Decisão do Fomc e “delação do fim do mundo” farão desta uma semana decisiva no mercado

Dois grandes eventos prometem acertar o mundo político brasileiro, aumentando a tensão no mercado, enquanto o Fomc será o principal evento da semana

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – A semana termina com fortes perdas para o Ibovespa e os próximos dias podem  ser marcados por mais pressões na Bolsa diante da promessa de um turbilhão político, enquanto os investidores param na quarta-feira (15) para acompanhar a decisão do Fomc sobre a alta de juros nos Estados Unidos. Entre os indicadores, a semana promete ser mais tranquila para o mercado.

Os próximos dias devem ser guiados pela tensão política aqui no Brasil. Desde a quinta-feira (9), parlamentares e integrantes do governo estão assustados com a expectativa de que seja quebrado o sigilo das delações dos executivos da Odebrecht – chamada de “delação do fim do mundo” -, o que deve afetar grande parte do mundo político. Existem informações de que o STF (Supremo Tribunal Federal) já teria até pedido que a imprensa disponibilizasse HDs externos para a divulgação do conteúdo.

Outra questão política importante é a famosa “lista do Janot”. As informações são que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, deverá entregar na próxima semana ao STF os pedidos de inquéritos contra deputados, senadores e ministros acusados de receber propina da Odebrecht. De acordo com o jornal O Estado de S. Paulo, a lista deverá ser entregue já na segunda-feira.

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O economista-chefe da Infinity Asset, Jason Vieira, destaca o momento complicado em que a política ganha os holofotes. “A tensão política entra exatamente no cerna dos juros estruturais, citados na ata do Copom, onde a continuidade das reformas e até mesmo do governo são preponderantes para que o aprofundamento dos cortes de juros ganhe corpo e se torne uma realidade na reunião de abril”, explica.

Mas será nos EUA o evento mais importante da semana. Na quarta ocorre o que muitos analistas chamam de reunião “3 em 1” do Fomc, já que neste encontro, além da decisão sobre os juros, ocorre uma coletiva da presidente do Federal Reserve, Janet Yellen, e também a divulgação do gráfico de pontos – as projeções da autoridade para a política monetária nos próximos meses.

“Até mais importante que a decisão e comunicado, será a comunicação dos membros do FOMC de agora em diante, principalmente em vista aos indicadores econômicos focados agora em atividade econômica e inflação”, explica o economista. Após os dados do relatório de emprego nesta sexta-feira (10) ficou praticamente certo que os juros irão subir em 25 pontos-base, mas diminuiu a chance do Fed elevar suas projeções para este ano.

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Vieira reforça ainda que os dados econômicos estão ganhando cada vez mais importância no novo governo de Donald Trump. “A falta de informações mais precisas por parte do novo governo americano deixou para os indicadores econômicos a tarefa de indicar o rumo da política monetária, notadamente agora na direção do aperto”, afirma.

Por fim, é importante o investidor ficar de olho aos novos horário da Bovespa, que finalmente deixa o horário diferenciado e agora passa a operar das 10h às 17h, com o after-market voltando a acontecer das 17h30 até 18h (veja os detalhes clicando aqui). Além disso, o “delay” com os EUA passa a ser de apenas uma hora, com Wall Street operando entre 10h30 e 17h, no horário de Brasília.

Confira os principais indicadores da próxima semana:

Dados na China
Na segunda-feira (13), às 23h (horário de Brasília), será divulgado o dado de produção industrial da China, indicador importante e que pode afetar empresas de commodities, caso da Vale, que tem influência direta no Ibovespa. Ainda na próxima semana, estão agendados para saírem os dados de vendas do varejo, crédito e investimento estrangeiro. 

Inflação nos EUA
Antes da decisão de juros nos EUA, serão apresentados os dados de inflação, que não devem ter grande impacto do anúncio do Fed, mas é de grande importância juntos aos indicadores de emprego. Na terça-feira às 9h30 saem os números do PPI, com expectativa de avanço para 1,8%, ante resultado anterior de 1,6%. Já na quarta-feira no mesmo horário será divulgado o CPI, com expectativa de avanço no anualizado para 2,6%, segundo a LCA Consultores.

Decisão do Fomc
Já na quarta ocorre o evento mais esperado da semana. Às 15h, o Federal Reserve divulga sua decisão sobre a alta de juros, com o mercado já precificando a elevação das taxas em 25 pontos-base. Porém, o que os investidores estão mais atentos é ao discurso de Yellen, que ocorre às 15h30. Junto ao comunicado serão apresentadas ainda as novas projeções da autoridade, sendo que no fim do ano passado, a expectativa estava em 3 altas de juros este ano, mas o mercado já começa a ver chance do Fed elevar para 4 altas.

Acesse a agenda completa da próxima semana clicando aqui

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.