CPI da Pandemia: Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan, presta depoimento; acompanhe

Na oitiva, senadores deverão focar na relação, por vezes conflituosa, entre o Butantan e o governo federal e na produção da vacina contra a Covid-19

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia recebe, nesta quinta-feira (27), o diretor do Instituto Butantan, para depor como testemunha ao colegiado. A oitiva está marcada para as 9h (horário de Brasília). Acompanhe ao vivo pelo vídeo acima.

O Instituto Butantan é o primeiro centro a fornecer vacina contra a Covid-19 à população brasileira e até hoje a Coronavac é o imunizante mais aplicado no país contra a doença. A primeira aplicação no país foi feita em 17 de janeiro.

A realização da oitiva atende a requerimento de autoria do senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), que trata sobretudo da atuação da instituição desde o início da pandemia, especialmente com relação à produção de vacinas.

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Um dos focos dos senadores deverá ser a relação, por vezes conflituosa, entre o Butantan e o governo federal.

A vacina produzida em parceria com o laboratório chinês Sinovac foi alvo de disputa política entre o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o governador de São Paulo, João Doria (PSDB). O Butantan é ligado ao governo paulista, mas também recebe verbas federais.

Apesar de aliados nas eleições de 2018, Bolsonaro e Doria romperam relações no ano seguinte e são vistos como possíveis adversários na próxima corrida presidencial. E o imunizante passou a ser um dos objetos desta disputa.

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De um lado, o tucano apostava na vacina para conquistar popularidade – o que até o momento não ocorreu da forma desejada, apesar de a Coronavac ser a mais aplicada no país.

Do outro, Bolsonaro por diversas vezes deu declarações críticas ao imunizante, sua credibilidade e eficácia – que pode chegar a 62,3%, segundo estudo.

Na semana passada, o ex-ministro Eduardo Pazuello disse à comissão que Bolsonaro nunca pediu que qualquer contrato com o Butantan fosse desfeito, embora tenha dado declarações públicas nesse sentido em outubro do ano passado.

“Nunca falou para que eu não comprasse um ai do Butantan. Ele falou publicamente. Para o ministério, para mim, nunca. Até porque não tinha comprado nada. Ele não me deu ordem para comprar nada. Uma postagem na internet não é uma ordem”, afirmou o general sob contestações de parlamentares.

Dimas Covas é a décima testemunha ouvida pela comissão parlamentar de inquérito, criada para investigar ações e omissões do governo federal no enfrentamento da pandemia e desvio de verbas federais enviadas a estados e municípios.

Antes dele, o colegiado já recebeu os ex-ministros da Saúde Luiz Henrique Mandetta, Nelson Teich e Eduardo Pazuello; o atual titular da pasta, Marcelo Queiroga; o diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antonio Barra Torres; o ex-secretário de Comunicação da Presidência da República Fabio Wajngarten; o gerente-geral da Pfizer na América Latina, Carlos Murillo; o ex-ministro de Relações Exteriores Ernesto Araújo; e a secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro.

Acordo de colaboração

Professor titular de Medicina Clínica da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo, Dimas Covas está à frente do Instituto Butantan desde 2017. Em junho de 2020, foi o responsável pelo acordo de colaboração firmado com a farmacêutica chinesa para o desenvolvimento clínico do imunizante anticovid.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou a aplicação da CoronaVac no Brasil com base em resultados dos testes e estudos clínicos que começaram em julho de 2020 em seis estados e no Distrito Federal.

De acordo com o Instituto Butantan, os resultados do estudo da fase 3 mostraram que nos casos graves e moderados a eficácia da CoronaVac é de 100%. Para os casos leves, 78% e, nos muito leves, 50,38%.

Até meados de maio, cerca de 70% das doses contra a covid-19 aplicadas no Brasil eram da vacina CoronaVac. Recentemente, o Instituto Butantan paralisou o envase do imunizante no país por falta de matéria-prima importada da China: o ingrediente farmacêutico ativo (IFA).

Crise diplomática

Nesta terça-feira (25), o Butantan recebeu 3 mil litros do insumo chinês para a produção de mais 5 milhões de doses. A fabricação do imunizante havia sido interrompida na semana passada por falta de matéria prima. Cidades de ao menos 18 estados chegaram a interromper a vacinação com a segunda dose por falta do imunizante.

O atraso no recebimento do insumo chegou a ser justificado por Dimas Covas por entraves diplomáticos do Brasil com a China, diante de declarações de Bolsonaro. “Claramente tem aí mudanças que não são mudanças de produção do Sinovac, mas sim consequências da falta de alinhamento do governo federal”, disse três semanas atrás.

Na CPI, senadores apontam que crises diplomáticas com a China, provocadas por declarações presidenciais, estão prejudicando o envio do IFA e atrasando a produção da vacina no país. Este deve ser um dos eixos da oitiva desta quinta-feira.

Ouvido pela CPI na semana passada, o ex-ministro Ernesto Araújo (Relações Exteriores) negou que a condução da diplomacia brasileira durante sua gestão tenha prejudicado a aquisição de vacinas e insumos, especialmente os provenientes da China.

A senadora Kátia Abreu (PP-TO) afirmou que o ex-chanceler deixou de fazer referência, durante o depoimento, às citações anteriormente publicadas em blogs e redes sociais contra a China e o governo chinês.

ButanVac

O Instituto Butantan também trabalha no desenvolvimento de uma nova vacina contra a covid-19: a ButanVac. A produção desse imunizante deverá ser feita totalmente no Brasil, a partir de uma tecnologia que trabalha a inoculação do vírus em ovos embrionados de galinhas.

Nessa segunda-feira (24), o instituto enviou à Anvisa mais uma remessa de informações sobre o início dos testes em humanos com a ButanVac. Ainda não há previsão para o início da imunização com essa vacina no país.

(com Agência Senado)

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