Cunha na presidência da Câmara é obstáculo para impeachment de Dilma, diz analista

Segundo o analista político da MCM Consultores Ricardo Ribeiro, denúncias contra o presidente da Câmara diminuem força política e legitimidade para a condução do processo

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Ao mesmo tempo peça-chave para pedir o impeachment da presidente Dilma Rousseff, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), encontra-se no “olho do furacão”, o que pode dificultar o prosseguimento do processo contra Dilma. Esta é a análise do analista política da MCM Consultores, Ricardo Ribeiro. 

Segundo ele, em meio a tantas questões sobre se haverá ou não a abertura do processo de impeachment, ter Cunha na presidência da Câmara é um obstáculo para o impeachment, mesmo com a estratégia da oposição para tanto. 

Vale ressaltar que, hoje, o líder da Câmara se pronunciou sobre o assunto. Ele afirmou que vai continuar apreciando pedidos de impeachment e acredita que concluirá esse trabalho em 10 ou 15 dias.

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O que se fala sobre o andamento do processo é de que haveria um “script” da oposição para o processo. O presidente da Câmara dos deputados rejeitaria os pedidos de impeachment e, então, deputados da Frente Pró-Impeachment recorreriam ao plenário para votar pela admissibilidade do impeachment, o primeiro passo para o afastamento de um presidente. Depois disso, o processo passaria a ser apreciado por todos os parlamentares. Como o voto é aberto, até parlamentares da oposição que são contra o impeachment se veriam obrigados a votar a favor. 

Ribeiro avalia que, com tantas denúncias o envolvendo, o presidente da Câmara carece de legitimidade para guiar o pedido de impeachment. A questão, assim, passa a ser mais essa do que a própria vontade de Cunha de querer conduzir ou não o pedido. Vale ressaltar que, hoje, o deputado se pronunciou ao afirmar que, em dez ou quinze dias, deve definir todas as decisões sobre os pedidos. 

Conforme destacou a mesma MCM em relatório de agosto, Cunha ainda pode se manter por mais algum tempo como presidente da Câmara. Contudo, ele perderá, de pronto, a capacidade de ação política que, aliás, já perdeu. “Aquele Cunha que, surfando nas maiorias potencialmente preexistentes, mas não organizadas, articulou a reforma política, a redução da maioridade penal, a PEC da Bengala, não existe mais”, afirmou a consultoria em relatório. 

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Hoje, a Procuradoria-Geral da Suíça informou que um banco suíço foi o responsável por levantar suspeitas contra o presidente da Câmara. A Procuradoria disse que recebeu em abril um relatório o sobre “lavagem de dinheiro” de um banco no país que se referia ao presidente da Câmara dos deputados. Com isso, levantam-se ainda mais suspeitas contra Cunha no âmbito da Operação Lava Jato. Nesta semana, o empresário e lobista ligado ao PMDB, João Henriques, afirmou à Polícia Federal que abriu uma conta na Suíça para pagar propina ao presidente da Câmara dos Deputados. A transferência está relacionada a um contrato da Petrobras (PETR3PETR4) para a compra de um campo de exploração em Benin, na África. 

Além disso, diz Ribeiro, com a reforma ministerial que deu mais espaços para o PMDB, o partido deve dar um fôlego para a presidente, pelo menos frente aos peemedebistas. Porém, ele avalia: “a reforma ministerial não é uma proteção”. Isso porque a Operação Lava Jato segue sendo um fator de risco e a situação econômica deve piorar um pouco antes de voltar a melhorar, sendo estes fatores de pressão para a presidente.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.