De muro no México a hacker russo: os 10 grandes momentos da primeira coletiva de Trump

Republicano falou pela primeira vez com a imprensa desde que foi eleito, comentando as relações com a Rússia, Obamacare e outros assuntos

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, concedeu nesta quarta-feira (11) sua primeira coletiva de imprensa desde que venceu a disputa pela Casa Branca. Apesar de já ter feito discursos e utilizar bastante o Twitter para falar sobre futuras medidas, a expectativa era de que ele desse maiores sinalizações sobre quais serão efetivamente as primeiras medidas que irá tomar após assumir oficialmente o cargo, no dia 20 de janeiro.

Em dezembro, Trump chegou a convocar uma coletiva, mas cancelou na última hora. Entre os principais temas que a imprensa esperava que fosse comentado estavam o Obamacare, as relações com a Rússia e com o México, além do recente caso da divulgação de um dossiê com possíveis informações comprometedoras contra ele.

Confira os principais pontos que Trump falou na coletiva:

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A defesa de Trump
Antes mesmo de Trump subir ao palco, seu porta-voz, Sean Spicer, comentou sobre o suposto dossiê que o site BuzzFeed publicou nesta quarta-feira e que foi reproduzido pela CNN. Spicer afirmou que estes documentos são falsos e aproveitou para atacar o editor executivo do The New York Times, a quem chamou de “sem fundamento”.

Na sequência, foi a vez do vice-presidente eleito, Mike Pence, defender Trump. Ele destacou que há uma grande energia para fazer a transição de governo, mas que a mídia está fazendo um alto esforço para deslegitimar o novo presidente. “O povo americano está cansado disso”, disse Pence. “Hoje vamos voltar para notícias reais e fatos reais”, completou.

Trump começou a coletiva também destacando os ataques da imprensa contra ele. Ele afirmou que parou de dar entrevistas coletivas porque estavam sendo publicadas notícias incorretas, mas agradeceu a presença dos jornalistas e das equipes de imprensa.

O dossiê contra ele
O republicano afirmou que “talvez as agências de inteligência” vazaram os supostos dossiês contra ele, mas que sua guerra contra eles continua. Por outro lado, ele elogiou os meios de comunicação por ignorarem amplamente as alegações enquanto ele era atacado pela CNN e pelo Buzzfeed.

Trump ressaltou que fez reuniões com as agências de inteligência, mas que isto é um assunto “confidencial” e que ele não vai discutir. “É uma desgraça que a informação seja vazada”, disse ele sobre as alegações feitas contra ele e seus assessores. “São notícias falsas”, completou. Sobre o ataque hacker contra Comitê Nacional Democrata, Trump disse que acha que foi a Rússia, mas que existem outros ataques cibernéticos vindo de outros países.

Relação com a Rússia
Sobre sua relação com a Rússia, Trump destacou que o país poderia ajudar na luta contra o Estado Islâmico, sendo esta a principal área que as duas nações poderiam cooperar. “Se Putin gosta de Donald Trump, eu considero que seja uma habilidade não é uma deficiência”, disse o republicano.

O republicano disse que poderia fazer negócios com a Rússia facilmente, mas optou por não fazer por saber que seria questionado. Trump disse ainda que no fim de semana recebeu uma oferta de US$ 2 bilhões para fazer um negócio em Dubai, e que a recusou. “Eu não precisaria ter recusado, porque como vocês sabem, eu não tenho conflitos de interesse por ser presidente. Mas eu não quero tomar vantagem de nada”, continuou.

Já no fim da coletiva, ele disse que a Rússia terá muito mais respeito dos EUA quando ele governar do que quando outros governaram. Trump afirmou que espera que tenha uma boa relação com Putin, mas que pode ser que isso não ocorra. Ele ressaltou que a Rússia, a China, Japão, México, e todos os outros países vão respeitar muito mais os EUA do que respeitaram em outras administrações.

Indústria farmacêutica
Trump criticou fortemente a indústria farmacêutica, dizendo que quer melhorar o modelo de licitação de forma a economizar bilhões de dólares do governo. Ele ressaltou que é preciso que a indústria farmacêutica volte para os EUA e que, se a eleição não tivesse ocorrido como foi, muitas empresas não estariam retornando ao país agora.

“Eles estão fazendo o que querem sem punição. As farmacêuticas têm um monte de lobistas, muito poder e poucos lances. Vamos começar a licitar, vamos economizar bilhões de dólares”, afirmou o presidente eleito.

Imposto de renda
Ele também foi questionado sobre a divulgação de seu imposto de renda, com a jornalista perguntando ainda se ele acha que os americanos não se interessam por isso. “Eu acho que eles não se interessam”, respondeu o presidente eleito sem falar mais sobre o assunto.

Deixando os negócios
Trump aproveitou o momento para comunicar que seus dois filhos vão tocar os negócios nas organizações com seu nome durante seu período como presidente, e que eles não irão discutir suas decisões com ele. Trump diz que poderia, se quisesse, tocar seus negócios, e também atuar como presidente, mas que não quer fazer isso.

Sheri Dillon, advogada de Trump, subiu ao palco para dar maiores detalhes sobre esta decisão dele de se afastar dos negócios. Ela disse que a medida foi tomada para deixar claro que ele não está utilizando a presidência em benefício de seus negócios pessoais. Dillon afirmou ainda que a medida foi tomada para deixar claro que ele não está utilizando a presidência em benefício de seus negócios pessoais.

Segundo ela, a Organização Trump terá suas centenas de negócios transferidos para um fundo antes de 20 de janeiro, dia da posse. Com isso, ele transfere a presidência e administração para seus filhos e um terceiro administrador. Dillon destacou que o presidente eleito ficará totalmente excluído das decisões de sua organização. Além disso, Ivanka, filha de Trump, também não terá envolvimento com a empresa do pai. Lembrando que o marido dela foi nomeado assessor sênior da Casa Branca.

A advogada de Trump destacou ainda que as decisões tomadas por ele para se retirar de sua empresa causaram uma considerável perda financeira. Ela destacou ainda que se ele vendesse seus negócios, teria direito a royalties, e qualquer preço pago seria alvo de investigações.

Dillon completou afirmando que a Constituição não requer que o presidente eleito faça nada em relação a seus negócios, mas que ele quer fazer mais do que o necessário. Ela anunciou ainda que ele irá doar os lucros de seus hotéis para o Tesouro.

Antes de encerrar a coletiva, Trump voltou no assunto e brincou com o programa “O Aprendiz”, que ele apresentava até 2015. Segundo ele, se os filhos não fizerem um bom trabalho, ele irá dizer para eles: “vocês estão demitidos”. Na sequência ele encerrou a coletiva.

Obamacare
Como esperado, Trump foi questionado sobre o sistema de saúde dos EUA, o Obamacare. Ele atacou o programa e afirmou que é um “desastre completo e total”, e que todos ficarão orgulhosos do que ele irá fazer no sistema de saúde. O presidente eleito afirma que o ano será catastrófico para a saúde nos EUA, e que ele poderia esperar e criticar, aguardando que as pessoas pedissem mudanças no Obamacare, mas que mudará as coisas antes.

Trump disse que assim que seu secretário de Saúde for aprovado será apresentado um plano para a saúde, com uma nova lei de saúde, para substituir o Obamacare. “O Obamacare é um problema dos democratas. Vamos tirar esse problema, estamos fazendo um grande favor a eles”, afirmou.

Pergunta negada
Em determinado momento, uma repórter da CNN tentou realizar uma pergunta, mas Trump se recusou a deixá-la falar dizendo que “sua organização é terrível”. Ela insistiu diversas vezes, mas o presidente eleito não permitiu a realização da pergunta. A CNN está entre os veículos que divulgaram os suposto dossiê contra ele.

Indústria americana e a relação com o México 
O tema seguinte foi sobre o emprego nos EUA. Trump se resumiu a dizer que suas propostas poderão manter muitas pessoas empregadas tanto nas grandes quanto nas pequenas empresas. Mas o que ele aproveitou para comentar com mais detalhes foi a relação com o México.

O presidente eleito voltou a destacar que quando as empresas quiserem se mudar dos EUA para o México e demitir seus funcionários em estados americanos que votaram nele, elas terão que pagar altos impostos para vender nos EUA.

Trump diz que há muitos estados no país e que as empresas podem se mudar dentro deles. “Eu não ligo, contanto que seja dentro das fronteiras dos EUA”, disse. O republicano afirmou que se os políticos tivessem feito isso anos atrás, haveria milhões de empregos a mais no país atualmente.

Ele voltou a dizer que construirá um muro na fronteira com o México, e que não quer esperar por uma negociação com o país vizinho, que pode durar mais de um ano, para começar a construir. Ele também disse novamente que o país irá reembolsar os EUA pela construção, e que vai trabalhar para começar a construir isso o mais rápido possível.

Apesar disso, Trump disse que respeita o governo do México, e que não culpa a população mexicana por querer ir para os EUA. Ele diz que o governo americano não deveria ter permitido que isso acontecesse.

Serviço de inteligência e a Alemanha nazista
Na sequência, o republicano foi questionado sobre as críticas que fez aos serviços de inteligência após o vazamento de documentos. “Acho que foi vergonhoso que as agências de inteligência tenham permitido o vazamento de informações falsas”, atacou. Além disso, ele voltou a dizer que o vazamento o faz se sentir na Alemanha nazista, e criticou os meios de imprensa que divulgaram o documento.

Logo em seguida, Trump afirmou que os agentes de inteligência são vitais e muito importantes para os EUA, destacando que pedirá uma grande investigação sobre os ataques hackers e que deve ficar pronta em 90 dias. Ele completou dizendo que os EUA são hackeados por todo mundo, incluindo Rússia e China. 

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.