Crise no PSDB tem novo capítulo e ala pró-Temer vai para tudo ou nada: “PT agradece”, diz consultoria

Neste fim de semana, a  Executiva do partido em São Paulo criticou e manifestou "desconforto" em relação aos encontros entre Aécio e Temer - deputados de ala pró-Temer ameaçam sair do partido por conta de divergências com o presidente interino, Tasso Jereissati

Lara Rizério

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SÃO PAULO – A crise no ninho tucano parece se agravar a cada dia. Desta vez, o alvo da polêmica foi a reunião na última sexta-feira entre o presidente Michel Temer e o senador Aécio Neves (PSDB-MG), após a propaganda partidária veiculada na quinta-feira rachar o PSDB (veja mais clicando aqui). No último domingo, a Executiva do partido em São Paulo criticou e manifestou “desconforto” em relação aos encontros entre os dois.  “A presença de Aécio Neves hoje, em reuniões internas ou públicas, só nos causa desconforto e embaraços. Prove sua inocência, senador, e aí sim retorne ao partido”, afirmou o diretório paulista, acrescentando que o senador Tasso Jereissati, presidente em exercício da sigla, é quem pode falar em nome do PSDB.

Segundo o blog de Andréia Sadi, no G1, Temer teve encontro com Aécio na sexta para esvaziar o poder de Tasso, que defende saída do PSDB do governo. Contudo, Temer afirmou pelo Twitter que não interfere em assuntos de outros partidos e que se reuniu com o parlamentar para tratar sobre a situação da Cemig. “Senadores tratam dos assuntos de interesse de seu Estado. Nada mais normal. Teorias da conspiração são assunto de quem não tem o que fazer”, disse o presidente. O governo pretende realizar um leilão de quatro usinas hidrelétricas da Cemig, que estão com concessões vencidas. Temer também reforçou que não entra em assuntos internos de outras legendas. “Não o fiz, nem o faria em relação ao PSDB”.

Neste cenário de crise do partido, a coluna Painel, da Folha de S. Paulo, informa que a ala do PSDB que defende o apoio ao governo Temer quer a saída de Tasso Jereissati (CE) da presidência interina da sigla até o fim desta semana e vai partir para o tudo ou nada. Diz que, se Aécio Neves não encontrar um substituto, o PSDB vai perder deputados. Entre os que ameaçam deixar a sigla estão quadros históricos e fundadores da legenda e ao menos dez parlamentares estariam dispostos a sair se o cearense continuar no cargo. 

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De acordo com o jornal, a ala anti-Tasso fará reunião na noite desta segunda (21), em Brasília, para comunicar Aécio sobre sua posição. Dois governadores foram chamados: Marconi Perillo (GO) e Reinaldo Azambuja (MS). E, com a sigla dividida, o grupo que apoia Tasso também promete reagir a uma eventual deposição. De qualquer forma, o desfecho deixará uma fratura exposta, aponta a publicação. 

De acordo com a coluna Painel, a gota d’água do impasse tucano foi a publicação de um cronograma das convenções do partido. Tasso tinha dito que só oficializaria o calendário após discussão com os vices-presidentes, mas fez o anúncio na sexta (18). A convenção tucana foi marcada para 9 de dezembro tendo, na pauta, as escolhas do novo presidente e do candidato tucano à eleição presidencial de 2018. Se houver mais de um candidato presidencial, haverá prévias, provavelmente em fevereiro.

Em meio a esse cenário, a LCA Consultores destacou o conflito dentro do PSDB em nota de análise, com ênfase no programa partidário exibido na quinta-feira. Conforme aponta a consultoria, é compreensível a tentativa de Tasso Jereissati e do marqueteiro responsável pelo programa de diferenciar o PSDB do desgastado sistema político partidário brasileiro. Contudo, afirma, a mensagem somente poderia ser minimante convincente se o PSDB tivesse de fato afastado Aécio Neves da presidência da agremiação e rompido com o governo Temer. “Como não fez nem uma coisa nem outra, a penitência do PSDB no rádio e na televisão soou contraditória e pueril. Serviu apenas para acirrar as desavenças domésticas tucanas. O PT agradece”, conclui. 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.