Criador do termo BRICs dá dica para Brasil impulsionar economia: “ganhe a Copa”

Jim O'Neill afirma que, caso vença a Copa do Mundo, o Brasil pode ganhar mais confiança para fazer reformas; mas pondera, nem sempre isso é regra

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Muitas casas de análise já destacam que a Copa do Mundo não deve gerar os dividendos tão proclamados pelo governo para a economia brasileira. Além disso, há quem até aponte que os efeitos do maior evento esportivo do mundo podem ser até negativos, dada a forte dívida para financiar toda a infraestrutura, que deve se refletir em um crescimento ainda mais lento do País mais à frente. 

Contudo, em artigo para a agência de notícias Bloomberg, o criador do termo BRICs (Brasil, Rússia, Índia e China) e ex-presidente do Conselho do Goldman Sachs Jim O’Neill destacou como a economia da Copa do Mundo poderia impulsionar o Brasil, fazendo paralelos entre os vencedores do torneio e o desempenho econômico destes países.

O’Neill destaca que as vitórias da Copa do Mundo são  eventos tão importantes que são conhecidas pelos estalos que dão às economias, especialmente quando o país sede ganha. Neste cenário, o Brasil pode alegar ser o País mais bem-sucedido do futebol, aponta, e possui uma boa chance de conquistar o sexto título neste ano. “E o Brasil também tem uma economia problemática, que pode ser levantada por outra grande vitória, ou esmagada emocionalmente por uma derrota”. 

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Neste cenário, a solução sugerida por O’Neill para que o Brasil veja a sua economia voltar a emergir é “simples”: que o Brasil ganhe a Copa. O economista destaca que falta algo para agitar novamente o “B dos BRICs”, uma vez que o País não pode mais contar com o surto de commodities da década passada, além do fato da presidente Dilma Rousseff não ser mais tão popular quanto antes e o governo intervir continuamente no setor privado.

O’Neill aponta que o investimento privado é crucial para que o Brasil cresça os 4% a 5% de que é capaz, mas reformas exigem confiança da população e capital político. “Uma vitória na Copa do Mundo poderia oferecer um pouco de ambos”, afirma.

O economista pondera ao afirmar que o triunfo na Copa do Mundo não se traduz necessariamente em sucesso econômico, uma vez que o evento pode ter ramificações não previsíveis. Ele afirma que visitará o Brasil neste ano, assim como faz em algum momento da Copa do Mundo desde 1994 e ressalta que, entre outras coisas, este é um momento para que os países sede exibam seus atrativos para os investidores externos e essa impressão pode perdurar.

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Expectativa X realidade
Mas, traçando alguns paralelos com os países sede e os últimos vencedores de Copa, os resultados podem ser diferentes do esperado em termos econômicos. O’Neill afirma que, embora houvesse uma grande expectativa de que a Copa do Mundo de 2002 ativaria a economia da Coreia do Sul – um dos países-sede em conjunto com o Japão – não houve muito indícios posteriormente de que a atividade foi impulsionada após o evento. Já a vitória da França em 1998 deveria ter sido um precursor para que ela ressurgisse, o que não aconteceu.

A Alemanha tem sido um sucesso econômico relativo desde que sediou a Copa em 2006, mas a suposta mudança cultural para uma perspectiva mais internacional, proporcional à sua força econômica, também não aconteceu”, afirma O’Neill. Já a África do Sul de 2010, quando foi sede da Copa, parece estar bem menos atrativa atualmente, e a África subsaariana desperta mais interesse.

O’Neill faz suas apostas para a Copa, afirmando que, além do Brasil, os favoritos da vez são a Argentina, a Alemanha e a Espanha, nesta ordem. E que, dos quatro, provavelmente a Argentina e a Espanha precisem de uma vitória ainda mais que o Brasil, “em termos de esperança de uma recuperação econômica”. 

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O economista também cita o caso da Espanha, ganhadora da última Copa, e avalia que nem sempre o êxito no futebol se traduz na economia.  Por outro lado, quatro anos depois, existem indícios de que o país esteja se revitalizando e até mesmo pode surpreender os investidores nos próximos anos. 

Dentre os europeus, O’Neill lembra que nenhum deles já ganhou uma Copa sediada na América Latina. Mas, a Alemanha pode contrariar a regra, podendo até mesmo ficar espiritualmente engrandecida pela experiência e carregar o ônus da liderança europeia. “Uma vez a cada quatro anos, você pode sonhar” finalizou. 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.