Desafio hoje dos institutos de pesquisa eleitoral é monstruoso, diz fundador do Idea Big Data

Segundo destaca Maurício Moura, as pessoas hoje mudam de opinião em um espaço muito mais curto de tempo, o que dificulta os institutos de pesquisas a darem uma resposta dinâmica com ferramentas que ainda são tradicionais e estáticas

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Como serão as eleições brasileiras com a internet cada vez mais sendo uma das grandes fontes de informação para a população? Para o economista e fundador do instituto de pesquisa Ideia Big Data, Maurício Moura, há um lado bom nisso, porque as pessoas têm acesso à informação de maneira mais efetiva e escalável. Mas tem um lado ruim, pois assim é muito mais fácil propagar fake news num curto espaço de tempo, apontou ele para o Podcast da Rio Bravo. 

Moura alerta, nesse sentido, para o perigo da formação das bolhas: “Os algoritmos ligados às plataformas de redes sociais acabam fazendo com que as pessoas de mesma opinião dialoguem apenas entre si”. Levando em consideração todos esses pontos, e tomando como base as eleições na Colômbia e no México no primeiro semestre de 2018, Maurício Moura assinala a importância de dois temas que mobilizam o interesse do público na disputa eleitoral deste ano: combate à corrupção e segurança pública. 

Além disso, uma outra questão que sempre causa polêmica e vem à tona em todas as eleições é a capacidade de previsão do resultado das eleições das pesquisas. Essa é uma questão sempre desafiadora para os institutos – e o desafio aumenta à medida em que a tecnologia avança. 

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“O eleitor hoje recebe muito mais informação e ele tem um potencial de mudar de ideia, dada as informações que ele recebe via telefone, via internet, muito maior do que no passado, então as pessoas hoje mudam de opinião com um espaço muito mais curto de tempo, o que dificulta os institutos de pesquisas a darem uma resposta dinâmica com ferramentas que ainda são tradicionais e estáticas. Ou seja, o desafio dos institutos de pesquisa é reagir à velocidade que as pessoas formam opinião. Esse desafio é monstruoso”, destaca Moura. 

Confira a entrevista abaixo:

Rio Bravo: Nas últimas eleições, Maurício, as pesquisas eleitorais têm sido colocadas contra a parede quanto à sua exatidão para estimar os resultados das eleições. A gente sabe que a pesquisa vai fotografar um momento, mas ainda assim esses levantamentos têm sido questionados. Você concorda com esses questionamentos com relação aos métodos tradicionais?

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Maurício Moura: Bom, há dois elementos distintos. O primeiro é um fato que as pesquisas acertam, antecipam muito mais os resultados finais do que não antecipam, mas é óbvio que a não antecipação ganha uma proporção muito maior do que a antecipação. Eu acho que o maior exemplo global foi a eleição da Hillary Clinton contra o Donald Trump em 2016.

Os institutos de pesquisa apontavam a vitória da Hillary com uma margem de 2% a 3%. Essa margem se concretizou, ela ganhou no voto popular, mas como o sistema de votação americano é diferente, não conseguiu antecipar as votações em alguns estados-chave. Então  teve-se a noção de que os institutos erraram quando na verdade, friamente, eles anteciparam o total de votos, mas não conseguiram antecipar o resultado, então ainda se acerta muito mais do que se erra. Dito isso, o eleitor hoje, em função da internet, das redes sociais, do acesso dele à telefonia mobile, recebe uma quantidade de informações muito maior num espaço curto de tempo.

Vou dar um exemplo acadêmico nosso. Em 1989, quando o Collor foi eleito, o único evento que poderia mudar a eleição nos últimos dez dias antes da votação do segundo turno foi uma denúncia que eventualmente uma ex-namorada do presidente Lula tinha sido abordada por ele para abortar uma filha.

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Na última semana da Hillary versus o Trump, a gente computou 85 eventos que poderiam mudar a eleição. Ou seja, o eleitor hoje recebe muito mais informação e ele tem um potencial de mudar de ideia, dada as informações que ele recebe via telefone, via internet, muito maior do que no passado, então as pessoas hoje mudam de opinião com um espaço muito mais curto de tempo, o que dificulta os institutos de pesquisas a darem uma resposta dinâmica com ferramentas que ainda são tradicionais e estáticas. Ou seja, o desafio dos institutos de pesquisa é reagir à velocidade que as pessoas formam opinião. Esse desafio é monstruoso.

Rio Bravo: Mas existiu no caso das eleições norte-americanas, em 2016, um grande evento, que foi a denúncia em relação aos e-mails. No caso, a reabertura da investigação pelo então chefe do FBI, James Cullen, com relação à campanha da Hillary Clinton. Esse foi o grande evento naquela ocasião.

Maurício Moura: É, na verdade sim e não. Sim, esse foi um evento que derivou vários eventos. Inclusive, a gente teve muitos eventos que depois foram claramente considerados fake news, o fato é que diariamente as campanhas eram bombardeadas com novos temas, novas informações, novos momentos, que é uma coisa que é nova, que é só ganha escala e o volume em função das plataformas tecnológicas que fazem com que as informações se disseminem muito rápido. Hoje o eleitor é bombardeado de informação, de conteúdo, de dados num espaço muito curto de tempo e os institutos têm o grande desafio de tentar monitorar isso.

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Rio Bravo: E como é que vocês, o Ideia Big Data, lidam com isso?

Maurício Moura: Uma coisa que aprendi é que na política e em uma campanha eleitoral, não se pode analisar com uma fonte de informação somente. Então, se olhar uma pesquisa só a chance de fazer uma leitura primária e ruim do cenário é muito grande. O que a gente tenta fazer no Ideia é uma análise do cenário eleitoral com diversas fontes de informação, seja pesquisas mais tradicionais, como o face a face, telefônica, seja monitoramento de redes sociais, seja o monitoramento através de um aplicativo de commom source, seja através de grupos focais.

Ou seja, as melhores campanhas, as melhores análises não dependem de uma fonte de informação só, elas analisam diversas fontes de informação. Vou dar um exemplo muito simples. Nos estados aonde o Trump ganhou, a procura pelo nome dele como presidente no Google na última semana, em Wisconsin, Indiana, Pensilvânia, Flórida, era muito maior do que a procura pela Hillary. Tinha elementos que poderiam dar algum subsídio para o fato de você ter uma pesquisa, por exemplo, na Flórida, onde a Hillary estava um ponto e meio na frente, ou seja, na margem de erro, e você tinha que agregar outros elementos para poder entender a tendência. E acho que hoje o segredo é isso, você não depender, porque a fonte de informação é tão diversa, então é muito arriscado você depender de um tracking, de um número, de uma pesquisa para antecipar uma tendência.

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Rio Bravo: O que os levantamentos conduzidos por vocês ao longo dos últimos meses revelam sobre o processo de formação da opinião pública num contexto tão marcado pelas mídias sociais?

Maurício Moura: Acho que tem três elementos. O primeiro elemento é a dinâmica. O processo de formação da opinião pública é muito rápido hoje. E isso tem o lado bom, porque as pessoas têm acesso a informação de uma maneira mais efetiva e mais escalada, e tem o lado ruim, que é muito mais fácil você propagar fake news, notícia falsa, num curto espaço de tempo. Tem o segundo aspecto, que é muito particular na tecnologia inerente das redes sociais. É que os algoritmos que estão ligados às plataformas de redes sociais acabam fazendo com que as pessoas de mesma opinião só dialoguem, na sua essência, com pessoas de mesma opinião.

Rio Bravo: São as chamadas bolhas…

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Maurício Moura: As famosas bolhas. E tem um terceiro elemento, que é o elemento que eu acho que é o mais relevante. É que hoje o acesso às mídias sociais não é através de uma plataforma de computador, a essência do acesso é o mobile, o que faz ainda que seja mais rápido e mais escalável ainda. E a tendência é que o mobile passe a ser a principal plataforma de acesso ao conteúdo, deixando de ser a televisão, o computador e as pessoas vão ouvir rádio, vão ver televisão através do celular. Esse é um fenômeno que só cresceu exponencialmente nos últimos anos. 

Rio Bravo: Dentro desse cenário, é possível ter alguma surpresa em relação a essa formação de opinião, que muda tão rapidamente?

Maurício Moura: Sim, uma coisa que a eleição da Colômbia e a eleição do México nos ensinaram foi que a principal plataforma digital da eleição não foi o Facebook, não foi o YouTube, não foi o Instagram, foi o WhatsApp. Uma coisa que mudou desse ciclo eleitoral para o ciclo eleitoral de quatro anos atrás é que primeiro, as pessoas no Brasil – e no caso do México e na Colômbia foi muito evidente isso – usam mais o WhatsApp, acessam mais o WhatsApp.

E segundo, hoje no Brasil a gente tem uma estimativa que tem 125 milhões de WhatsApps e 90 milhões de WhatsApps ativos, pessoas que usam com grande frequência. Desses, a maioria esmagadora – a gente estima com mais de 95% – tem um grupo de WhatsApp no qual ela se relaciona não só com uma pessoa, mas com várias ao mesmo tempo. Então, o WhatsApp passou a ser a principal plataforma de discussão política e disseminação de conteúdo. Isso aconteceu no México, aconteceu na Colômbia e certamente vai acontecer no Brasil. Isso tem duas derivadas.

A primeira é que as coisas andam muito depressa e de uma maneira orgânica. É diferente de você hoje numa rede social, que você tem que impulsionar o seu conteúdo. E a segunda é que é muito mais difícil de monitorar, porque o WhatsApp não é público, não é transparente, então cria-se um desafio para saber como é que a opinião pública está se movendo num ambiente que é muito mais privado.

Rio Bravo: Você esteve no México durante os dias finais da campanha eleitoral que acabou resultando na vitória do López Obrador no México, uma eleição que foi bastante comentada pelos analistas políticos no mundo todo. O que essa eleição mostrou para você que pode ser, de certa forma, trazido para o cenário nacional em termos de campanha, em termos de engajamento do público via mídias sociais?

Maurício Moura: A primeira é que não existe a menor possibilidade de uma campanha bem-sucedida do ponto de vista de estratégia que não tenha uma tática para lidar com o WhatsApp, para distribuir conteúdo no WhatsApp, para estimular discussão, criar argumentos, chegar nos eleitores de uma maneira mais personalizada possível. Eu acho que todas as campanhas e, principalmente, a do López Obrador, no seguinte sentido, elas se dedicaram à produção de conteúdo, disseminação e argumentação via WhatsApp, então essa é uma lição para as campanhas brasileiras. É impossível você passar por uma campanha hoje sem ter uma estratégia de WhatsApp. Em 2010, começou a ser impossível você passar por uma campanha sem ter uma página de Facebook, um site. Agora não, agora isso já foi superado e a questão é: qual é a sua estratégia de WhatsApp?

Do ponto de vista de conteúdo, uma coisa que vai ser muito similar na campanha do México à campanha do Brasil é que os dois principais temas lá… Economia sempre é um tema de campanha presidencial, em qualquer circunstância, só que o que eu percebo na América Latina é que — tanto na Colômbia quanto no México agora, muito forte — a economia deixou de ser a protagonista única do debate presidencial. No México, houve dois elementos que são bem consistentes com o que a gente vai ter no debate brasileiro, que é a questão da luta contra a corrupção – e aí as redes sociais têm um importante papel de dar transparência e velocidade e dinâmica para compartilhar informação e o eleitor e o cidadão saber o que está acontecendo numa velocidade muito mais rápida — e a questão da violência e da Segurança Pública, que eram temas locais. No caso do Brasil, é um tema de discussão estadual. Nesse ano, assim como no México, corrupção e violência vão ser temas presidenciais. Eu acho que isso é muito semelhante.

Rio Bravo: Você já mencionou isso em duas respostas, então eu queria retomar esse tema das fake news. Como é que as fake news podem atrapalhar o cenário, a conjuntura eleitoral, no Brasil, tendo em vista que fora dos grandes centros a disseminação desse conteúdo, por exemplo, mesmo via WhatsApp, é rarefeita em comparação ao grande protagonismo que a televisão ainda possui? Qual é a sua avaliação a respeito?

Maurício Moura: Em primeiro lugar, eu acho que na academia se comprovou que a fake news teve um papel muito relevante no referendo do Brexit. O principal argumento de quem queria tirar o Reino Unido da União Europeia era que o Reino Unido gastava 300 milhões de libras por semana com a União Europeia, que era uma fake news gigantesca, e 55% das pessoas que dizem ter votado a favor da saída tinham nesse argumento o principal. “Não quero gastar tanto com a União Europeia, quero que gaste internamente”. Então, a fake news realmente fez a diferença no Brexit. É muito mais difícil mensurar o efeito da fake news na eleição do Trump ainda, porque tinha muito mais conteúdo falso, não tinha um central. No Brasil, há dois aspectos.

O primeiro é que fake news sempre existiu em eleição, então não é nenhuma novidade. Todas as eleições que a gente monitorou tinha alguma notícia falsa, a diferença é a capacidade dessas plataformas de escalarem em volume e tempo. Eu acho que a fake news vai ser um elemento central da eleição. Foi no México, foi na Colômbia. A única forma de combater fake news que eu tenho estudado é o próprio eleitor, o próprio cidadão ter o discernimento de avaliar se aquilo é real ou não e, se não for real, não compartilhar. E as campanhas, a única coisa que elas podem fazer é identificar alguma fake news que realmente vá fazer estrago e rebater rapidamente, porque a velocidade entre você descobrir e você responder é crucial para a propagação. No Brasil, tivemos o exemplo do caso da vereadora Marielle, que teve um início de uma propagação de fake news, eles identificaram e responderam, o que matou muito rapidamente.

A televisão é importante, mas tem perdido protagonismo ao longo dos ciclos eleitorais. Lembrando que audiência do horário eleitoral é um “U”, começa muito alto na primeira semana, cai e volta a crescer na última semana antes da eleição. A audiência no ápice do período eleitoral, em 2008 era 22 pontos, em 2016 passou para seis, despencou a audiência de TV. Não que as pessoas não acessem o conteúdo da TV, as pessoas estão acessando o conteúdo da TV via celular, via YouTube. A campanha, hoje, não pode depender de uma plataforma só. A TV passou a ser uma das plataformas de uma campanha 360 graus, então mesmo nos rincões, hoje, não se faz campanha só de TV, as pessoas têm celular, as pessoas ouvem rádio, as pessoas acessam a Internet cada vez mais. Isso não andou para trás, andou para frente, então a tendência é que a TV seja uma das plataformas e o conteúdo da TV apareça em várias plataformas, então quem não souber dominar isso e anestesiar os riscos disso — um dos riscos claros é a fake news — vai ter muita dificuldade.

Rio Bravo: Algumas campanhas majoritárias que têm se pautado inclusive nesse sentido – quer dizer, em dizer que a partir de agosto, quando TV entrar em cena, determinados candidatos vão ganhar mais tração -, eles estão equivocados em acreditar que isso vai dar força decisiva?

Maurício Moura: Só a TV, certamente não. Agora, uma campanha que tenha um conteúdo adequado para o eleitor, para o grupo adequado de eleitores para aquela causa, para aquela mensagem, que seja capaz de disseminar esse conteúdo além da TV, certamente vai ter uma probabilidade de sucesso maior.

Rio Bravo: O que o comportamento das pessoas que estão nas mídias sociais pode revelar sobre o seu perfil como eleitores? O chamado “voto envergonhado” pode ser descoberto com as métricas que vocês utilizam, por exemplo?

Maurício Moura: Eu acho que o voto envergonhado está muito mais em monitorar plataformas de buscas do que plataformas de redes social mais aparentes. Por exemplo, vejo o Facebook como mais forte na radicalização, na polarização, o que me revela muito pouco, porque essas pessoas fazem parte de determinados grupos de pensamento. O que eu aprendi foi que revela muito mais monitorar a plataforma de busca, porque na busca a pessoa não está se revelando, ela está buscando uma determinada palavra, um determinado conceito, um determinado conteúdo, então acredito muito mais em encontrar esse eleitor via plataformas de buscas do que plataformas de rede social mais expostas.

Rio Bravo: O mesmo vale, portanto, para o Twitter, no caso. Você falou do Facebook e o mesmo vale para o Twitter.

Maurício Moura: Sim.

Rio Bravo: Pensando agora nos Estados Unidos, porque você trouxe o exemplo da eleição norte-americana, o Donald Trump tem um manejo do Twitter que é incomparável em termos de personalidade pública e mesmo de ator político. Quer dizer, ele consegue trazer toda atenção para aquilo que ele escreve ali. O quanto o uso autêntico das mídias sociais pelos políticos pode alavancar determinada candidatura? Porque a gente sabe que muitos candidatos utilizam ghost writers para escrever os tweets ou mesmo as postagens do Facebook ou mesmo no Instagram, por exemplo.

Maurício Moura: A resposta é [alavancar] muito. As pessoas buscam autenticidade nas redes sociais e os casos de sucesso hoje na política são aqueles casos aonde o eleitor percebe esse elemento de autenticidade muito explícito. O caso do Twitter do Trump é um caso muito particular, porque o que o Trump faz no Twitter tem duas características. A primeira é de se relacionar diretamente com o eleitor, sem passar pela mídia espontânea ou pelos grandes canais de comunicação. Por outro lado, o que ele escreve no Twitter só tem essa hiper-discussão porque os canais de comunicação fazem daquilo uma notícia. Então, é uma combinação do elemento novo, de você dialogar diretamente, com o potencial da mídia espontânea. É um caso muito único. 

Rio Bravo: Porque o Barack Obama, há dez anos, em 2008, usava bastante o Twitter.

Maurício Moura: Usava, mas a repercussão do Trump é desproporcionalmente maior, porque ele cria notícia o tempo inteiro. O Twitter não é… Além de ser uma comunicação direta, é um fomentador de notícia, ele gera notícia, não gera conteúdo, não gera informação. O histórico do Twitter começou muito mais com os políticos gerando informação, informando o eleitor, os seguidores. O Trump foi para a linha da polêmica, da notícia, então é interessante porque ele se comunica diretamente, mas tudo que ele coloca no Twitter vai para as mídias tradicionais. É superinteressante esse caso, e eu acredito, olhando de fora, que o Trump foi fundamental para a sobrevivência do Twitter até como plataforma. É que o Twitter perdeu muita relevância e o Trump levantou essa plataforma. É superinteressante esse caso, mas é difícil replicar. O que dá para replicar é o elemento de autenticidade, como você mencionou.

Rio Bravo: Não existe, portanto, nenhum outro candidato que seja capaz, mesmo no Brasil, no caso, que seja capaz de fazer disso uma fonte de informação como o Trump faz nos Estados Unidos.

Maurício Moura: É, muito difícil, porque ele é o presidente dos Estados Unidos e tem uma capacidade de geração de polêmica única. Quase que diariamente ele está gerando uma polêmica no Twitter.

Rio Bravo: Temas sensíveis no Brasil, como aborto, tendem a fazer com que as candidaturas escorreguem nas mídias sociais?

Maurício Moura: Esses temas são sensíveis, sendo muito honesto com você, não decidem a eleição. O eleitor médio está buscando muito mais as soluções do dia a dia para melhorar a vida dele e esses temas sensíveis pegam as bolhas. Um cara dificilmente vai transitar de uma bolha para outra por causa desses temas. E claro que essas discussões, como são muito acaloradas nas redes, acabam ganhando uma proporção enorme, mas o eleitor brasileiro é muito pragmático. O eleitor que decide a eleição, que é o eleitor que na Ciência Política se chama de eleitor médio, ele passa um pouco longe desses temas. Ele vai para o “O que esse cara vai melhorar a minha vida?”, “Como esse candidato ou essa candidata vai melhorar minha vida?”.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.