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O monitoramento do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), partiu de uma ordem direta do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), segundo afirmou nesta quarta-feira (13) a defesa do coronel da reserva Marcelo Câmara.
A declaração foi registrada durante acareação entre Câmara e o tenente-coronel Mauro Cid, revelada pelo jornal O Globo, realizada no âmbito da ação penal que investiga o chamado núcleo dois da trama golpista de 2022.
As conversas entre os dois, mantidas no fim daquele ano, tratavam de localizar o ministro do STF. Conforme o relato de Cid, a intenção de Bolsonaro era confirmar se Moraes estava se reunindo com o então vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos-RS), hoje senador.
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A Procuradoria-Geral da República (PGR) associou o monitoramento a um suposto plano para matar Moraes, conhecido como operação Punhal Verde e Amarelo. A defesa de Câmara, porém, negou a conexão.
“Não há nenhuma relação com a citada operação. Esse monitoramento foi solicitado diretamente pelo ex-presidente Jair Messias Bolsonaro”, registrou a ata da acareação.
Segundo Câmara, tratou-se de um “pedido pontual” para “verificação de agenda” de Moraes.
Versões de Cid e Câmara
A acareação foi pedida pela defesa de Câmara, réu na ação penal do chamado núcleo dois da trama golpista. Cid, que fechou acordo de delação premiada, responde em outra ação, considerada a do “núcleo crucial” da suposta organização criminosa investigada por tentar um golpe de Estado.
No mês passado, ao depor como informante no processo contra Câmara, Cid afirmou: “O pedido foi realizado na época pelo presidente da República. A informação era de que o ministro Moraes estaria se encontrando com o general Mourão em São Paulo. Como a estrutura presidencial já estava desarticulada, solicitei ao coronel Câmara essa verificação.”
Já Câmara disse que, no período eleitoral, tentou intermediar um encontro entre Bolsonaro e Moraes, o que acabou acontecendo na casa do senador Ciro Nogueira (PP-PI), então ministro da Casa Civil.