Demitido em 2011 por questão política, Schwartsman vê análise do Santander enfraquecida

Em coluna da Folha de S. Paulo, o ex-economista-chefe do banco, que saiu em 2011 após discussão com ex-presidente da Petrobras, disse que a análise nada trouxe de controverso

Lara Rizério

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SÃO PAULO – A polêmica nota do Santander enviada a clientes em que relaciona a possível reeleição de Dilma Rousseff a uma piora da economia segue repercutindo no mercado. O ex-economista-chefe do banco, Alexandre Schwartsman, saiu em defesa da instituição em coluna publicada pela Folha de S. Paulo nesta quarta-feira (30), mas destacando que este imbróglio pode comprometer a credibilidade das análises do banco. 

Schwartsman foi demitido do banco em 2011, após ter discutido publicamente com o então presidente da Petrobras (PETR3;PETR4), José Sergio Gabrielli, o que causou mal estar dentro da instituição. 

“A análise nada trouxe de controverso”, afirmou o economista na coluna, destacando matérias de jornal que destacam a alta da Bolsa brasileira com a queda de Dilma nas pesquisas. “O governo e o partido podem não concordar com a avaliação do mercado, mas, conforme descrito pelo jornal, trata-se de um fato: para bem ou para mal, a percepção é que uma mudança de orientação de política econômica terá efeitos positivos sobre as empresas brasileiras, em particular as sujeitas a controle acionário governamental”, afirma o economista.

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Para o economista, o mercado pode ter as preferências ideológicas que quiser mas, na hora de comprar ou vender uma ação, o que menos interessa é a inclinação ideológica. Assim, segundo ele, o texto do banco destinado aos clientes com renda superior a R$ 10 mil supostamente mais propensos a operar no mercado financeiro, nada mais fez do que compartilhar esses fatos. E por um motivo muito claro, afirma: “bancos têm um dever fiduciário com seus clientes: não podem omitir ou distorcer informações relevantes para sua tomada de decisão”, com as áreas de análise devendo refletir exatamente este tipo de decisão. 

“Nesse sentido, a decisão de demitir os analistas que expuseram, mais que uma opinião, um fato representa uma violação desse procedimento”, afirma. E, a consequência desse comportamento, segundo ele, é óbvia: “se a autonomia da pesquisa é ameaçada, a credibilidade da análise fica comprometida, a despeito das qualidades do analista. Quem, de agora em diante, pode confiar em relatórios se não sabemos a que tipo de filtros estes se encontram sujeitos?”, afirma. Com isso, Schwartsman afirma que o maior perdedor é o debate econômico, ainda mais numa conjuntura de desafios nada triviais que o País enfrenta. 

Procurada pelo InfoMoney, o Santander afirmou que continua com o mesmo posicionamento enviado na última sexta-feira: “o Santander esclarece que adota critérios exclusivamente técnicos em todas as análises econômicas, que ficam restritas à discussão de variáveis que possam afetar os investimentos dos correntistas, sem qualquer viés político ou partidário. O texto veiculado na coluna ‘Você e Seu Dinheiro’, no extrato mensal enviado aos clientes do segmento Select, pode permitir interpretações que não são aderentes a essa diretriz. A instituição pede desculpas aos seus clientes e acrescenta que estão sendo tomadas as providências para assegurar que nenhum comunicado dê margem a interpretações diversas dessa orientação.”

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.