Datafolha: 55% veem responsabilidade de Bolsonaro sobre ataques em Brasília

Segundo levantamento, 93% da população brasileira condena as invasões ao Palácio do Planalto, ao Congresso Nacional e ao Supremo Tribunal Federal

Marcos Mortari

Manifestantes bolsonaristas invadem o Congresso Nacional na cidade de Brasília, no dia 8 de janeiro de 2023 (Foto: MATHEUS W ALVES/FUTURA PRESS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO)

Publicidade

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) é considerado responsável pelos atos golpistas que culminaram na invasão e na depredação da sede dos Três Poderes, em Brasília, no último domingo (8), por 55% da população. É o que mostra pesquisa realizada pelo instituto Datafolha, divulgada nesta quinta-feira (12) pelo jornal Folha de S.Paulo.

Segundo o levantamento, realizado entre os dias 10 e 11 de janeiro, 38% dos brasileiros acham que Bolsonaro teve muita responsabilidade sobre o episódio, enquanto 17% avaliam que teve um pouco. Outros 39% não enxergam nenhuma responsabilidade e 6% não responderam.

O Datafolha também mostrou que 93% dos entrevistados condenam os ataques ao Palácio do Planalto, ao Congresso Nacional e ao Supremo Tribunal Federal (STF). Outros 3% são favoráveis aos episódios, 2% disseram que são indiferentes e 1% não souberam opinar.

Masterclass

O Poder da Renda Fixa Turbo

Aprenda na prática como aumentar o seu patrimônio com rentabilidade, simplicidade e segurança (e ainda ganhe 02 presentes do InfoMoney)

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Para 46%, todos os envolvidos devem ser presos, enquanto 15% acham que a maioria deveria ir para a prisão e outros 26% acreditam que apenas alguns deveriam sofrer essa consequência. Para 9% ninguém deveria estar detido, e 4% não souberam responder.

Em relação à aplicação da lei aos golpistas, 77% dos brasileiros acreditam que serão punidos, sendo que 42% esperam uma pena dura e 35% esperam uma pena mais branda. Outros 17% acreditam que nada vai acontecer com aqueles que foram identificados e presos, e 6% preferiram não opinar.

O ataque às sedes dos Três Poderes é um episódio sem precedentes na história da Nova República, período após o fim da ditadura militar em 1985. Foram quebradas instalações dos três edifícios, além de móveis, obras de arte e objetos históricos. Alguns itens também foram roubados. Cerca de 1 mil pessoas já foram presas.

Continua depois da publicidade

Na noite de domingo, algumas horas após os atos protagonizado por apoiadores, Bolsonaro disse pelas redes sociais que “manifestações pacíficas, na forma da lei, fazem parte da democracia”, mas “depredações e invasões de prédios públicos como ocorridos no dia de hoje, assim como os praticados pela esquerda em 2013 e 2017, fogem à regra”.

O ex-presidente também voltou a afirmar que, durante os quatro anos de sua gestão, “sempre” esteve “dentro das quatro linhas da Constituição”, e criticou o que chamou de acusações “sem provas” atribuídas por seu sucessor, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Nos últimos dias, Lula e aliados têm sustentado que a postura de Bolsonaro – que não reconheceu explicitamente a vitória do adversário na disputa e silenciou após a derrota – teve influência sobre os atos golpistas ocorridos domingo em Brasília.

Continua depois da publicidade

Segundo o Datafolha, 45% das pessoas concordam com a afirmação de Lula de que Bolsonaro estimulou os atos violentos, sendo que 34% concordam totalmente e 11% o fazem em parte.  Outros 31% divergem totalmente e 14% discordam em parte. Os 10% restantes se dividem entre os que preferiram não responder e aqueles que disseram não concordar nem discordar.

Apesar de uma maioria atribuir alguma responsabilidade pelos atos a Bolsonaro, 80% dizem que não mudaram de opinião acerca do ex-presidente. Outros 11% dizem que suas opiniões sobre ele mudaram para pior, enquanto 5% para melhor. Os 4% restantes não souberam responder.

Segundo a pesquisa, apenas 2% dos entrevistados disseram participar de algum grupo de apoio a Bolsonaro nos aplicativos de trocas de mensagens WhatsApp ou Telegram. Essas plataformas foram amplamente utilizadas pela campanha eleitoral do agora ex-presidente.

Publicidade

O levantamento também mostra que 64% dos brasileiros acreditam que o governo Lula irá conter qualquer escalada nas manifestações golpistas, enquanto 29% pensam o contrário e 6% não souberam responder. A crença na capacidade de controle dos atos por Lula chega a 87% entre eleitores que dizem ter votado nele em outubro de 2022, enquanto fica em 36% entre aqueles que votaram em Bolsonaro.

O processo de intervenção federal sobre a segurança pública do Distrito Federal, processo definido por decreto editado por Lula no próprio domingo e aprovado pelas duas casas do Congresso Nacional nesta semana, é apoiado por 82% dos entrevistados. Para 14%, o atual presidente agiu mal no incidente.

Em relação ao afastamento de Ibaneis Rocha (MDB) do governo do DF por 90 dias, decidido pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, e posteriormente avalizado pelo plenário da Corte, o apoio da população cai para 60%, enquanto 32% consideram o movimento equivocado.

Continua depois da publicidade

O Datafolha ouviu 1.214 pessoas espalhadas pelo país, em uma amostra representativa da população brasileira apta a votar. As entrevistas foram feitas por telefone, com ligações para aparelhos celulares, usados por cerca de 90% da população. A margem de erro máxima é de 3 pontos percentuais para cima ou para baixo.

Newsletter

Infomorning

Receba no seu e-mail logo pela manhã as notícias que vão mexer com os mercados, com os seus investimentos e o seu bolso durante o dia

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.