Datafolha e Ibope divulgam pesquisas de 2º turno hoje, mas falharam no 1º; vale confiar?

Falta de calibragem foi apontada como uma das "falhas" dos institutos; o índice de abstenção cresceu expressivamente e se aproximou dos 20% no primeiro turno, frente a 18,1% em 2010 e foi apontado como um dos motivos para diferença

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Os erros dos principais institutos de pesquisa de intenção de voto deram o que falar após a apuração dos votos no domingo. Mesmo tendo se aproximado da votação de Dilma Rousseff, do PT, as estimativas em relação ao candidato à presidência do PSDB, Aécio Neves, ficaram bem abaixo dos números reais.

Agora, o mercado e os eleitores ficam na expectativa pelas novas pesquisas de tradicionais institutos, Ibope e Datafolha, que saíram na noite de quinta-feira com Aécio na frente por 51% dos votos válidos, ante 49% de Dilma: no primeiro turno, os levantamentos foram questionados e várias hipóteses foram levantadas sobre o por quê esta diferença. Dois institutos – pouco conhecidos – saíram na frente o Instituto Paranaense e Veritá – e já apresentaram seus números. Afinal, as pesquisas refletem mesmo a realidade?

Para o cientista político Antonio Lavareda, ao deixar de calibrar os eleitores que pretendem votar, as pesquisas eleitores acabam registrando dados imprecisos. Neste ano, o índice de abstenção cresceu expressivamente e se aproximou dos 20% no primeiro turno (19,4%), frente a 18,1% em 2010.

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De acordo com Christopher Garman, diretor para países emergentes da Eurasia, os levantamentos adotam o viés que superestima a preferência do eleitorado de baixa renda e baixa escolaridade pelo PT. “Abstenção é mais alta em faixa com renda e educação menor”, explicou, acrescentando que os institutos de pesquisa não calibram a abstenção porque o voto é obrigatório no Brasil.

No mesmo sentido, Cristiano Noronha, analista-sênior da Arko Advice, não poupou críticas à metodologia dos levantamentos. “As pesquisas eleitorais foram elaboradas como se 100% dos eleitores fossem às urnas”, avaliou. “O índice de abstenção, que se aproximou dos 20%, atribuiu um grau de imprevisibilidade relativamente alto às leituras”, completou.

O analista da Arko destacou ainda que os institutos de pesquisa deveriam revisar algum ponto da metodologia. Para ele, eventuais correções já poderiam acontecer no segundo turno. “O erro pode se repetir no 2º turno. A tendência é de que seja menor. O efeito do erro é marginal“, pontuou

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Aécio: opção mais segura
De acordo com o cientista político e professor da FGV,  Marco Antônio Teixeira, com a proximidade da campanha, o eleitor também fez uma ponderação entre o mais “seguro” e o duvidoso”, representado pelo tucano e pela ex-senadora, respectivamente, devido à inconsistência das apresentações das propostas por Marina.

Para ele, os ataques proferidos por Dilma Rousseff à Marina não foram o fator principal para a queda vertiginosa da candidata. “Quem forneceu os insumos para o ataque foi a própria candidata”, afirma o cientista político, citando as mudanças no programa de governo e as brigas internas no PSB.

Desta forma, acredita Teixeira, a diferença entre as pesquisas e o resultado real nesta eleição de deveu à forte volatilidade do eleitor nos últimos dias antes da decisão. Para ele, estes resultados podem fazer com que seja revista a metodologia das pesquisas, para que elas captem as mudanças do eleitor com mais precisão.

Institutos se explicam
Segundo o diretor do instituto Sensus, Ricardo Guedes, o ambiente político com alta velocidade de mudança de opinião, o declínio acentuado da imagem de Marina e o aumento das intenções de voto em Aécio contribuíram para um cenário mais complicado para a antecipação das tendências pelas pesquisas.

Para Mauro Paulino, diretor-geral do Datafolha, grande parte do eleitorado muda de ideia na hora do voto, porque sociedade está mais amadurecida politicamente. Ele destacou que pesquisas de intenção de voto mostram tendências e não têm a pretensão de apontar resultados.

“Ultrapassagem de Aécio sobre Marina começou no final da semana passada e se concretizou no dia da eleição”, disse. Paulino afirmou que mudanças na metodologia dos levantamentos não estão previstas no curto prazo.

Já Marcia Cavallari, diretora executiva do Ibope, disse que apesar dos institutos de pesquisas terem “subestimado” a votação de candidato peessedebista, o resultado confirmou as tendências que estavam sendo apontadas.

“Eleitor continua seu processo de decisão até entrar na cabine e apertar o botão de ‘confirma’”, explicou, acrescentando que o Ibope não pensa em mudar a metodologia. “O que levou a uma certa discrepância foi decisão tardia do eleitor; pesquisas não captaram a velocidade das mudanças porque algumas foram brutais”, concluiu.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.