Declaração de Ilan gera novo desentendimento com Meirelles e desconforto no governo

Presidente do BC sinaliza meta de inflação reduzida ao patamar de 3% e destoa da avaliação da Fazenda

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – As falas do presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, sobre uma possível redução da meta da inflação até 2019 causaram desconforto na equipe econômica do governo. Em evento realizado pelo banco Credit Suisse, em São Paulo, o comandante da autoridade monetária nacional disse que o Brasil deve caminhar para uma meta similar à dos demais países emergentes para a evolução dos preços, na casa de 3%. Conforme conta reportagem do portal Poder 360, a declaração foi interpretada como indicativo de que o combate à inflação seguirá sendo prioridade ante cortes mais ousados na taxa básica de juros, o que desagrada o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles.

A posição de Ilan contrasta com as avaliações de Meirelles, que tem mostrado maior preocupação com a retomada do crescimento econômico. Lembra a reportagem que, no fim do ano passado, ocorreu o primeiro desentendimento entre Fazenda e Banco Central. Enquanto a recessão assustava o país e o empresariado pressionava Meirelles a anunciar medidas de estímulo, a Fazenda nos bastidores endereçava responsabilidade ao BC, argumentando que o único instrumento para gerar crescimento no curto prazo é o corte na Selic. Apesar disso, Ilan optava por cortes mais discretos de 0,25 ponto percentual a cada reunião do Copom (Comitê de Política Monetária).

Existe a dúvida de que a recente declaração de Ilan poderia pôr em xeque a leitura prévia de que a Selic terminaria o ano a um dígito. Uma meta mais ousada para a inflação pode gerar uma reviravolta nas avaliações do mercado, o que naturalmente acabaria por elevar as pressões do empresariado sobre Meirelles novamente.

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.