Deputados acusam Zema de abandonar Minas por “pseudocandidatura” à Presidência

Bloco de oposição critica cortes em áreas sociais e uso de verba publicitária para “lacrar” enquanto Estado enfrenta colapso em serviços públicos

Marina Verenicz

Ativos mencionados na matéria

Romeu Zema (Novo), governador de Minas Gerais (Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil)
Romeu Zema (Novo), governador de Minas Gerais (Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil)

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Um grupo de 20 deputados estaduais de Minas Gerais, integrantes da oposição ao governador Romeu Zema (Novo), divulgou neste domingo (17) uma carta criticando o lançamento de sua pré-candidatura à Presidência da República. Segundo o texto, o governador estaria abandonando os problemas do Estado para apostar em um projeto pessoal de poder.

A manifestação partiu do Bloco Democracia e Luta, que reúne parlamentares de PT, PC do B, Psol, Rede e PV. O grupo afirma que, após quase sete anos de gestão, Zema tenta “vender a imagem de um político inovador” com base em ações de marketing e uma verba publicitária “turbinada”, estimada em R$ 147 milhões.

Cortes, abandono e isenções

A carta elenca uma série de críticas à gestão estadual, incluindo:

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• cortes de combustíveis para viaturas policiais;
• tentativa de privatizar escolas e abandono da rede pública de ensino;
• hospitais sem condições de atendimento e negligência na saúde;
• redução de R$ 1 bilhão em recursos para combate à pobreza;
• estradas deterioradas enquanto obras favorecem interesses pessoais.

Os deputados também afirmam que, enquanto o governo investe em “bufês de luxo” e concede isenções fiscais bilionárias a grandes empresas, Zema autorizou um reajuste de 300% em seu próprio salário, contrastando com o reajuste de apenas 3% aos servidores públicos.

Outro ponto sensível abordado pela oposição é a postura de Zema em relações internacionais. O grupo acusa o governador de elogiar ações de um presidente estrangeiro que ameaça a soberania nacional e critica sua atitude “hostil” em relação ao Brics, o bloco econômico formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

Segundo dados citados na carta, a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) estima que esse posicionamento coloque em risco até 187 mil empregos, ligados a exportações mineiras para os países do bloco.

“Trampolim de ambições pessoais”

O texto encerra com um apelo à população e um alerta sobre os riscos da politização de Minas Gerais. “Nosso Estado é a síntese do Brasil, guardião de sua história, de sua cultura e da dignidade de um povo que merece respeito e futuro”, dizem os deputados.

“Minas Gerais não pode ser tratada como trampolim de ambições pessoais. O que não é bom para Minas, nunca será bom para o País.”