Delações de Léo Pinheiro, Santana e Odebrecht complicam Lula, Dilma, Temer e Serra

Odebrecht faz revelações sobre o Palácio do Planalto, enquanto ex-marqueteiro do PT falou sobre Dilma e Léo Pinheiro tratou sobre Lula

Lara Rizério

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SÃO PAULO – As novas delações que vieram à tona neste final de semana em jornais e revistas mostraram que tanto a oposição quanto à situação podem se complicar (ainda mais), em um cenário já de tensão política. 

Já no sábado, repercutiu muito a notícia da revista Veja de que, em acordo de delação premiada à força-tarefa da Operação Lava Jato, Marcelo Odebrecht afirmou que repassou R$ 10 milhões em dinheiro vivo ao PMDB, em 2014, a pedido do presidente em exercício Michel Temer. Nos anexos da delação, é relatado um jantar no Palácio do Jaburu, residência oficial do vice-presidente, em maio de 2014. O então deputado e hoje ministro-chefe da Casa Civil também teria participado do encontro, em que Temer teria pedido ao empreiteiro “apoio financeiro” para o PMDB, que presidia à época. 

Odebrecht disse que, dos R$ 10 milhões, Padilha teria recebido R$ 4 milhões e o presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Paulo Skaf, candidato ao governo de São Paulo pelo PMDB, teria recebido outros R$ 6 milhões. Os valores teriam sido contabilizados no Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, também conhecido como o “Departamento da Propina” da empreiteira.

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Em resposta à publicação, o Palácio do Planalto informou que Temer e Odebrecht de fato jantaram no Palácio do Jaburu em maio de 2014 para falar sobre “auxílio financeiro da construtora a campanhas eleitorais do PMDB, em absoluto acordo com a legislação eleitoral em vigor e conforme foi depois declarado ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE)”. Segundo o TSE, a Odebrecht doou R$ 11,3 milhões à direção nacional do PMDB naquele ano. Já Padilha afirmou: “lembro que Marcelo Odebrecht ficou de analisar a possibilidade de aportar contribuições de campanha para a conta do PMDB, então presidido pelo presidente Michel Temer”. De acordo com a assessoria do ministro, “como Padilha não foi candidato, não pediu nem recebeu ajuda financeira de quem quer que seja para sua eleição”. Skaf, por sua vez, negou ter recebido recursos de Marcelo e afirmou que a Braskem, empresa controlada pela Odebrecht, doou R$ 200 mil à sua campanha naquele ano.

Também atingiu o Palácio do Planalto a notícia do jornal Folha de S. Paulo, que informou que o ministro das Relações Exteriores, José Serra, teria recebido R$ 23 milhões da Odebrecht via caixa dois na sua campanha à Presidência da República, em 2010. O valor, corrigido pela inflação do período, equivale a R$ 34,5 milhões. A afirmação foi feita na semana passada por funcionários da empresa, que buscam um acordo de delação premiada, a procuradores da força-tarefa da Lava-Jato e da PGR (Procuradoria-Geral da República). O acordo não foi assinado e, de acordo com a Folha, para comprovar que houve o pagamento, a Odebrecht vai apresentar extratos bancários de depósitos realizados fora do país que tinham como destinatária final a campanha presidencial do tucano.

Segundo informações do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), a Odebrecht doou em 2010 R$ 2,4 milhões para o Comitê Financeiro Nacional para Presidente da República de Serra (R$ 3,6 milhões em valores corrigidos). Dessa maneira, a campanha do tucano teria recebido, apenas do grupo, R$ 25,4 milhões, sendo R$ 23 milhões “por fora”. Os executivos da empreiteira apontam que a negociação para o repasse à campanha de Serra se deu com a direção nacional do PSDB à época, que depois distribuiu parte do dinheiro entre outras candidaturas. O ministro das relações exteriores, José Serra (PSDB-SP), afirmou, por meio de nota enviada por sua assessoria de imprensa, que a campanha dele durante a disputa a Presidência da República em 2010 foi conduzida em acordo com a legislação eleitoral em vigor.

Após as revelações, o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) disse no domingo (7) que a oposição no Senado ao presidente interino pedirá o afastamento imediato dos dois ministros citados em pré-acordo de delação premiada da Odebrecht na Operação Lava Jato, Serra e Padilha. 

 Porém, a agora oposição também sofreu baques nesta semana. A Veja divulgou ainda que o marqueteiro João Santana, responsável pelas campanhas presidenciais do PT em 2006, 2010 e 2014, afirmou à força-tarefa da Lava Jato que a presidente afastada Dilma Rousseff autorizou as operações de caixa 2 em sua campanha de reeleição.

Segundo a revista, Dilma convidou Santana para comandar sua campanha, que teria resistido em aceitar a missão por causa de problemas de pagamentos ainda nas eleições de 2010 e do cenário político mais acirrado. Ela teria garantido que não haveria atraso nos pagamentos e que o então ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o ex-ministro Antonio Palocci se encarregariam de captar recursos para o caixa 2 com os doadores. 

Já a delação do ex-presidente da OAS Léo Pinheiro trará fatos bem mais fortes contra o ex-presidente Lula do que as obras no tríplex, no sítio e o pagamento de um guarda-móveis, de acordo com informações do jornal O Estado de S. Paulo. O MPF mantém os temas a sete chaves.

E, segundo o jornal, a força-tarefa da Lava Jato em Curitiba pretende concluir em dois meses as investigações sobre o pagamento, por empreiteiras beneficiadas por desvios na Petrobras, de supostas vantagens ao ex-presidente em de obras no sítio de Atibaia e no tríplex do Guarujá.  “O sítio e o tríplex são os fatos mais adiantados. Com certeza, isso vai se resolver nos próximos dois meses. Uma boa parte disso, porque existem diversas investigações contra Lula”, afirmou um dos investigadores ao Estado, sem detalhar os casos.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.