De vilão a herói: Geithner conquista pela sintonia com o setor privado; até quando?

De um primeiro contato trágico, agora levanta confiança e puxa a disparada; mas seu anúncio deixa algumas dúvidas nas entrelinhas

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SÃO PAULO – Quando o mercado viu Geithner pela primeira vez, não morreu de amores. Longe disso, sua primeira aparição deixou a pior impressão possível. O novo secretário do Tesouro carregava o fardo de ser uma das principais cabeças para administrar a crise. Depois dos insucessos de Henry Paulson, trazia a esperança de renovação sob a sombra da mudança, a sombra de Obama.

Mas seu primeiro contato foi trágico. Com todo mercado esperando um plano de socorro aos bancos, Geithner apresentou cerca de seis páginas ao Congresso; muita expectativa para pouquíssimos detalhes. Neste primeiro contato, as bolsas desabaram.

No entanto, Geithner vai conseguindo mudar sua imagem, aos poucos. Na semana passada, era questionado pelo imbróglio envolvendo os bônus da AIG. Alguns dias depois, virou herói de uma trajetória que os mais otimistas já chamam de recuperação.

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Confiança

O motivo de tanto bom humor vem do ponto atacado. Resolver o problema dos ativos podres sempre foi o grande entrave das autoridades norte-americanas. Tarp, bad bank, seja lá o que for, nada deu solução convincente ao problema. Se o plano de Geithner irá funcionar ou não só o tempo vai dizer, mas pela primeira vez o mercado parece confiar em uma solução.

Nem tanto pela reação do mercado, mais pela demonstração de confiança da iniciativa privada. Renomados gestores de fundos abriram os braços à proposta de uma ação coordenada entre setor público e privado, entre eles Bill Gross, da Pimco, e Bob Doll, da BlackRock.

De confiança a ânimo

O mercado abraçou a ideia até pela reação destas instituições. Foi um sinal de confiança. Mais do que isto, Tom Sowanick, da Clearbrook Research, enxerga a disparada da segunda-feira (23) como continuidade. Não somente pelo anúncio; mas pelo fato dele vir no meio de uma série de indicadores surpreendentes.

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Tamanha disparada gera alguns questionamentos sim. Além deste ponto ressaltado por Sowanick, há dúvida em relação a esta confiança demonstrada pelo setor privado. Para entrar em terreno tão arriscado, matéria do The New York Times aponta que conversas para persuadir nomes como Gross e Doll vinham se amarrando desde antes do anúncio oficial de Geithner.

Há controvérsias

O NY Times cita que o final de semana foi agitado na mesa de negociações para digestão desta iniciativa. Subsídios à adesão foram relacionados pela matéria. “Porta-voz do Tesouro não quis comentar os encontros dos final de semana”, citam.

O fato é que, independente da matéria, Geithner passou de vilão a herói como um passe de mágica, aos olhos do mercado. A disparada da renda variável é prova disto. Parecia haver uma carência do setor privado. Por mais controversa que possa ser, foi a primeira manifestação de confiança de instituições não regidas pela batuta de algum governo. Se o problema é todos, cada um faz sua parte.

Até quando?

O Danske Bank assistiu a manobra como um passo à frente para elevar a confiança e credibilidade do governo norte-americano em sua tentativa de estabilizar o sistema financeiro. Ainda assim, pede cautela com o resultado final do anúncio; acha que é melhor aguardar o primeiro exemplo prático da iniciativa.

O fato é que Geithner já mudou sua imagem. Mas “por quanto tempo este affair entre o mercado e Geithner irá durar?”; questiona coluna da CNN. Certeza é que a recuperação do mercado irá durar, enquanto esta relação for mantida.

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