Crise na África e Oriente Médio levará a estagnação econômica, diz Pimco

Para CEO da gestora, efeito sistêmico deve provocar alta do petróleo e criar aversão ao risco no mercado acionário

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SÃO PAULO – Países outrora pouco relevantes no ambiente econômico, como Egito e Tunísia, estão ganhando espaço nas análises de investimentos e leitura de mercado, porém por motivos pouco convencionais. A crise que atingiu alguns países do Oriente Médio e do norte da África preocupa os analistas e, segundo Mohamed El-Erian, diretor-executivo da Pimco (Pacific Investment Management Company), no curto prazo a situação deve revelar um estado de estagflação.

Apesar de Egito e Tunísia não serem considerados grandes potências econômicas, não apresentarem dívidas significativas com bancos ocidentais e não serem expressivos na exportação de commodities, a efervescência política da região assusta o mercado, principalmente porque o risco de contágio a demais países é grande e é factível. A instabilidade política nesses países parece ter migrado para as demais regiões, onde os governos locais aplicam a força para reprimir as manifestações públicas.

Os protestos, que culminaram em atos de violência, se espalharam da Argélia ao Marrocos na parte oeste e do Bahrein ao Iêmem na parte leste, pressionando importantes setores, como é o caso do petróleo.

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Petróleo em alta
A situação degringolou quando as manifestações alcançaram a Líbia, após uma série de protestos no país contra o regime de governo de Muammar Khaddafi, que está no poder há mais de 42 anos. Uma onda de ataques aos cidadãos que tomaram as ruas acabou com a morte de 200 pessoas. Vale lembrar que a Líbia é o oitavo maior produtor de petróleo dentro da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) e a situação pressionou a commodity, que voltou a registrar fortes altas.

Para o diretor-executivo da gestora de recursos, com o agravamento da situação, a tendência é que as cotações da commodity sejam pressionadas para cima, devido às incertezas em relação ao suprimento do óleo no mercado internacional, uma vez que a possibilidade de interrupção na produção de petróleo não está afastada.

Mesmo após a renúncia do presidente do Egito, Hosni Mubarak, o país inspira cuidados e atenção. Sua posição geopolítica é de extrema importância para o petróleo, em decorrência do Canal de Suez. Aproximadamente 2,5% da produção global de óleo escoa pelos dutos do Canal para ser exportada e qualquer paralisação teria profundas consequências para o mercado global. Cabe ressaltar que a preocupação com o Canal aumentou após a sinalização de que dois navios de guerra, partindo do Irã, poderiam atravessá-lo rumo à Síria.

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Dificuldade a curto prazo…
Na leitura de El-Erian, no curto prazo a situação econômica será de estagflação, influenciada por três motivos. Em primeiro lugar, a elevação dos preços do petróleo deve causar aumento nos custos de produção, servindo como um imposto ao consumidor. Ainda pior, a alta do petróleo deve causar uma aversão ao risco nos mercados de ações e de crédito.

Em segundo lugar, essa onda de “precaução” devido às instabilidades políticas provocará maior pressão sobre as commodities, agravando o impacto nos desequilíbrios entre oferta e demanda, além de provocar vultuosas injeções de liquidez. Por fim, a região que é palco dos conflitos tende a se tornar um mercado muito pequeno para a exportação de outros países. Ou seja, a situação de conflito no Oriente Médio e no norte da África afeta substancialmente os países ocidentais.

Porém, na visão da gestora, o poder de ação dos países ocidentais nessa realidade é limitado. Na melhor das hipóteses, eles apenas conseguirão intervir para ofuscar a violência na região, mas os efeitos econômicos estão fora de alcance. Os Estados Unidos e a Europa podem tentar agir no Egito e na Tunísia pós-revolucinários, onde eles têm maior probabilidade de conseguir apoiar a caminhada pacífica rumo à democracia. 

Para as grandes economias ocidentais, após os efeitos negativos da crise financeira global, há pouco espaço para estímulos adicionais na demanda. O diretor-executivo da Pimco avalia que alguns desses países já entraram em processo de consolidação fiscal e para os que não entraram é apenas “uma questão de tempo”. Adicionalmente, as evidências recentes de pressão inflacionária já começaram a influenciar a direção e o discurso de alguns Bancos Centrais.

… mas estabilidade a longo prazo
Apesar dos ventos ruins que afetam a economia mundial, a estabilidade deve triunfar no longo prazo. Para El-Erian, a tendência de bonança ao passar do tempo já faz parte do sentimento do mercado. O diretor-executivo ainda brinca que, depois de tudo, democracia e liberdades individuais são os principais drivers da prosperidade.

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