Cresce risco de fracasso com nomeação de Eduardo Bolsonaro para embaixada nos EUA, dizem analistas

Levantamento do InfoMoney mostra que, entre as casas de análise de risco político as apostas em vitória do governo neste front caíram de 33% para 8% em um mês

Marcos Mortari

(Lucio Bernardo Junior/ Câmara dos Deputados)

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SÃO PAULO – Uma das próximas batalhas a serem enfrentadas pelo governo no parlamento, a nomeação do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente Jair Bolsonaro, para a embaixada brasileira em Washington (EUA) enfrenta um clima mais adverso para sua efetivação em comparação com semanas atrás.

Essa é a avaliação dos analistas políticos consultados na oitava edição do Barômetro do Poder, iniciativa do InfoMoney que compila mensalmente as avaliações e projeções das principais casas de análise de risco político em atividade no Brasil. O estudo foi realizado entre os dias 19 e 21 de agosto.

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Segundo o levantamento, entre julho e agosto, caíram de 33% para 8% as avaliações dos especialistas de que são altas as chances do presidente conseguir emplacar o nome do filho em um dos postos mais cobiçados da diplomacia nacional. Por outro lado, o grupo dos que veem como baixa essa possibilidade saltou de 13% para 31% no mesmo comparativo. A maioria (62%) vê como moderada tal probabilidade. Em julho, eram 40%.

A indicação de Eduardo Bolsonaro para a embaixada do Brasil nos Estados Unidos precisa passar por deliberação da Comissão de Relações Exteriores e pelo plenário do Senado Federal para passar a valer. Em ambos os casos, a votação é secreta e é exigido apoio da maioria dos presentes.

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O clima piorou desde que veio a público um parecer da consultoria do Senado Federal que classifica como nepotismo o movimento. No documento, os técnicos argumentam que o cargo de chefe de missão diplomática é um posto comissionado comum. Neste caso, seria vedada a nomeação de parentes pelo chefe do Poder Executivo, conforme determina decreto de 2010 e uma decisão do Supremo Tribunal Federal de 2008.

A polêmica envolvendo a decisão fez com que o presidente Jair Bolsonaro admitisse, pela primeira vez, a possibilidade de recuar da nomeação se perceber que não conta com votos suficientes. “Você, por exemplo, está noivo. A noiva é virgem. Vai que você descobre que ela está grávida. Você desiste do casamento? Na política, tudo é possível. Eu não quero submeter o meu filho a um fracasso. Acho que ele tem competência. Tudo pode acontecer”, afirmou na última terça-feira (20).

Apesar da mudança de perspectivas, um dos analistas consultados pelo Barômetro do Poder acredita em um acordo entre governo e parlamentares. “Os senadores devem impor uma renegociação benéfica aos Estados no Pacto Federativo / Plano Mansueto para, em troca, aprovar a nomeação de Eduardo Bolsonaro para a embaixada”, pontua.

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Amazônia em chamas contamina debate
A crise de proporções globais envolvendo o governo brasileiro com os incêndios na Amazônia, porém, traz novos complicadores para esta equação. Após uma série de líderes globais se manifestarem sobre o tema, nesta sexta-feira (23) uma autoridade do governo norte-americano expressou preocupação com o número recorde de queimadas, em entrevista à agência de notícias Reuters.

O filho 03 do presidente chegou a compartilhar, em seu perfil nas redes sociais, um vídeo em que o presidente da Fança, Emanuel Macron, é chamado de “completo idiota”. O líder francês classificou os incêndios na Amazônia como “criminosos” e convocou integrantes do G7 a discutirem o assunto em reunião de cúpula que começa no sábado.

Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.