Hoje, os críticos brincam que o PT realmente quis dizer que o petróleo era literalmente deles”, destaca o jornal.
Tentando preencher o vácuo
Em meio à crise até dentro do PT e a queda de popularidade da presidente Dilma, assim como um Congresso rebelde, a presidente evitou fazer o tradicional discurso em rede nacional do dia 1º de maio e Lula tentou preencher o vácuo.
“Lula também deu a entender que ele poderia ficar de pé novamente nas eleições de 2018”, destacou o FT, destacando a fala dele de que pode estar” voltando para a luta”, proclamou.
“Com quase quatro anos pela frente, o PT pode se recuperar, dizem analistas. Mas os erros do partido sobre a economia, o escândalo da Petrobras e o outro caso anterior de corrupção, conhecido como mensalão, em que ‘companheiros’ próximos a Lula foram condenados por compra de votos no Congresso, mostram problemas profundos”, ressalta o jornal.
Contudo, há notícias positivas mesmo neste escândalo de corrupção. “Se há uma coisa que a investigação da Lava Jato tem mostrado, é que as instituições do Brasil estão amadurecendo. A impunidade para os ricos e poderosos continua a ser um problema enorme, mas agora não é mais tão fácil [não ter punição] como era antes”, ressalta o jornal.
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