Defasagem e manipulação: até onde podemos confiar nos números da China?

Cesta desatualizada há 5 anos pode ter iludido mercado acerca da real inflação na sociedade mais dinâmica do globo

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SÃO PAULO – A China tem sido há anos tem sido um fenômeno de crescimento e desenvolvimento. Agora, enfrenta o desafio de conter a pressão inflacionária em uma sociedade gigantesca e de grande mobilidade social e econômica. Cabe perguntar até que ponto há confiabilidade nos números chineses? 

Tudo isto é reforçado pelo intenso fluxo migratório entre o campo e a cidade, bem como pelo controle implantado por um regime controverso de partido único, de cunho autoritário.

Segundo estudo realizado pelo Société Générale, que comparou os históricos do índice de preços ao consumidor oficial divulgado e outros dados inflacionários, como o PMI (Purchasing Managers Index), o resultado aponta para uma fidelidade razoável na medição da evolução do preço dos alimentos, enquanto as informações dos preços de serviços, saúde e moradia parecem estar mais “suavizadas” no índice oficial de inflação.

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Composição da cesta é a mesma desde 2005
Muitos dos problemas que envolvem a desencontro de informações na composição do índice, estão relacionados à defasagem na composição da cesta utilizada para o calculo da inflação, que é revisada apenas a cada cinco anos, tendo sido a ultima atualização realizada em 2005. “A cesta de serviços está terrivelmente desatualizada”, afirma o time do Société Générale.

Desde 2005, o PIB (Produto Interno Bruto) da China acumula expansão superior a 60%, que somada ao forte fluxo migratório do campo para as cidades e às constantes modificações nos hábitos de consumo, evidenciam a defasagem na composição do índice de inflação.

Credibilidade do PIB oficial
Recentemente, o próprio PIB  foi objeto de desconfiança e constrangimento para Pequim, quando em dezembro do ano passado a organização Wikileaks divulgou telegramas internos do governo norte-americano nos quais consta que Li Keqiang, atual vicê-premier para gestão macro-econômica, relatatou cetismo com os números oficiais do PIB.

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Li Keqiang relatou ao embaixador dos EUA em 2007 seus desafios de administrar a província de Liaoning, uma das 10 maiores da China. o documento diz que ao avaliar a economia da região administrativa, ele focaliza três dados: 

O consumo de eletricidade, que cresceu 10% em Liaoning no ano passado; o volume de carga nas ferrovias, que é bastante exato, porque as tarifas são cobradas por unidade de peso; e o volume de empréstimos concedidos, que também tende a ser preciso, em razão dos juros cobrados.

“Olhando para esses três números, Li disse que pode medir com relativa precisão a velocidade do crescimento econômico. Todos os outros números, especialmente as estatísticas do PIB, são ‘apenas para referência’, disse ele sorrindo”, admitindo que os dados do PIB não são confiáveis, conforme o vazamento.

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